DEZESSEIS

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Martina

Minhas mãos estão amarradas e eu não entendi o que acabou de acontecer, minha cabeça está doendo como nunca e o machucado na minha perna queima como o inferno.

- Acabou, vai ficar tudo bem- eu sinto alguém próximo a mim e minhas mão não estão mais amarradas.

- Minha cabeça, minhas costas e minhas pernas estão doendo- eu sussurro.

- Vamos embora! Acabou, tá?- sou tirada do chão frio e quem fez isso deve ser muito forte, pois sou levantada como um papel. E por um momento eu sinto um cheiro familiar- fresco. Não tão fresco, mas o cheiro é familiar.

Eu posso estar delirando, mas esse cheiro é dele e faz sentido, pois aquele homem me disse que um cara chamado Valentim era pago para me proteger e me mostrou a foto do Alberto, me sinto segura com ele, por mais que ele tenha me maltratado... foi ele quem me salvou.

- Vou te levar para um lugar seguro- ele chama alguém- Leva ela pra minha casa e chama mais um médico ou dois, ela tem muito sangue nas roupas e uma perfuração de arma- o outro cara me pega- Cuida dela!

- Onde você vai Valentim?- eu não estou delirando.

- Leva ela pra minha casa, agora!- ele parece impaciente e com muita raiva- Eu vou terminar o serviço.

Sou colocada num carro, meus olhos não abrem.

- Oi, meu nome é Juan e eu sou primo do Valentim e seu também. Vou te dar um remédio para amenizar sua dor- ele aplica alguma coisa na minha veia- Relaxa, eu sou médico e vou cuidar de você.

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Valentim

Voltei e agora o Henrique vai ver como é bom ser um filho de uma puta.

- Você sabe que minha paciência é uma das piores coisas para testar- ele apenas ri.

- Não tenho medo da morte- tadinho, morrer seria fácil demais.

- Você não vai morrer, não por minhas mãos- pego o punhal e gravo na perna dele e o mesmo segura pra não gritar- A Martina é inocente seu desgraçado, ela não sabia da vida que o pai tinha- vou descendo e afundando punhal, deixando um rasgo da coxa até o joelho e ele geme de dor, mas ainda é pouco perto do que ele fez- Ela não tem culpa da nossa cachorrada- digo entre dentes.

- Para alguém que a odeia tá sendo bonzinho. Aquela vagabunda não tem nada de inocente. Ela é uma vadia e eu devia ter comido ela pra te dar mais gosto ainda- não consigo acreditar no que acabei de ouvir. Eu tiro o punhal da perna e cravo na mão direita dele, o deixando preso no chão.

- Boa sorte, seu merda!- eu levanto e vou embora.

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A coisa que eu mais preciso agora é de um banho. Minhas roupas estão sujas de sangue e minhas mãos também, minha responsabilidade é cuidar das drogas e não de bater ou matar ninguém, mas a raiva falou mais forte em mim.

- Idiota, burro, burro- eu digo socando a parede do banheiro. Estou decepcionado comigo mesmo, como eu deixei isso passar? Eu confiava demais no Henrique e o filho da puta traiu minha confiança.

- Valentim?- alguém bate na porta e me chama- Tá ai?

- Estou!

- Precisamos conversar! A Martina saiu do hospital, eu disse que um médico particular vai cuidar dela, não precisou de cirurgia, a bala era de borracha

Eu não estou no clima para papo, tô estressado para caralho e não quero ver a Martina, não quero sentir aquela sensação de novo. E que coisa esquisita, eu não consigo explicar o que aconteceu, mas me deixou estressado e eu tive um acesso de raiva e minha vontade era de descarregar um pente todo no Henrique.

Eu termino meu banho e vou procurar uma roupa para vestir, em casa geralmente eu fico sem camisa, mas não posso arriscar, visto uma camisa com a manga até na metade dos braços e uma bermuda, não da para ver nenhuma tatuagem.

- Jimena?- eu digo entrando no quarto que ela esta e caralho, a Martina tá nele. Ela tá apagada, deve ser por causa dos remédios, o rosto dela tá muito machucado, principalmente os olhos e ela esta com um pijama amarelo com desenho dos Simpsons, isso me faz ri. Ela sempre gostou desse desenho e eu era obrigado a ver com ela e eu odeio desenho.

Sem aquele sangue todo dá para ver onde ela está ou não machucada.

- Oi- eu ouço uma voz familiar. Regina, a garota tá um cisco de tão magra e os olhos estão inchados- Obrigada- os olhos dela estão cheios de água- Por... tirar minha amiga de lá- a voz dela falha- O Juan me deu uma copia do exame de corpo de delito que ela fez...- ela segura um papel, eu não tinha reparado isso. Eu aperto minhas mãos- Eu não li ainda, não tô pronta pra isso... você pode ler?- ela pede.

- Não! Não quero saber o que aconteceu.

- Nossa, não precisa dessa arrogância! Você pode sair? Vou ler pra ela.

- Ela não vai te ouvir.

- Não importa- garota maluca, mas eu fiz o que ela pediu.


A PROTEGIDA- UMA HISTÓRIA DE CARTEL (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora