Capítulo 8

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☽• Leon •☾

   Tiro o celular do ouvido, vendo a chamada finalizada e o jogo de qualquer jeito ao meu lado na cama.

— Marinho? — Olho, vendo ela com as sobrancelhas arqueadas e eu rolo os olhos.

— Não é ninguém importante. — Pontuo, me jogando de costas na cama e solto um gemido baixinho ao sentir uma pequena dor nas costas.

— Não parecia quando a pessoa me ouviu e desligou na sua cara. — Ela pontua com deboche. — E você pareceu muito incomodado quando ela fez isso.— Se senta ao meu lado.

— É o que acontece quando se espera demais. — Penso alto, olhando para o teto.

— Alguma garota da sua interminável lista de ficantes te causando problemas? — Pergunta com um tom debochado.

— Não é da sua conta. — Digo sendo curto e frio.

— Pensei que nós eramos amigos, Doxinho. — A voz dela sai com uma tristeza fingida.

— Amigos que transam? — Pergunto em meio à um riso de escárnio e me viro, colocando o cotovelo na cama e apoiando a minha cabeça na mão, para olhá-la.

  Ela me olha com cara de tédio.

— Amizade colorida... — Ela descruza os braços e dá de ombros. — Mas como já sei que você não vai abrir o jogo, você poderia sair de cima da minha cama e ir tomar um banho. — Olho para ela com a testa franzida e ela se levanta da cama, indo em direção ao banheiro. — Você vem comigo? — Ela diz tirando a blusa e ficando apenas de sutiã.

— Não vou a lugar algum. — Respondo e me deito novamente na cama, colocando os braços atrás da cabeça, desviando os meus olhos do corpo dela.

— Eu entendi errado, ou você acabou de negar uma transa? — Ela pergunta.

— Eu tenho que ser capacho agora? — Minhas palavras saem com ironia.

— Você é... Te encontrei você feito cachorro sem dono na chuva. — Ouço os passos dela se aproximando e quando percebo, ela está sentada em cima de mim. — Eu mandei você entrar no carro e você obedeceu.

— Ei, Ei, Ei! Pode sair de cima! — Tento tirá-la de cima de mim, com cuidado para não a machucar, mas ela não sai.

— Que foi? apaixonado por alguém? — Ela pergunta e ri sendo cínica.

— Isso completamente fora de cogitação. — Digo sério, quase que repreendendo e ela se inclina em direção ao meu rosto, me encarando com os olhos castanhos claros. — Só tentando ser delicado, porque se você já se esqueceu, eu fiz uma tatuagem em você que precisa de certos cuida... —  Eu paro de dizer quando ela começa a desabotoar a minha camisa.

"A camisa da loja da família da Leona."

— Você não é uma restrição. — Ela responde. — Você sabe que comigo não precisa de delicadeza. — Diz sendo maliciosa. — Nós sabemos o que somos um pro outro.

  Fecho meus olhos rapidamente e sacudo minha cabeça, a fim de me esquecer de qualquer coisa que me lembre da Leona. Inclusive essa maldita roupa. Então deixo ela continuar o que está fazendo.
  Não importa se ela me ligou me pedindo desculpas. Eu seguiria com o trato e sumiria da vida dela. Já que a Leona mostrou que é fácil se esquecer de mim, quero não só provar, como quero esquecer dela também.

"Embora ela não tenha falado isso".

  O que nós dois tivemos ontem, foi apenas um surto adolescente. Foi apenas uma recaída de uma lembrança tosca e um péssimo presente de aniversário, que espero que ela supere.

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