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Debaixo do nosso sangue ruim
Nós ainda temos um santuário
Lar, ainda é um lar, ainda é um lar aqui
Não é tarde demais para reconstruir ele
Porque uma chance em um milhão
Ainda é uma chance, ainda é uma chance
E eu prefiro apostar nessa chance
Train Wreck; James Arthur

Teve uma noite mal dormida, porque a ansiedade lhe corroía nas veias. Insistiu com a mãe para passar a noite com Hinata mesmo que no dia seguinte fosse o primeiro que iria retornar ao colégio, mas ele não queria fazer isso sem a Hyuuga, pois seria o atestado de que infelizmente, sua namorada estava em coma naquele hospital.

Naruto jantou no refeitório do prédio, passou em casa apenas para tomar um banho e pegar sua mochila, retornando com seu carro para o hospital já que iria dali para as aulas.

Passou boa tarde da madrugada acordado, vendo como os machucados melhoraram desde o dia anterior, mesmo assim sempre é doloroso demais ver a imagem. Seus dedos tremiam levemente sempre que tocava nas partes não afetadas do rosto dela, desejando que através desse ato meticuloso Hinata soubesse que ele estava lá, zelando por ela enquanto descansava.

Tinha momentos também o qual passava horas falando, contando mais da sua infância, se sentindo malditamente culpado por não ter feito isso antes. Agora, rezava aos céus para que de alguma forma, isso desse forças a ela. Claro, nem mesmo pensou na possibilidade de dizer a parte triste. Suas vidas já estavam tão desgastadas, não precisava contar a ela algo que certamente causaria desamparo.

O relógio marcava quase cinco da manhã quando finalmente adormeceu, rendendo pouquíssimas horas de sono. Quando Kushina chegou para trocarem, se segurou para não dar um belo esporro no filho por vê-lo com tanta olheira. Alertou-o sobre o perigo de dirigir nesse estado, não queriam outra tragédia. Emocionada, deu um abraço de despedida breve nele, o liberando para finalmente ir.

Dentro do veículo, a mente do Uzumaki entrou em transe, o que fez ele permanecer quieto por alguns minutos, apenas olhando para a traseira do carro à sua frente, deixando ser acometido por devaneios.

Mal se passaram dois dias, porém a saudade assolava seu peito. Sentia o coração bater devagar, não encontrando um compasso certo para bombear seu sangue, que parecia ser a única função dele no momento atual.

Encostando a cabeça no banco, respirou fundo, deixando algumas lágrimas descerem por seu rosto. Faltavam apenas três meses para a conclusão do seu ensino médio e dois para o fim do campeonato.

E não a teria do seu lado, tinha tanto medo de demorar esse tempo todo para que acordasse. Como seria dali pra frente? Parecia tudo tão difícil, sentia-se incapaz de reconhecer as próprias atitudes naquele instante.

Queria ter o controle das coisas que cercam sua vida, pois se fosse assim, muitas catástrofes seriam evitadas. Mas não era assim que funcionava o universo. Na verdade, Naruto nada entendia de como eram as regras da vida, tudo parecia um enigma.

Um que doía demais.

Recuperando as forças, girou a chave na ignição, partindo rumo ao primeiro dia longe dela.

Dirigiu pelas ruas com calma, deixando que as palavras de sua mãe ecoassem na sua cabeça, fazendo um leve sorriso se abrir nos seus lábios. Permitiu que algumas lembranças boas levassem embora a energia negativa que seus pensamentos insistiam em trazer para abater seu ânimo.

Precisava ser forte. Por Hinata.

Levou pouco mais de trinta minutos para estacionar numa vaga no colégio. Ao descer, não levou nem dois segundos para que vários olhares confusos e ansiosos fossem lançados em sua direção.

𝐎𝐩𝐩𝐨𝐬𝐢𝐭𝐞 𝐇𝐞𝐚𝐫𝐭𝐬 『 𝗡𝗔𝗥𝗨𝗛𝗜𝗡𝗔  』Onde histórias criam vida. Descubra agora