DEZENOVE

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Jimena

18 anos atrás

- O que passa?- eu pergunto a ele. Valentim está sentado de frente para o tumulo da Isabel.

- Eu não acreditei na minha mãe- ele chora, como se a culpa da morte da mãe fosse dele.

- Calma! Você não podia fazer nada. Vamos sair daqui.

- Eu não tenho pra onde ir.

- Claro que tem, eu sou sua tia e vou cuidar de você- ele me encara relutante- Anda Valentim, vamos!

Não tenho costume de falar assim nem com meus filhos, mas as vezes a conduta imponente tem que ser usada e com o Valentim as coisas são um pouco difíceis.

Quando chegamos ele foi tomar banho e eu limpei os machucados que ele tinha.

- Foi o Rubem que fez isso?- ele nega com a cabeça- E essa?- ele tem tipo um corte de faca no antebraço

- Fui eu mesmo... quebrei uma mesa de vidro. Para não fazer uma coisa pior- ele suspira quando passo o antisséptico- Eu ouvi ele falando sobre acabar com o cartel do Ramiro e que ter forjado uma traição foi mais fácil do que começar uma guerra entre cateis... ele matou a minha mãe porque quis, por causa da merda da inveja- eu nunca vi esse garoto chorar- Eu odeio aquele filho da puta. Odeio!

- Calma, não tenha tanto ódio.

- Qual é Jimena, ele matou seu marido e seu irmão, ele não merece nada além do inferno.

- Valentim- eu digo passando uma faixa no antebraço dele- O ódio endurece o coração, mais cedo ou mais tarde o Rubem vai pagar pelo que fez- eu termino o curativo- Vamos comer. Espero que gostes se arapas.

- Tem muito tempo que eu não como.- ele ri. Esse menino vale ouro.

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Martina

A Jimena me explicou algumas coisa, ela me disse que tem mais, mas que só vai me falar depois. Eu me levantei e fui tomar banho para jantar, ela insistiu pra eu ficar e eu fiquei com medo de dizer não.

- Suas roupas estão aqui, foi a sua amiga que trouxe e ela vem mais tarde para te ver. O banheiro é do lado do guarda roupa, vou te deixar a vontade- ela sai e me deixa sozinha.

A casa tem um design diferente, parece aquelas casas de rico de novela mexicana. As janelas tem arcos e são enormes, o quarto também e os móveis são rústicos, de primeira linha.

Pela janela da para ver do lado de fora, tem um chafariz na entrada e um portão gigante de madeira. Igual a novela mexicana. O piso é rustico também, mas é muito bonito. O banheiro é grande tem até uma banheira, mas não vou ser atirada assim e o chuveiro é enorme e quentinho.

Eu termino meu banho e pego um vestido mais solto, tá calor para usar calça e não vou usar nada curto. Eu desço e o Juan tá sentado no sofá lendo alguma coisa.

- Oi- eu cumprimento.

- Oi- ele deixa o computador de lado e pega algo na gaveta- Seus remédios, esse são os mais simples, mas você terá que tomar algumas vitaminas injetáveis.

- Tá bom, obrigada- eu ofereço um sorriso e ele devolve- Obrigada por me trazer em segurança.

- A família é pra isso- ele da uma piscadela- Fique a vontade, eu estou revisando um artigo- ele pega o computador novamente. O Juan tem traços parecidos com o Valentim. Os cabelos escuros, a pele parda e um bigode engraçado, ele tem a cara de garoto marrento. Não tem nenhuma tatuagem a mostra, o cabelo é bagunçado, os dentes são tão claros que incomodam, ele é alto e forte, numa medida boa, nada exagerado.

- Fecha a boca- ouço o Valentim dizer quando entra pela porta e de canto de olho eu vejo o Juan sorrir.

- E-eu não estava com a boca aberta-eu digo baixo, para mim mesma.

- Chegou na hora certa. Já vou servir o jantar.

- Tá bom, vou só tomar uma banho- ele diz enquanto beija a cabeça da tia. Nunca o vi sendo carinhoso assim, pelo menos não com desconhecidos.

- Então vai rápido se não esfria.

A Jimena cozinha muito bem e durante todo o jantar eu fiquei a vontade, ninguém fez perguntas estranhas e o Valentim ficou calado por muito tempo e as vezes ria de algumas coisas que o primo ou a tia diziam. A Regina chegou no meio do jantar e como sempre quase matou a gente de rir.

Assim que terminamos eu vou para o quarto onde estou e a Regina vem comigo. Ela disse que precisa conversar comigo.

- O que você quer conversar?- nós sentamos na cama.

- Porque você não me contou que ele tinha te tratado mal- eu não faço ideia do que ela esta falando- Qual é Martina? O Valentim que brigou com você aquela noite. Vocês eram amigos e se afastaram, eu percebi mas pensei que era porque um tinha dado fora no outro ou coisa parecida. Ele ferrou com você e você não me disse nada. Assim como o que aconteceu aqui, se o Juan não tivesse me contado eu não saberia Martina.

- Eu... eu- engulo seco- Eu fiquei com medo de você fazer a mesma coisa!

- O que? Eu nunca te abandonaria. Nunca. Somos melhores amigas desde criança Martina. E o filho da mãe passou todos esses anos te tratando mal porque acreditou numa fofoca que você transou com vários caras- ela diz perplexa- Que se foda. O que ele tem a ver com isso? Idiota.

- Eu não sei porque ele ficou assim, o cara surtou.

- Eu até imagino- ela ri- Ele queria você só pra ele, não me leve a mal mas até eu ia querer uma bucetinha igual a sua, quem dirá um homem como ele- nós duas rimos.

- Para Regina, para. Nós erámos apenas amigos.- era verdade, eu nunca tive interesse nele. Nenhum.

A PROTEGIDA- UMA HISTÓRIA DE CARTEL (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora