𝐎𝐩𝐩𝐨𝐬𝐢𝐭𝐞 𝐇𝐞𝐚𝐫𝐭𝐬 『 𝗡𝗔𝗥𝗨𝗛𝗜𝗡𝗔 』

✧ 26 ✧

Mas eu ateei fogo à chuva
A assisti cair enquanto eu tocava seu rosto
Bem, ela queimava enquanto eu chorava
Porque eu a ouvia gritando seu nome
Seu nome
Quando eu deitava com você
Eu poderia permanecer lá, fechar os olhos
Sentir você aqui para sempre
Você e eu juntos, nada é melhor
— Set Fire To Rain; Adele

O campo aberto repleto de verde por conta da grama macia era extremamente confortável. De uma maneira surpreendente não sentia suas pernas coçando, muito pelo contrário, estar sentada ali sentindo a brisa fresca levar seus fios escuros na direção contrária tornava tudo ainda melhor.

Mas de um modo estranho, o céu mudava de cor constantemente. Num momento havia muito azul, sem nenhuma nuvem à vista no horizonte, até mesmo a ausência do sol certamente se tornou inexplicável para si, porém conseguia ver nitidamente que era dia. Contudo, de um segundo para o outro, a imensidão azul sumia dando lugar a variações de um cinza melancólico e triste, repleto de nuvens carregadas que vez ou outra derramavam água. Chovendo.

Quando isso acontecia, ela sentia que havia algo de diferente, não era uma chuva comum, porque exalava sentimentos intensos demais, fazendo seu coração comprimir no peito. Uma tristeza avassaladora preenchia seu âmago, fazendo-o se contorcer em agonia sobrepujante.

Ainda assim, gostava daquele lugar, pois apesar da intensidade dos sentimentos que variavam de acordo com o clima, tinha paz ali. Conseguia ficar de mente vazia, sem se preocupar com nada além de respirar tranquilamente. Ficava praticamente o tempo inteiro deitada, observando o silêncio.

Principalmente quando passava horas a fio observando o lírio. Isso sim a intrigava mais do que tudo.

Não sabia ao certo o tempo exato que estava naquele campo, porém desde que entrou ali aquela flor linda e delicada se manchava cada vez mais do vermelho intenso e escuro. Se lembrava perfeitamente de tê-lo visto tão alvo quanto a neve, algo que foi mudando com o tempo. A flor estava cada vez mais pigmentada, a ponto do vermelho começar a pingar na grama também.

Por que isso estaria acontecendo? Alguém estaria pintando? Trazendo uma perspectiva sobre a flor? De certa forma, isso parecia interessante. Só que ela gostava muito do lírio branquinho como sempre gostou de cuidar.

Aliás, por qual motivo parou de fazer isso? Lembrava-se de que amava cuidar do jardim da sua casa depois de passar muito tempo treinando. As empregadas da sua casa a ajudavam sempre que podiam, fazendo adubo e ajudando-a cuidar das várias flores que plantou. Sua favorita sempre foi o lírio, porque achava muito lindo. Mas parando pra pensar, nunca soube o que aquela flor bonita representava. Teria ela um simbolismo? Queria muito saber disso.

De repente, uma ventania forte começou, de um modo que nunca sentiu antes estando ali. Tentou se sentar na grama, todavia não teve êxito nisso, todo o seu corpo já não parecia mais responder aos seus comandos.

E foi assim, se deixando levar por aquele breu que surgia cada vez mais, vozes distantes começaram a tomar forma, vozes essas bastante familiares para si. Mais uma vez, quis se mexer, porém parecia cansada demais para isso, dormente.

Então, tudo se apagou.

❆

Havia uma luz forte sobre si, fazendo-a querer fechar os olhos por tamanha intensidade. Sabia que tentou chamar por Naruto, mas sua garganta parecia mais seca que o deserto, além da voz fraca e extremamente rouca. A sensação de dormência no corpo se esvai aos poucos, conseguindo discernir cada parte novamente dos membros novamente, de uma maneira lenta e gradativa.

— Hinata? – alguém lhe chamou, uma voz que não conhecia.

Sua cabeça então começou a doer e sua vista embaçou à medida que tentava abrir os olhos. As pálpebras pareciam pesadas, coladas com uma super cola, pois tinha dificuldade de abri-las.