DEZOITO

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Martina

Eu acordei em um lugar desconhecido, não era um hospital, mas eu tinha um acesso braço. Não consigo abrir meu olho totalmente, mas está melhor do que antes, passo os olhos pelo espaço e vejo uma figura masculina de costas pra mim cheio de tatuagens até a metade do braço, ele parecia falar com alguém e tinha uma mulher sentada e assim que ela vê que acordei ela vem até mim.

- Martina!- ela tem um sorriso enorme e me parece familiar.

- Quem é você?- minha voz sai falhada e eu sinto um pouco de dor na garganta, eu tento me sentar na cama e sinto dor em várias partes especificas- Ai!

- Calma, vou te ajudar- ela me ajuda a sentar- Fique tranquila, eu vou cuidar de você e assim que estiver melhor vamos conversar- ela me oferece um sorriso.

- Eu não me lembro de muita coisa, só que apanhei muito e achei que ia morrer.

- Eu sei! Mas agora você está segura- ela alisa meu cabelo e eu tento segurar o choro- Valentim, ela acordou- ele se vira e é o Alberto? Isso me choca, pois quando eu estava sendo tirada daquele lugar eu ouvi esse nome. Será que são a mesma pessoa? Os nomes são diferentes, mas a aparência é a mesma e ele tem várias tatuagens. Ele vira e me encarra, a expressão é um misto de raiva e arrependimento.

- Valentim?- o nome dele de verdade então é esse! São a mesma pessoa, algumas coisas diferentes mas são a mesma pessoa.

- Que bom! Agora ela pode ir pra casa- ele diz seco. Isso toca em algum ponto de mim, eu achei que, por ele ter me tirado de lá e por um momento eu achei que esse ódio fosse diminuir, mas errei feio- Vou sair, volto mais tarde!

- Tá ok- ele vai embora- Vou fazer alguma coisa pra você comer, o que você quer?- quem é essa mulher?

- Não estou com fome, obrigada. Eu quero ir pra minha casa.

- Você tem que comer para se recuperar, não ligue para que o Valentim diz. Ele está lidando com algumas coisas mal resolvidas.

- Não importa, eu quero ir pra minha casa.

- Martina, sua casa não é segura! Eu sou sua tia e quero que me ouça- tia?

- Como assim tia?- eu não me lembro de ter nenhuma tia.

- Bom, eu sou irmã do seu pai e ele me pediu pra cuidar de você- ela pega na minha mão- Creio que te contaram o que seu pai fazia e o que sua mãe fez.

- Meu pai era uma assassino e minha mãe fez um acordo com um cara pra ela não morrer...- eu sinto um nó na minha garganta- Foi isso.

- Em partes é verdade. Seu pai era do cartel e foi assassinado por outro cartel rival... o cartel do Rojas. No dia que seu pai foi assassinado você já tinha vindo para cá, ele mandou você e sua mãe e ele não sabia do acordo que ela tinha feito.

- Quem são essas pessoas? Estou confusa. Meu pai parecia ser um homem tão bom- eu seguro um soluço.

- Calma. Tem muitas coisas que você não sabe.

- Então me conta. Eu quero um motivo pra terem feito isso- ela suspira.

- Bom, o Rubem e o Ramiro eram amigos, mas com o tempo essa amizade se dissolveu e deu lugar a rivalidade. E um dia o Rubem cismou que a esposa dele e o Ramiro tinham um caso  e por isso matou seu pai, mas a verdade é que o Rubem batia muito na Isabel e meu marido que era irmão dela pediu ajuda para o Ramiro, para tira- lá das mãos dele.- da pra sentir a tristeza na voz dela- Eu perdi meu marido e meu irmão no mesmo dia e eu ainda tinha meus filhos pequenos, o Henrique já entendia algumas coisa e foi difícil explicar ele toda a situação, já o Juan ainda era criança. Meses depois eu assumi o lugar do meu irmão e descobri que eu tinha um sobrinho que estava sofrendo na mão do Rubem- ela tenta segurar, mas as lagrimas caem- O Valentim era um adolescente cheio de traumas, venerava o pai. Com 16 anos ele já tinha feito coisas inimagináveis... drogas, assassinatos, tortura.

- Eu não estou entendendo bem. O Albe... Valentim não era assim quando o conheci... ele era normal.

- Não meu bem, quando ele te conheceu ele já era bem mais velho. Eu levei ele um dia pra minha casa, quando fui ao tumulo do meu marido e do meu irmão e vi ele chorando e pedindo perdão para mãe.

A PROTEGIDA- UMA HISTÓRIA DE CARTEL (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora