Capítulo 5

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𖤓• Leona •𖤓

22 de Julho de 2023
Sábado

   Pelo reflexo do espelho do meu quarto, ajusto meu vestido preto de cetim, e quase consigo tocar nas lembranças que passam na minha mente como em um filme.

— 22 anos e eu parei nos 16... — Penso alto e Sky mia para mim. — Hoje você não vai passear comigo, gatinha. — Digo para ela que deita no chão, fazendo charme.

  Me abaixo fazendo carinho nela e ouço a porta do meu quarto ranger, vendo Luci com uma cara não muito agradável.

— Bom dia pra você também, Luciana. — Digo, sendo um pouco grossa e fria.

  Ela me olha com cara de tédio e eu me levanto do chão cruzando os braços, já esperando o sermão.

— Que história é essa que o Leon voltou, Leona? — Ela diz, sem um pingo de simpátia.

— Como você sabe? — Pergunto confusa.

— Então é verdade? — Ela diz, nem um pouco feliz, com um tom de indignação, enquanto eu fico parada, realmente sem saber o que dizer. — VOCÊ TRAIU O FERNANDO, LEONA? — Se exalta.

— Eu não trai ninguém, Luci! Não vai adiantar falar nada, pois você não vai acreditar em mim. — Dou de ombros e vou até o guarda-roupa, procurando por minha mochila preta.

— Você ainda fica tranquila com isso? Sério, Leona? — Fala, como se eu fosse um monstro.

  Me viro para ela:

— Primeiramente: pra você, meu nome é Mah. Já disse pra parar de me chamar de Leona. Segundamente: eu não trai ninguém. Seja lá o que o Fernando te falou; é tudo mentira. — Solto irritada.

— Você simplesmente deixou o cara que foi seu namorado por anos, pra ficar com um riquinho metido que SUMIU da sua vida? — Ela grita a palavra "sumiu".

— Eu já disse que não trai ninguém, Luci. Eu apenas fui fazer uma tatuagem e o Leon era o tatuador. — Tento me explicar, mesmo sabendo que ela vai ignorar.

— E por que ele estava com você? — Ela diz com deboche.

— Ele me seguiu. Sei lá por quê. — Dou de ombros.

— Se te seguiu, você deu liberdade. — Ela debate. — O Fernando jamais trocaria você. — Diz com toda certeza do mundo.

— Eu também achei. — Sussurro triste e olho para o chão, mas me recomponho rapidamente. — Porém, ele me traiu mais de uma vez. Acredite você ou não. — Digo séria.

— Não acredito em você. — Ela diz me olhando com nojo. — Por acaso, o curativo na sua mão também é culpa do Fernando? — Pergunta e eu não respondo, apenas reviro os olhos e a ignoro, colocando tudo o que consigo na mochila. — Eu te elogiei, falando que a sua mãe iria ter orgulho de você, Leona, mas vejo que ela teria noj...

— CALA A BOCA, LUCIANA! NÃO FALA DA MINHA MÃE! VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO! — Grito, explodindo em raiva.

— ESTOU FALANDO A VERDADE, LEONA!

— Verdade? Que verdade? Você se quer leu a carta de testamento que ela deixou, Luci! — Reviro os olhos em uma risada sem humor.— Eu li e, te garanto que você não fez nada do que ela gostaria.

  Termino de colocar as coisas na mochila e a fecho.

— Óbvio que não li, lá tem tudo o que eu já sei, Leona! — Luci se defende.

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