33. Connection.

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| Hairi pov's.

Direitos, deveres, relações, estudos, pressão, insuficiência...

Pequenos detalhes que podem decidir o destino de sua vida.
Quando se tem autonômia de sua própria vida, você se torna independente e pode seguir o caminho que bem entender. E eu tomo minhas próprias decisões, mas algumas delas. São dos meus pais.
Que queriam uma princesinha, que gosta de se maquiar e usar lacinhos. E para decepção deles, sou o contrário dessa porra de padrão de filha perfeita.

Meu celular toca, o som desagradávelmente irritante do telefone tocando repetidas vezes até que eu atenda.

— O que você quer, mãe. — Questiono de forma seca pela linha telefônica.

— Oh, minha princesinha. Isso são modos de falar com sua mãe? — Essa voz, a mesma voz que um dia entrou em meu quarto dizendo que eu iria para um colégio interno, a mesma que me obrigou a entrar em uma faculdade de Direito contra minha vontade e sabendo que eu queria ser jogadora.

— Eu já disse para não me chamar de "princesinha". Eu não sou isso. — Indago.
Minha mãe solta uma risada forçada.

— E como vai a faculdade? Soube que suas notas estão horríveis... Hairi, sabe que esse sempre foi o meu sonho e do seu pai para você. — Avisou, meu sangue ferveu instantâneamente.

Solto uma risada irônica. — Mãe, você já se perguntou qual o meu sonho? — Ela não responde nada. — Esse sempre foi o desejo de vocês. Eu nunca quis fazer faculdade de Direito e sim de Educação Física! — Eu ouvia sua respiração acelerada e ofegante pela linha telefônica, como se estivesse surtando.

— É mentira, meu amor. Você é muito nova para saber o que é bom para si mesma, futuramente nos agradecerá. Nós sabemos o que é bom para nossa filha. — Argumentou novamente, minha mãe se chama Hitori Nishida. E esse era o nome que me seria dado se não fosse meu pai, que discordou. Essa mulher queria que eu fosse igual a ela, queria que eu fosse melhor que ela e fizesse as coisas que não conseguiu realizar. Como passar em uma faculdade de Direito, se tornar advogada e ter um marido rico que seja manipulável. Espere, a parte do marido ela conseguiu.

— Mãe, eu tenho 19 anos porra. Por que insistem nisso? Eu nunca quis isso! Vocês querem controlar minha vida, é a minha história. Não de vocês, vou largar essa faculdade. Não vou me tornar uma advogada e muito menos uma esposa interesseira. Eu vou ser feliz, e não preciso de vocês para isso. Estejam me apoiando, ou não. — Indago de forma grosseira, apertando meu próprio pulso com força. Passaram-se cinco minutos de silêncio, penso que mamãe esteja refletindo sobre minhas palavras. — Passar bem. — Falei instantes antes de desligar.

— Hairi Nishida. Desligue essa chamada e não esperará o que vem a seguir. — Sua voz me deu medo, ela falou meu nome completo. — Você continuará nesta faculdade, e se tornará a advogada que sempre desejamos para você! E nada, nada. Mudará seu destino. E se for preciso, tiraremos tudo de seu caminho apenas para passar por ele, até Meguru Bachira. — Disse minha mãe de forma cínica.

Minhas mãos tremiam descontroladamente, eu estava completamente perplexa. Não piscava. Eu apenas suava frio, sem reação. Sem decisão, no final. Sempre estive nas palmas dela, essa sensação de insegurança sobre tudo que sabia sobre si mesma. Ser quebrada em um instante com palavras sinceras de sua mãe.

M- Mãe, você não faria isso...

— Tem certeza? — Ela questiona confiante.

— O que quer de mim? — Eu pergunto, a esse ponto. Não há nada que eu possa relutar.

— Você terminará a faculdade de Direito, passará nela. Será uma advogada, e ponto final. Se protestar contra minhas decisões, pode esquecer que conheceu Bachira em sua vida. Ou melhor, você terminará com ele! — Ela avisa.

Não mudou nada... Ela continua a mesma egoísta mulher.

