7 - Montanha Russa - Leona

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- EU NÃO VOU! - Bati o pé fazendo birra, com o coração a mil. - Você sabe que eu morro de medo de montanha-russa, Leooon! - Fingi um choro, embora eu quisesse chorar de verdade.

- Eu não sei quem te deixou fresca assim. Fui eu, ou os seus pais? - Leon rolou os olhos pela minha birra e suspirou. - Mas se não quiser ir, okay. Podemos ir em outro brinquedo. - Continuou claramente desapontado, olhando para a montanha-russa, depois virou as costas, começando a sair de perto dali.

- VOCÊ ME CHAMOU DE FRESCA? - Gritei indignada e olhei para a montanha-russa, engolindo seco. - bom, eu vou... - Respirei fundo e olhei para ele, que parou de andar se virando para mim. - Mas só pra você parar de me chamar assim. - Eu falei, já me arrependendo de ter aceitado andar naquele monstro.

- Você não pode passar a vida toda com medo igual uma gatinha assustada, Leo. Você tem que fazer jus ao seu nome. - Ele me olhou aparentemente segurando uma risada. - ROAR! - Ele riu fazendo garras com as mãos.

- Você, e esse seu Leão deficiente... - Dei uma risada.

Ele passou um braço ao redor dos meus ombros me abraçando:

- Que tal se arriscar um pouquinho? - Sugeriu.


O Leon e eu sempre fomos grudados, mas naqueles últimos meses vinha sentindo algo nascendo dentro de mim. Cada vez que ele se atravia a me tocar; seja em um abraço ou uma promessa do dedinho; eu me arrepiava ou sentia algo borbulhar dentro de mim...

"Seria esse borbulhar, as famosas borboletas no estômago?"

Mas naquele momento; embora eu me estremecesse por dentro com o toque dele; eu só conseguia pensar na terrível montanha-russa que estava em minha frente.

- Eu acho que... - Enguli seco. - Pular daquele penhasco seria mais fácil. - Dei um sorriso nervoso. - Mas, vamos lá! - Respirei fundo e deixei que ele me guiasse para um dos meus maiores medos.

Leon entrou no carrinho da montanha-russa e eu fui logo atrás me sentando ao lado dele.

"Não era louca de andar num brinquedo desses sozinha."

Um moço de aproximadamente 19 anos conferiu as travas do nosso assento.

- Moço! - Eu balancei trava. - Isso seguro? fazendo barulho, oh! - Eu balancei a trava novamente para mostrar ao moço o "tal barulho".

O moço riu, provavelmente da minha expressão de apavorada, e disse:

- É assim mesmo. Te garanto que essa trava é bem segura. - O moço bate na trava da onde estou sentada afirmando a segurança.

Eu, sem confiar, olhei para o moço:

- Moço do céu... Eu não quero morrer. - Disse e ele saiu rindo, me deixando no vácuo.

De canto de olho, vi Leon rindo.

- Para de drama e relaxa. Eu vou tá do seu lado o tempo todo. - Ele piscou para mim. - O pior que pode acontecer é isso desmoronar, mas do chão a gente não passa. - Brincou.

Soltei uma risada de medo e senti meu corpo resetar em pavor quando aquele carrinho começou a andar. Olhei para Leon que estava com um sorriso aventureiro e depois olhei para frente vendo o carrinho subir pelos trilhos.
Me agarrei a trava com a mão direita e com a esquerda procurei a mão de Leon. Quando a achei, fechei os olhos firmemente e pensei em voz alta:

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