Capítulo 42

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O olhar de Kong espelhava um turbilhão de emoções, um misto avassalador de alarme e fúria que agitava suas entranhas. Ele começou a avançar com passos carregados de apreensão, receoso do que poderia encontrar em meio à devastação à sua frente. Seu coração pulsava com uma angústia sufocante, temendo pelo destino de Jennifer. Cada passo que ele dava parecia ecoar com a ansiedade que o impelia para a verdade que ele tanto temia.

A cena que se desdobrava diante de seus olhos o fez parar no lugar, um soluço de choque preso em sua garganta. Seu olhar percorreu os destroços, encontrando o majestoso falcão que fora encarregado de proteger e transportar Jennifer. Ele estava agora caído, marcado por feridas que testemunhavam as batalhas travadas em nome da amizade e lealdade. Sinais de tratamento cuidadoso adornavam suas penas, uma prova do amor e dedicação de Jennifer.

Kong se aproximou com cuidado, seus dedos gigantescos tocando o falcão com a delicadeza que contrastava com a força que ele possuía. Seu toque foi uma tentativa de conexão, uma maneira de oferecer conforto e compreensão em um momento de fraqueza compartilhada. O falcão, apesar de sua debilidade, dirigiu seu olhar em direção a Kong, um esforço visível em sua expressão.

Os olhos deles se encontraram, uma troca silenciosa de entendimento que ultrapassava as barreiras da linguagem. O falcão, mesmo frágil e machucado, conseguiu direcionar sua atenção para o local onde Jennifer havia sido levada. A mensagem silenciosa que transmitia era clara, um apelo para que Kong entendesse e agisse.

Kong seguiu o olhar do falcão, a fúria dentro dele inflamando ainda mais diante da compreensão. Jennifer, sua amiga e aliada, havia sido arrancada dele. A sensação de impotência que o atingiu foi esmagadora, a raiva fervilhando como lava vulcânica. Ele não conseguira proteger aqueles que lhe eram mais importantes, e a culpa e a ira convergiam em uma tempestade devastadora em seu peito.

E então, de repente, o silêncio foi quebrado por um rugido que parecia emergir de um mundo ancestral. O som era tão profundo e poderoso que parecia mais uma força da natureza do que uma criação vocal. Era como se as montanhas, as árvores e os mares se unissem em um coro primordial de reverência e temor.

O rugido do Kong ecoou pelos vales e penhascos da ilha, uma onda sonora que reverberava no ar e penetrava nos corações dos que o ouviam. Era um chamado de presença, um grito que anunciava a sua soberania sobre aquele reino natural. O som começou grave e ressonante, vibrando como um trovão distante, antes de subir para um tom mais agudo e desafiador, como um desafio lançado aos céus.

As árvores balançavam e as folhas tremiam em resposta ao rugido. Pássaros e animais da ilha silenciaram, seus instintos os fazendo pausar em respeito ao som dominante. A brisa pareceu suspender-se momentaneamente, como se o próprio vento estivesse capturando a grandiosidade do momento.

O rugido ecoou, um som que parecia transcender o tempo e o espaço. Cada reverberação carregava uma intensidade crua e inegável, como se a própria alma da ilha estivesse sendo comunicada através daquele som primal. Era um lembrete de que Kong, o guardião da ilha, era uma força da natureza a ser respeitada e temida.

E então, à medida que o rugido diminuía gradualmente, a ilha da caveira pareceu retomar o seu ritmo normal, como se a reverência momentânea tivesse passado. No entanto, o eco do rugido permaneceu no ar, uma lembrança duradoura da majestade e do poder do Kong, um som que permaneceria na memória de todos.

A distância, a reverberação do rugido ensurdecedor de Kong atravessou os quilômetros, fazendo com que todos no local se detivessem subitamente. O som, uma fusão de fúria e determinação, ecoou como um grito primal que cortou o silêncio, lançando um arrepio pela espinha de todos. Enquanto o rugido reverberava nos ouvidos dos presentes, o coração de Jennifer saltitou em um ritmo acelerado, um sorriso preciso curvando seus lábios. Ela conhecia a natureza do chamado, a busca implacável de Kong para encontrá-la, uma conexão que transcendia distâncias.

-Vocês estão todos mortos. -Proferiu Jennifer, seu olhar frio e implacável contrastando com o sorriso vitorioso que dançava em seus lábios. O som de suas palavras foi como um estilhaço de gelo, perfurando o ar com uma promessa sombria.

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