Quando, Bachira disse que viu um montro em meus olhos? Um desejo egoísta? Nunca mencionei meu desejo antes.

Meu desejo, não era apenas ser a melhor jogadora da futebol do mundo. Parte dele era...

Fuzilar as expectativas de meus pais.

O que é bem contraditório. Mais nunca deixaria de viver minha vida para realizar a merda dos desejos que eles não conseguiram realizar. Vulgo, minha mãe não conseguiu realizar, e conseguiu convencer meu pai depois de umas boas noites de sexo. Eu suponho.

— ... Vai se ferrar, sua louca. Você até pode ser minha mãe, mas saiba de uma coisa. Eu prefiro morrer a ser obrigada a viver uma vida que eu não quero e cheia de arrependimentos. — Desligo a chamada imediatamente. essa faculdade, essa condição financeira, esse padrão de sociedade. Eu só queria ser normal, ter brincado com crianças normais e receber um não, quando pedi o brinquedo mais caro da loja. Só queria poder ficar com quem eu amo, sem relutância.

Bachira foi uma pessoa que realmente se importou comigo. A única pessoa que me aceitou como eu era, sem ter interesse em dinheiro ou status. Que quis jogar futebol comigo sem hesitar uma única vez por eu ser uma mulher. Aceitou o fato de eu gostar de ter meu cabelo curto a altura dos ombros e que não ligava para aparência.

Gostou de como eu realmente era, descobriu como sou verdadeiramente e mesmo assim permaneceu ao meu lado. Ficou ao meu lado nos piores momentos e nos melhores. Não me abandonou não importa qual seja a situação, mesmo que tenha errado alguma vez. Sempre reconheceu e mesmo assim, mesmo depois de tudo que aconteceu ele quase deu sua vida para me salvar. E é por isso, que nunca vou me afastar desse garoto novamente. Não me importa se é uma amiga ou até minha mãe mandando.

Eu não vou obedecer.

Quando percebo, estou lacrimejando com a respiração curta e acelerada.

Instantâneamente ligo para Bachira, o som da chamada de ligação era agoniante. Atenda, atenda!
Logo o mesmo aceitou a chamada.

— Ooi! — Ele começa a rir. — Desculpa por não ter atendido logo. Eu tava fazendo umas embaixadinhas no quarto e derrubei o vaso. Olha! — Ele vira a câmera e mostra a bagunça.

Solto uma risada fraca, por mais mal que eu esteja. Ele sempre está lá.

— Docinho? — Ele repetiu. Me fazendo sair do transe.

— Estou aqui. — Tento usar minha melhor voz. Mas no momento, estava péssima.

— Estou indo pra sua casa agora, em cinco minutos chego. — Afirmou.

— Bachi, não é nada. Entrou um pouco de poeira no meu olho. — Falei. Mentiras, mentiras. Por que é tão falsa consigo mesma? Sabe que ele é a pessoa que mais pode confiar e mesmo assim... Mesmo assim você mente.

— Não minta para mim. Chegando aí você vai me contar tudo, até daqui a pouco. — Ele desliga a chamada.

Não mencionei, né. Me mudei assim que fiz dezenove anos para um apartamento médio. Trabalho no mesmo mercado de antes e tento me fazer independente, mais existem incidentes como o dê hoje.

Ouço a porta bater, então grito:

— Já vou!

Me direcionando até a porta, a abro olhando para baixo.

Eu te achei, Hairi. — Não, não, não, não. Essa voz não.

— Kaiser? — Minha voz falhou na pronúncia, eu estava...

Perplexa.

Continua...

Quantas pedras no caminho Hairi e Bachira terão de chutá-las para conseguirem tranquilidade?

Ela iria além com isso independente de todas as dificuldades?

Ele está disposto a tudo por ela?

O que vem a seguir?

Ler pra saber.

𝑃𝐑𝐄𝐓𝐓𝐘 𝐵𝑶𝒀, 𝑀𝑒𝑔𝑢𝑟𝑢 𝐵𝑎𝑐ℎ𝑖𝑟𝑎Onde histórias criam vida. Descubra agora