VINTE TRÊS

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Martina

Alguns dias depois.

Hoje o dia está lindo, o sol apareceu cedo e é dia de ir. Tentei me acostumar com a ideia de ter uma tia criminosa e dois primos da mesma forma.

Eu não faço ideia de como é esse mundo do crime e nem me interessa, por isso eu pedi demissão e me mudar. Desde o dia do meu aniversário que eu não vejo minha mãe e por mais que ela tenha meio que, me vendido eu queria saber o lado dela. Eu ouço a buzina e com certeza é a Regina, ela vai me dar uma carona.

- Bom dia- ela tá alegre e sorridente.

- Viu um passarinho verde?

- Não. Eu só fiz umas coisinhas muito boas.

- Você devia estar chorando, porque sua melhor amiga tá indo embora.

- Porque eu estaria chorando?- ela tira um papel do bolso.

- Mentira!- era uma carta de demissão.

- Nunca que eu ia te deixar sozinha, ainda mais com esse povo estranho atrás de você.

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Eu aluguei uma casa em uma cidade vizinha, não é possível que eles vão vir atrás de mim. Eu quero fugir de qualquer coisa que ao menos me aproxime do que eu passei na mão daqueles caras e eu tenho pra mim que o Valentim é do mesmo nível. Ele mudou totalmente comigo depois, a dor na consciência é cruel.

- Vendo assim tá pensando no Valentim- a Regina senta ao meu lado com uma vasilha de pipoca.

- Como ele pode ter mudado assim? tipo ele voltou a ser o mesmo cara de antes e porque ele mentiu o nome dele pra mim? Sete anos Regina. SETE.- não entra na minha cabeça essas questões - Ai eu fui perguntar porque ele ficou bravo e o cara de pau disse que porque me queria e eu fique com uma interrogação enorme na minha cabeça e pra piorar ele beeem mais velho que a gente.

- Isso eu sei, ele reprovou algumas vezes.

- Não Regina. Ele tinha 27 anos, já era até formado- ela abre a boca formando um o.

- Caralho. Ele parece ser tão jovem- eu balanço a cabeça- Eu não me importaria com a idade, ele é um puta de um gostoso e você devia dar uma chance pra ele, tá na hora de tirar o selo.

- Não tô a fim, nunca estive.

- Ah para. Todo mundo queria dar uns pegas nele- ela se acomoda- Nós somos bem burras né?! Ele sempre teve a cara de homem mal, possessivo- ah pronto, agora ela vai criar uma fanfic.- Ai Martina, sua vida é uma fanfic pronta... Vendida pela mãe, resgatada pelo badboy tatuado do cartel, agora só falta você sentar no pau dele e a fic tá completa

- Pode parar, eu nunca tive interesse nele.

- Nem um pouquinho?- eu nego com a cabeça- Por um lado é estranho e a gente não percebeu, tipo, o cara de fora vem e vira logo amigo da gente? Estranho, deve ter mais coisa ai.

- A Jimena me disse que tem que me contar umas coisas ainda e talvez seja sobre isso- a Regina demora uma eternidade para escolher um filme- E sabe aquela paixãozinha adolescente? Talvez eu tenha tido um pouco por ele só um pouco- ela gargalha.

Acabamos imergindo no papo da nossa adolescência e nem vimos o filme.

Já passa das dez da noite e quando volto para o quarto e pego o celular a primeira coisa que eu vejo é uma mensagem da minha mãe.

Mãe: Filha eu sei que eu fiz uma coisa muito ruim, mas preciso da sua ajuda.

Mãe: É urgente!

Por mais que ela tenha feito mal a mim, ela é minha mãe e eu não se é uma verdade absoluta o que me contaram

Eu: Não estou mais na capital. Me mudei.

Ela me manda uma mensagem dizendo que esta numa cidade a 20 minutos daqui e eu digo para ela me esperar que chego rápido, tomara que não seja nada grave.

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Valentim

- Onde você tá indo sozinha uma hora dessa?- assim que cheguei na casa nova da Martina, ela estava saindo. Sozinha.

- O que você tá fazendo aqui?- ela questiona- Quem falou pra onde eu estava vindo?

- Minha querida, eu sei todos os seus passos desde os seus 16 anos. Todos.- ela fica com cara de quem não acredita, mas é verdade.

- Isso da cadeia- Tadinha.

- Onde você está indo?- eu pergunto mais uma vez, um pouco impaciente.

- Não sei porque se importa, continua me odiando é a melhor coisa que faz.

- Martina- eu me aproximo- Eu não me importo. Sua tia me paga para ficar de olho em você- na verdade eu comecei a me importar desde sempre, mesmo com raiva sempre me importei.

- Então despensa o serviço. Me deixa em paz- ela está um pouco alterada. Eu me aproximo mais e a pego pelo rosto e rapidamente a expressão dela muda- Você, você disse na sua casa que não me machucaria- meu Deus, só de encostar ela está com medo e ainda quer sair sozinha.

A PROTEGIDA- UMA HISTÓRIA DE CARTEL (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora