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—Desculpe te fazer vir me procurar.— tiro minhas mãos das dela e me levanto.

Coloco elas em meu bolso para disfarçar o tremor e ando até chegar em frente ao espelho, me observo e vejo Taylor se aproximar.

—Não precisa se desculpar, está tudo bem mesmo? Pode falar, eu sei melhor do que ninguém como é ter crises de ansiedade. Suas mãos estão tremendo e sua respiração está desregulada.

—Está tudo certo, de verdade, vamos voltar.— passo por ela olhando para qualquer lugar que não seja a loira.

Ouço a porta fechar atrás de mim e Taylor andar até chegar ao meu lado. Ela fica quieta pelo caminho de volta, mas assim que entra na sala, chega brincando e fazendo gracinhas para as crianças que estão no chão.

Eu paro no batente da porta e vejo os quatro juntos, Kenny, Taylor, Flora e Gracie, e aquilo aperta meu coração, sorrio de forma triste e me aproximo lentamente, ficando um pouco depois de onde os outros dois adultos se sentavam.

Kennedy fazia de tudo para chamar a atenção de Taylor e ela só queria estar presente naquele momento com as crianças, e eu apreciei muito seus esforço.

Algum tempo depois olho o relógio e vejo que estava ficando tarde. Começo a arrumar as minhas coisinhas que estavam no chão antes de falar com Flora.

—Flora, já está ficando tarde, temos que ir embora. Mamãe ainda tem coisa para fazer. Vamos?— a pequena loirinha me olhou com a carinha de cachorro que sabia que me fazia permitir tudo, mas dessa vez eu consegui resistir.— Não, meu bem, temos que ir, está bem? Você vai ver a Gracie e a tia Taylor de novo.

Ela faz que sim com a cabeça e começa a pegar os brinquedos que usou para guardar. Fiquei observando ela toda bonitinha e emburradinha organizando as coisas que usou que nem percebi os cabelos loiros que apareceram ao meu lado.

—Onde você precisa ir? Falei que disponibilizaria meu motorista para você.— ela disse normalmente.

—Não se preocupe, só pegar o metrô e já chego no mercado perto da minha casa.

—Nada disso, eu levo vocês e Flora aproveita para brincar mais com Gracie.— no início não falo nada, apenas penso em sua proposta.

—Desculpa me intrometer, mas eu vim sem carro, teria como me levar também? Pode me deixar na casa de Angelina.— eu reviro os olhos.

—Eu acho que não vai caber todo mundo, mas podemos tentar.— a loira fala sem graça.

—Tudo bem, eu aceito ir com você, mas só dessa vez, não quero que fique se incomodando comigo.— cruzo os braços e dou um leve sorriso.

—Está bem, então vamos?— ela segura na mão de Gracie e sai andando a nossa frente.

Eu não falei mais nada, apenas peguei minha filha no colo e segui a loira. De vez em quando ela olhava para trás e falava alguma coisa, mas eu estava tão fora de órbita que apenas acenava, só que não sabia o que ela estava dizendo.

Assim que chegamos no carro percebemos que não caberiam todos, apenas Taylor, mais um adulto é uma criança no colo de cada.

—Pode ir, Lina, eu me arranjo para voltar pra casa.— Kenny falou depois de um tempo em silêncio.

—Não se preocupe, eu vou de metrô, pode ir com a Taylor.—sorrio fraco e aperto Flora mais forte contra meu corpo.— Tchau, obrigada pela tarde, Swift.

—A gente se aperta aqui, Angelina, não precisa ir de metrô.

—Obrigada pela ajuda, mas o Kenny precisa mais, deve ter trabalhado muito hoje.— sorri um pouco e sai andando, deixando os dois para trás.

Aproveitei o caminho até a estação de metrô para apreciar o cair da noite que estava lindo, o céu nos tons de laranja, rosa e roxo chamaram tanto a minha atenção quanto a de Florence, que olhava para cima com os olhinhos brilhando.

Finalmente estava perto da estação de metrô e não demorou muito para que eu passasse o cartão de acesso e o automóvel chegasse na estação. O caminho foi tranquilo e rápido, uma vez que não morava muito longe do estúdio de Taylor.

...

Cheguei em casa com a pequena ao meu lado e algumas sacolas em mão, a primeira coisa que fiz foi colocá-las no chão da cozinha e me jogar no sofá junto à minha filha.

—Cansei, meu bem, hoje o dia foi bem agitado e corrido.— falei para Flora que "engatinhava" para chegar em meu colo, onde se sentou.

—Foi muito legal, eu gotei da Gracie e eu goto muito da tia Taylor. Fiquei feliz que o papai estava lá também.— ela sorria e brincava de leve com a minha blusa.

—Eu também gostei muito do dia de hoje, amorzinho.— falei enquanto fazia carinho em seus cachinhos loiros e observava seu rosto calmo.— mas vamos tomar banho para jantar e dormir, né? Já está na hora.

Ela sai de cima de mim e sai correndo para o banheiro, a única coisa que eu sei fazer é sorrir, por que apesar de tudo, no final do dia eu tinha ela ao meu lado e minha filha é a coisa mais importante da minha vida.

De repente sou retirada de meus pensamentos com uma mensagem em meu celular.

"Obrigada pelo dia de hoje, espero que agora esteja melhor, o que você acha de sairmos algum dia para eu te compensar a 'carona' que Kennedy roubou? Só eu e você, pode levar a pequena, mas gostaria que fôssemos apenas nós duas"

Eu li mas não tive coragem de responder, compensar? Ela não tinha nada para compensar. E se Kenny descobrisse que eu saí com ela sem falar nada? Falaria que eu estava traindo sua confiança por sair com a pessoa que ele está interessado? Eram tantas questões que me deixavam com dor de cabeça.

—Mamãe, você não vem não?— ouço a vozinha suave de minha filha.

—Estou indo, meu amor.

Saio andando em direção ao banheiro com um sorriso no rosto e encontro Flora sentadinha no chão com as pernas cruzadas, brincando com a gata da vizinha que de vez em quando entrava em nosso apartamento.

—Buffy, sua dona ainda não voltou do trabalho?— ela ronrona e anda por entre minhas pernas.

Logo a água do chuveiro, que cai na banheira portátil de Florence e eu mexo no celular mais um pouco antes de verificar se a temperatura estava boa.

"Você não precisa compensar nada, mas eu aceito sair com você, me avise o dia, a hora e o local! Obrigada por ser tão boa para a minha filha, ela te adora."

Envio a mensagem e sorrio para ela, que sensação estranha é essa de que é agora que tudo pode começar a dar errado?

———

Nota da autora

E se tudo realmente começar a dar errado agora?

O que estão achando?

Por favor, comentem bastante para eu saber o que estão achando, e para engajar também.

Dancing with our hands tiedOnde histórias criam vida. Descubra agora