Beyond the Veil

Capítulo 2

Silenciosa, Jennifer deposita um beijo terno na bochecha de sua mãe e parte do aposento. Passeando pela aldeia, seu olhar absorve o despertar das pessoas. Rumo a um canto isolado, busca um local para treinar sem distrações. Contudo, a realidade não corresponde aos planos, já que as palavras impressas no caderno inundam sua mente de uma confusão intensa.

Decidida, ela se ergue até uma das árvores nas proximidades, procurando um refúgio. Certificando-se do isolamento, recupera o livro escondido e o abre com agilidade. Páginas após páginas, suas feições refletem um turbilhão de emoções. Diante do tumulto de pensamentos, ela se vê compelida a ler alguns trechos em voz alta, como se a sua própria voz pudesse trazer clareza para as informações anteriormente ocultas.

-"Após meses de estudo sobre a criatura que outrora considerávamos como a guardiã da floresta, fica claro seu afastamento do contato com nosso povo. Embora nossos antepassados tenham mantido um entendimento com a criatura, hoje em dia, a sua presença não pode ser tolerada sem deixar marcas indeléveis. Não há certezas de um ataque iminente, contudo, como líder da tribo, minha obrigação é resguardar nossa comunidade, sobretudo minha filha, a guerreira principal da tribo. Evito recorrer a meios obscuros para a proteção dos nossos, apesar de estar disposto a desafiar tradições e a história dos que vieram antes."- Jennifer proclamava cada linha gravada no caderno, enquanto suas feições alternavam entre a seriedade e o assombro. Cada palavra pronunciada despertava uma emoção diferente, ora sombria, ora permeada de surpresa diante das revelações registradas nas páginas.

Ao recuperar a noção do que estava ocorrendo, ela desliza para fora dos galhos da árvore. A sensação da terra sob seus pés a conecta à realidade. Seus olhos alternam entre o cotidiano da tribo, onde a vida segue seu curso, e a floresta carregada de tensão logo à sua retaguarda. Uma indecisão toma conta dela: permanecer na inocência de sempre e enfrentar o desconhecido à medida que este se desenrola, ou atender ao chamado do coração e buscar o rei da floresta. O anseio é verificar pessoalmente se o rei que tanto ouviu falar ao longo dos anos é realmente o majestoso guardião das matas, protetor dos antigos, ou se talvez as palavras de sua mãe tenham instilado suspeitas. Ela pondera se as apreensões maternas sobre o rei ser uma ameaça não tenham afetado seu próprio discernimento. Caso esta seja a verdade, sua determinação é cristalina: demonstrar que as histórias que atravessaram gerações são de fato reais, e assim oferecer à sua mãe a confirmação que ela busca. Com sua decisão firmada, ela se ajusta rapidamente, ajeitando suas armas antes de começar a correr em direção à floresta tensa. A incerteza paira, um véu sobre o que a aguarda além. Seus passos são apressados, embora tingidos de cautela. Cada movimento é uma dança entre seguir seus instintos e usar suas habilidades de caça para detectar qualquer pista do grande rei. A ansiedade a impulsiona enquanto busca indícios de sua presença iminente ou de que ele pode ter passado por ali.

Subitamente, ela freia em um ponto específico da floresta, seus olhos fixando-se nas marcas profundas de garras que sulcam a casca de uma árvore. A descoberta é um sinal claro de que algo pode estar próximo, uma presença que a cerca. Num instante, ela empunha o arco e a flecha, preparando-se para a ação a qualquer momento. A flecha é encaixada, tensão à espera de ser liberada, tudo para garantir que ela esteja pronta para reagir rapidamente e evitar qualquer perigo que possa surgir. Com o arco e a flecha firmes em suas mãos, ela adentra a floresta com passos lentos e meticulosos. Cada detalhe ao seu redor é observado, cada sinal que possa indicar perigo iminente. Ao chegar a uma clareira da floresta, sua vigilância se intensifica, seus sentidos alertas para qualquer ameaça. Subitamente, ela imobiliza seus movimentos mais uma vez, captando um rastejar quase inaudível que avança na sua direção. Mantendo uma respiração tranquila e uma mente inabalável, suas armas estão em posição, prontas para reagir.