𝐎𝐩𝐩𝐨𝐬𝐢𝐭𝐞 𝐇𝐞𝐚𝐫𝐭𝐬 『 𝗡𝗔𝗥𝗨𝗛𝗜𝗡𝗔 』

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⚠️ ESSE CAPÍTULO PODE CONTER GATILHOS PARA QUEM TEM ANSIEDADE OU TRAUMAS COM ABUSO SEXUAL ⚠️

Eu cansei de todas essas noites sem dormir
Eu tenho todos esses demônios em minha mente
E eles estão me assombrando até eu ter uma overdose
Me deixe ir
Preciso sair dessa gaiola em chamas
Quero encontrar a chave e fugir
Porque estou pensando demais
Eu estive pensando, pensando, pensando demais
Meu quarto parece tão pequeno
Essas paredes estão se fechando
E não tem porta, estou sem espaço
Eu estou cansada, cansada
Estou fugindo de mim mesmo
— Overthinking; Zoe Wees

Os três pares de olhos se voltaram com total descrença perante sua atitude grosseira, mal percebeu que levantou bruscamente da mesa, apenas sentia cada vez mais as paredes lhe esmagando, se movendo com força o suficiente para acabar com todo o espaço ao seu redor.

Inevitavelmente, seus olhos ganharam um brilho rápido demais, e se odiou por isso. Não queria demonstrar fraqueza na frente dele, queria ser forte, bater de frente com essa situação descabida. Contudo, Hinata já estava em prantos antes mesmo de conseguir dizer qualquer outra palavra depois.

Com o olhar, percebeu um sorriso lascivo nos lábios de Hizashi, porque ele parecia gostar da situação. O demônio segurava uma risada, pois rapidamente fez aparecer no rosto uma feição tão incrédula quanto a dos seus pais e Hanabi.

Nenhum deles notou isso, pois estavam centrados demais na atitude inexplicável de Hinata.

— Querida, o que houve? Por que está tratando seu tio dessa forma? – a voz calma de Hanako não foi capaz de tirar a mestiça da sua bolha de desgraça.

— Sinceramente, essa garota está cada vez mais desequilibrada – Hiashi murmurou desgostoso. Limpando a boca com o guardanapo, encarou sua filha do meio – Explique-se agora mesmo, Hinata.

Mas a Hyuuga se encontrava num outro plano, sua mente vagava pelo espaço tempo, presa num looping onde só conseguia sentir dor, sujeira, o vazio que perseguiu-a por tantos anos.

Uma coceira surgiu no seu braço, se alastrando rapidamente pelos seus braços e pernas, chegando ao ponto dela conseguir ver as lembranças completamente vívidas perante seus olhos.

Nenhum dos presentes, exceto Hizashi, entendia o que se passava com a garota. Permaneciam tensos esperando o momento que Hiashi provavelmente seria grosso e a mandasse subir.

As unhas de Hinata começaram a coçar seu corpo gradativamente ainda por cima da roupa, ela conseguia ver a sujeira tomando conta de cada membro, cada pequena parte onde o infeliz do seu tio a tocou.

— Minha filha, estou ficando preocupada – as mãos de Hanako se puseram a segurar o rosto da filha. Doeu na matriarca perceber o olhar vago e distante de sua menina, não sabia o que estava acontecendo e isso a matava por dentro – Amor, fala comigo.

Só que Hinata estava entorpecida. As lágrimas caíam com abundância dos olhos claros, sem sinal de soluço, um choro silencioso que nunca cessava.

Hanako via o modo que a garota se coçava, quase arrancando a própria roupa, não demoraria muito para que alguma ferida fosse feita tamanha a intensidade dos movimentos.

Os segundos seguintes foram de puro terror para a mãe e a filha mais nova, porque se viram perdidas vendo Hiashi tomar conta da situação da pior maneira possível.

Hinata saiu do seu estado catatônico sentindo o lado esquerdo do seu rosto arder. Ouviu alguém gritar, mas não sabia dizer quem foi. Apenas estava sem acreditar na audácia que o infeliz do seu genitor tenha tido tamanha coragem.