2 - Lanchonete - Leon

42 4 2
                                    

- Não olha agora, mas... - Comecei a dizer, olhando de canto de olho para uma mesa ao lado, com pelo menos três garotos. - ...aquele cara tá olhando pra você. - Dei um gole no meu refrigerante, vendo que um dos caras estava secando a Leona descaradamente.

Ela olhou disfarçadamente, pondo a mão em frente à boca, pois estava mastigando e disse:

- Ele é um gatinho...

- Eu que sou um gato. - Olhei para ela, incrédulo, mordendo o canudo da minha bebida enquanto falava.

Leona me olhou de cima a baixo e deu risada:

- Talvez você seja, um pouquinho... - Disse, em seguida mordendo o lanche.

Rolei os olhos, tirei o canudo da boca, colocando os braços em cima da mesa.

- Você me enxerga apenas como um irmão e é bom continuar assim. - Desviei o olhar dela, peguei algumas batatas fritas e coloquei tudo na minha boca. - Meu dever é te alertar, pois se faço um estrago danado, imagina aquele cara que nem se importa de te secar sendo que você está acompanhada? - Falei de boca cheia, voltando a olhar para ela e ela que deu de ombros. - Quer que eu vá lá resolver? - Perguntei com um sorrisinho.

- OXI! - Ela exclamou com um tom de estranheza e sorrio. - Eu não namoro com você, Leon. - Afirmou. - Ele é um gato e não me importaria se ele quisesse ficar comigo. Então não, não quero que resolva nada. - Fez que não com a cabeça e depois sorrio, parecendo gostar da ideia de ter alguém olhando para ela com segundas intenções.

Dei uma gargalhada e disse:

- Achei que você corresse de garotos como eu, fugir é um conselho que eu te dou, como amigo.

- Se eu fugisse e seguisse o seu "abençoado conselho"... - Ela disse fazendo aspas com as mãos. - Eu não seria sua amiga. - Ela deu um toque delicado com o dedo indicador em meu nariz. - Só estou te achando muito estressadinho. com ciúmes, é? - Ela ergueu as sobrancelhas várias vezes fingindo dar em cima de mim. - Por acaso, você quer me beijar? - Ela mordeu os lábios me pirraçando.

Arqueei as sobrancelhas por causa da ousadia e dei de ombros, molhando os lábios:

- É diferente. Eu não quero nada com você além de amizade, já ele quer e... - Antes que eu terminasse de falar, ela se levantou, se apoiando na mesa, deixando nossos rostos próximos.

Leona encarou meus lábios, dando a entender que ela estava disposta a me beijar, e então fiquei sério.

- Você quer alguém pra ficar, então aproveita. - Sugeri, apontando com a cabeça na direção da mesa ao lado. - O ruim é que, se depender dele, não vai dar em nada. O cara não tem iniciativa alguma. Conheço caras desse tipo, mas relaxa, terá muitas oportunidades de desencalhar, Leo.

Ela mordeu os lábios, rindo como se fosse se vingar de algo, e olhou em direção ao cara:

- Você nem conhece o cara pra falar assim, mas quer saber? - Ela deu de ombros. - Já que é pra desencalhar... - Disse, saindo da mesa e indo até o rapaz.

Franzi a testa.

- Não... espera... O quê? - Me indignei, mas não evitei que ela fosse. - Por que raios eu fui abrir a boca? - Pensei alto.

Peguei meu hambúrguer e dei uma mordida, assistindo tudo como se fosse um filme de suspense.
Ela conversou com o cara durante pelo menos 1 minuto e voltou à nossa mesa. Se sentando no banco com raiva, pegando seu hambúrguer e mordendo o lanche na força do ódio.

- Que foi, se estressou? - Perguntei de boca cheia, segurando a risada ao ver o semblante irritado dela.

- Ele me seca daquele jeito, dando a entender que quer alguma coisa, pra vim perguntar a minha idade e me chamar de Mucilon? - Falou indignada enquanto mastigava o lanche com brutalidade.

Quase me engasguei com o pão, dando uma gargalhada que terminou num suspiro:

- E quantos anos ele tem, 33?

- Pior! Ele tem 16 anos, De-zes-se-is! - Revirou os olhos. - Que grande diferença, não acha? - Ela gesticolou mordendo outro pedaço do lanche, ainda com raiva e de boca cheia. - Eu tenho 15 anos, Leon! - Ela disse indignada.

- Que otário! Eu também tenho 16 anos e não vejo problema, pois realmente, não tem quase diferença alguma. - Dei um gole na bebida e rolei os olhos. - E claro que sei que você tem 15 aninhos, sua pirralha! Fui príncipe no seu aniversário e te conheço desde que me vejo por gente. - Arqueei uma sobrancelha com um sorriso convencido. - Foi quase humilhante aquela valsa, mas o que eu não faço por você? Te deixo até ir conversar com um cara que te chamou de Mucilon. - Soltei uma risada olhando para ela. - Que sirva de lição pra que ouça meus conselhos, mesmo que eu não seja um bom exemplo. - Mordi o último pedaço do meu lanche. - Fuja de garotos assim. Isso se eles não te botarem pra correr te chamando de Mucilon de novo. - Sussurrei a última frase e dei um riso incrédulo.

Leona rolou os olhos com um sorriso e disse:

- Não tinha príncipe melhor, e valeu a pena a humilhação, não me arrependo. - Ela se levantou da mesa, ignorando a última parte do que eu disse. - Terminei meu lanche e agora vou seguir o seu conselho. - Falou com um sorriso traquino no rosto e deu de ombros. - FUGIR DE VOCÊ!! - Gritou e saiu correndo.

- EI, ESPERA AÍ, LEONA! - Gritei ficando de pé e me preparando para correr atrás dela, mas me lembrei de um detalhe. - TEMOS QUE PAGAR A CONTA, SUA PIRRALHA! - Grunhi de raiva quando a vi se afastar mais ainda.

- PAGA AÍ, GARANHÃO! - Ela mostrou a língua. - E DEPOIS ME ALCANCE SE PUDER!

Olhei ao redor e vi as pessoas da lanchonete me olhando, mas liguei o foda-se e gritei de volta:

- É O QUE EU VOU TER QUE FAZER! - Enfiei o resto das batatas na boca e dei um sorriso de boca cheia, indo até o caixa.

Paguei a conta rapidamente e me virei na direção em que Leona foi. Corri, chegando rapidamente até ela e a puxei pela mão.

- Que pena que você tem pernas curtas. - Provoquei os 1.60 de altura dela. - Baixinha. - Terminei e saí correndo.

- ARGH! AGORA VOCÊ ME PAGA, SEU POSTE! - Ela gritou e correu atrás de mim.

Espelho Sem VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora