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Meu cérebro travou assim que ela me perguntou aquilo, fazia tempo que eu não abraçava alguém que não fosse minha filha ou outras pessoas de minha família. Eu fiquei encarando Taylor sem falar nada e só percebi quando ela me tirou do transe.

—Deixa para lá, eu só pensei que...— interrompo ela.

—Pode sim, desculpa é só que eu não to acostumada, mas pode me abraçar sim.

Seu sorriso aumenta e ela vem para mais perto com os braços abertos, me apertando contra seu corpo. Passo meus braços por seus ombros e deixo minha cabeça se juntar com a sua.

Sinto uma lágrima derramar sobre minha bochecha e um soluço sair de meus lábios, eu ia começar a chorar, então apertei Taylor contra mim e enfiei meu rosto em seu pescoço.

Eu não queria fazer aquilo, mas também não queria que ela me visse chorando, e acho que ela entendeu o que eu queria transmitir, por que ela apenas passou suas mãos carinhosamente por minhas costas de cima para baixo.

—Lina, tá tudo bem, ele foi um babaca com você, e você não é nada daquilo que ele te disse. Sério, me olha aqui, por favor.— ela segura em meu rosto e seca minhas lágrimas levemente.— O que ele pensa ou deixa de pensar sobre você, não te define, de verdade, eu passei por isso e sei como é, daqui a pouco você vai entender isso e perceber que o errado é ele.

—Obrigada, Tay, eu só não aguento mais ele, nós fomos melhores amigos por muito tempo, até depois de terminarmos, mas tudo começou a desandar e ele agora é um cara totalmente desconhecido para mim.— respiro fundo e coloco um sorriso fraco no rosto.— mas eu não quero te entediar com meus assuntos e bem quero mais pensar nisso, vamos falar sobre alguma outra coisa?

—Tudo bem, a senhorita quem manda!— ela segura em minha mão com cuidado e eu a puxo para sentar no sofá.

Nos sentamos, praticamente uma do lado da outra, mas estávamos viradas de frente, e Buffy como uma boa gatinha se sentou entre nós duas e começou a ronronar pedindo por carinho.

—Ela é tão bonitinha, você disse que é da sua vizinha né?

—Sim, mas a Buffy está direto aqui em casa, ela adora brincar com Flora e ficar me pedindo carinho. Você tem gatos?

—Eu tenho 3, Meredith, Olivia e Benjamin, eles são as minhas razões, não tem nada, hoje, que eu ame mais do que eles.

—Tem foto deles? Eu amo gatos, gostaria de ter, mas temo que Buffy não venha mais caso eu tenha um meu.

—Claro que tenho, meu celular só tem foto deles!— ela se animou e pegou o celular

Ficamos ali uns 20 minutos vendo fotos e vídeos de Taylor com seus gatos, e ela me explicou sobre cada um, sobre de onde vieram os nomes deles, onde ela pegou eles e sobre o temperamento de cada um. Eu ouvi ela falar com a maior felicidade, era muito bom ouvir alguém falar sobre aquilo que ama e Taylor com certeza estava mais que animada por contar um pouco sobre seus felinos.

—Um dia te levo para conhecer eles, com certeza vão te amar, não tem como não gostarem de você.— balanço a cabeça com um sorriso no rosto.

—Eu vou adorar conhecer seus filhos, Tay.— paro um pouco e a observo— que falta de educação a minha, você aceita algo para beber ou comer?

—Não quero nada não, obrigada. Mas quero te conhecer mais, o que você gosta de fazer no seu tempo livre?

—Eu amo escrever, mas isso você já sabe, só que eu amo tudo relacionado à artes, eu desenho, escrevo, canto às vezes mas é mais por diversão, não sou boa. Eu adoro fazer piquenique a beira do lago e pedalar. E você?

—Você canta? Um dia eu vou querer ouvir.

—Você é a Taylor Swift, eu nunca vou cantar na sua frente.— ela revira os olhos e cruza os braços.

—Não é justo, você me ouve cantar mas eu não posso te ouvir cantar?

—Eu não quis ser cantora, eu escolhi ser escritora.— dou de ombros e ela ri.

—Ouch, essa me acertou em cheio, mas voltando, eu gosto de compor, ler, cozinhar, viajar. São minhas coisas favoritas, eu faço essas coisas sempre que estou em um momento ruim.

—Quem me dera poder viajar sempre que eu estiver em um momento ruim.— solto uma risada anasalada e um pouco pesarosa.— mas eu também amo cozinhar e ler, tinha esquecido de falar.

—Então temos muitas coisas em comum, que legal, nunca pensei em encontrar alguém tão parecido comigo.

—Sim!— me levanto— vou só pegar uma água, tem certeza que não quer nada?

—Vou querer uma água então, já que insiste.— ela sorri e me encara.

Toda vez que ela me encarava com um sorriso no rosto era como um soco no meu estômago que acordava umas borboletinha que estavam adormecidas há anos. Balanço a cabeça para afastar esse pensamento de minha cabeça e vou até a cozinha o mais rápido possível, recuperando o ar que eu havia prendido.

Pego dois copos e percebo que minhas mãos estão tremendo, fazendo com que eu bata o copo com um pequeno baque na bancada por conta do susto. Eu não estava acostumada a tremer por que outra pessoa está perto de mim ou está me encarando.

—Lina? Tá tudo bem?— eu não respondo por que estou focada em meus pensamentos.

Tentando não me autosabotar, não deixar que minha carência e minha dificuldade em me relacionar estraguem uma relação que era apenas amizade. Eu tinha mania de fingir que gostava de alguém e depois quebrar o coração da pessoa e o meu, por que em certo momento eu me apegaria à ela, e eu ia começar a me prometer a não fazer isso com Taylor.

—Angelina?— ouvi sua voz ficando mais próxima de mim.— Ei, tá tudo bem? Eu ouvi um barulho de copo batendo.

Sinto sua presença na cozinha e ouço brevemente seus passos chegarem perto de mim, e então suas mãos tocaram minhas costas em um pequeno carinho e seu corpo encostou no meu meio tímido mas cuidadoso. Eu suei frio naquele momento e me afastei repentinamente.

—Está sim, o copo só escapou da minha mão!— sorrio e vou até a geladeira pegar a àgua.

Quando volto a olhar para Taylor, ela está um pouco chateada e eu respiro fundo por que sei que aquilo é minha culpa e eu odiava aquela sensação.

—Desculpa.— falo baixo.

—Por que?

—Por não poder ser uma boa amiga para você, eu sou o que Kenny disse, não consigo ficar estável por mais de 6 meses, e antes que você pense não uso drogas ou álcool, mas eu tenho algumas doenças psicológicas que em alguns dias ficam mais severas, e eu acabo machucando as pessoas mais próximas de mim.

—Não precisa se desculpar por algo que não se controla, Lina.— ela segura em minha mão e me puxa levemente para mais perto.

—Preciso sim, por que eu preciso te alerta enquanto é tempo.— eu rio e tento tirar minha mão da dela mas Taylor segura mais forte.

—E eu preciso te alertar que sou uma pessoa persistente, não vou desistir de uma amizade que sei que vai ser muito boa para mim.

Nós ficamos nos olhando e eu só conseguia sorrir com a sua frase, que aqueceu meu coração.

———
Nota da autora

Eu adorei escrever esse capítulo, começar a criar a Lina é muito bom, uma personagem com muita bagagem emocional.

O que acharam dele? Espero que gostem.

Criei uma conta no insta para falar sobre minhas histórias: "autora.fg" se quiserem me seguir.

Dancing with our hands tiedOnde histórias criam vida. Descubra agora