6 - Penhasco - Leon

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- Olha só... Um penhasco. - Leona olhou para frente e começou a andar em direção à ponta do monte. - Você sentiria minha falta se eu me jogasse, Leon? - Ela riu e ameaçou pôr a ponta do pé na beira do barranco, olhando lá para baixo.

- Se eu não tenho coragem, quem dirá você. - Falei me aproximando dela.

"O que ela não tinha de corajosa, ela tinha de desastrada."

- Não sei o que nossos colegas têm na cabeça pra virmos em um penhasco. Por que não uma sorveteira ou um cinema? Tinha que ser logo um piquenique numa montanha? - Concluí.

- É... - Ela inclinou o corpo ignorando o que eu disse. - Não seria má ideia pular daqui de cima... - Falou claramente, me pirraçando.

- Você não é doida! - Disse eu, sério. - Sai daí! - Estendi a mão para a Leona pegar.

Leona ignorou minha mão e ameaçou se jogar do penhasco, se aproximando ainda mais da ponta:

- Eu vou pular... - Provocou novamente, e eu a segurei, fazendo com que ela não desse nem mais um passo.

- Eu não pulei por você e você quer pular sem pensar em mim? - Perguntei fingindo drama.

"Aprendi a fazer drama com a melhor."

- Sua egoísta! Não sou nada pra você, né? - Cruzei os braços e virei o rosto para o lado, continuando olhá-la pela visão periférica.

No momento em que virei o rosto, Leona aproveitou que a soltei e foi para a pontinha do penhasco. Colocou a mão na cintura e olhou para mim, enquanto me aproximava mais dela, pressentindo a "merda" que poderia acontecer.

- Até parece que você se importa tanto comiiii... - Ela se desequilíbrou, e antes que ela se "esborrachasse" lá embaixo, eu a segurei completamente apavorado, a puxei para trás.

Leona se ofegou assustada, mas não perdeu a piada:

- Ops! Quase que o Sol virou uma estrelinha. - Brincou, e colocou a mão no queixo pensativa.- Se bem que o Sol já é uma estrela, né? - Olhou para mim.

- VOCÊ TÁ DOIDA, LEONA? É CLARO QUE ME IMPORTO. SE EU NÃO ME IMPORTASSE, TE DEIXARIA CAIR. - Falei irritado, a puxando automaticamente para perto de mim pela cintura, colando os nossos corpos num abraço.

Senti a Leona paralisar, como se ficasse sem reação.

- Vamos sair daqui. - Disse, respirando de um jeito ofegante, sentindo meu coração palpitar. - E para de rir, Leona! Não tem motivo para rir disso. - Estreitei os olhos e arrumei minha postura enquanto ela se afastava.

- Sem graça... - Ela fez cara de tédio. - Quero ver me tirar daqui. - Cruzou os braços e levantou a cabeça.

- Tá bom! - Dei de ombros e comecei a ir até ela com um sorriso travesso no rosto.

"Eu sabia que era um convite pra ser o carro de pernas de novo."

- E lá vamos nós de novo. - Ela fingiu resmungar.

Me abaixei, a pegando pelas pernas e jogando por cima de um dos meus ombros.

- Não que eu me importe com a opinião dos outros, mas... - Suspirei. - A galera chamando. Então bora lá, antes que você caia e me leve junto, e aí vamos ficar iguais a espelho quebrado lá embaixo. Só o caco.

- DÁ PRA ME PÔR NO CHÃO? - Leona começou a se debater mas desistiu, provavelmente por saber que eu não a soltaria. - Só vou deixar pois você é meu carro com pernas. - Ela disse e riu.

Dei um riso curto e falei:

- O bom é que você é leve e fácil de carregar. Dessa forma eu asseguro que você não vai pular de penhasco algum.

Deslizei minha mão pelo corpo dela, como sempre, para a ajeitar melhor em meu ombro, e a carreguei em direção aos nossos colegas que estavam um pouco distantes.

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