TRINTA E NOVE

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Juan

O Valentim teve um surto de raiva, quebrou metade da casa e está trancado no laboratório há quase três horas. Meu medo é ele ter entupido a bunda de droga e ter morrido lá dentro, minha mãe tá resolvendo umas coisas e eu estou a ponto de explodir de nervoso.

O Ector esteve aqui, me deu algumas informações, mas o cavalo do Valentim tá numa bolha do caralho que não me responde, vou tentar mais uma única vez.

- Valentim, abre essa porra cara. Eu vou sofrer um troço- realmente estou a ponto de ter um ataque de pânico, ele é como meu irmão mais velho, o Valentim fez e faz coisas por mim que o Henrique nunca fez.

Ouço o barulho da chave rodando, pelo menos ele está vivo.

- Some porra, me erra filho da puta- o olhar de fúria dele me assusta, com certeza ele usou alguma coisa- Vai para o caralho e morre- ele agarra meu pescoço- Aquele desgraçado do seu irmão vai ser entregue em pedaços para o filho da puta com quem ele tá trabalhando e se você não sumir e parar de bater nessa merda, eu vou cortar a sua cabeça e pendurar na frente da casa.

- Valen...- bato no braço para que me solte- Não... con...- minha saída é chutar a perna fudida dele, assim ele larga meu pescoço.

- Filho da puta!

- Você- busco por ar e está um pouco difícil, o cara tem uma puta força- Quase me matou desgraçado. Não tenho culpa dos erros do Henrique- escorrego pela parede até estar totalmente no chão, o ar ainda não circula bem no meu sangue- O Ector mandou isso.

Ele arranca o celular da minha como se fosse uma mina de ouro, é a localização da Estela, aquela vadia sempre deixa rastros. Burra.

- Porque não avisou antes imbecil!

- Eu tentei, mas você estava se fudendo de droga aí dentro.

- Cala sua boca, eu estava trabalhando ou esqueceu que tem a porra de um carregamento de sete milhões em heroína?

Ainda tem essa merda de carregamento, estamos todos pilhados. Não tem vinte quatro horas que o desgraçado do meu irmão estuprou a garota e vem essa porra de massacre, eu tenho certeza que tem dedo do dele nessa merda e ainda temos um prazo curto para entregar a droga, que merda, que merda!

A Martina é inocente para um caralho e não merece nada disso, o Valentim é um idiota, mas ainda usa o cérebro e por mais que ele negue, ele tá pilhado com medo de machucarem ela mais ainda.

- Eu sou um egoísta Juan, a Martina era uma garota alegre pra caralho- do nada o maluco começa a desabafar e confirma tudo que penso- Eu quebrei ela desse jeito, se ela tá sofrendo assim em partes é culpa minha. Se eu não a odiasse sem motivo e tivesse feito a guarda dela sem ser um egoísta quebrado do caralho- o Valentim tá chorando?- Eu descarreguei meus traumas nela Juan, a porra da frustração por não ter o amor de alguém, eu joguei numa garota inocente que não sabia as merdas que os pais faziam.

O Valentim é um cara forte, ele é extremamente obcecado por proteger as pessoas é como se fosse um pagamento por não ter acreditado na mãe e tem apenas duas pessoas que deixa ele maluco: Martina e Carmem. Por mais que ele diga aos quatro ventos que odeia a Martina, no fundo ele a ama, desde o primeiro momento que a viu.

- Não Tintim, a culpa não é sua... bom, alguma culpa você tem, mas a maior parte é culpa da Estela, ela que é uma péssima mãe- o abraço, é isso que ele precisa.

- Eu, o Pablo e o Henrique somos todos iguais, não tem uma única diferença.

- Tem sim! Você ama a Martina mais que qualquer outra pessoa, você só precisa saber lidar com isso.

- Ouvir o Pablo dizendo que ela não reclamou das carícias dele... caralho Juan, ela... ela era uma criança porra. Uma criança.

Ok, eu também posso estar chorando, essa coisa que homem não chora é uma mentira. 

- Valentim, isso não é culpa sua, mas o que acontecer com ela daqui pra frente será, se você continuar com sua bunda nesse chão ao invés de entrar no avião e ir atrás dela- as vezes é necessário ser incisivo e mesmo não sabendo se ele abriria a porta eu arrumei um avião e tem grandes chances da Estela nem esta mais aqui.

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Valentim

Essa merda tá me deixando maluco, a Estela não esta mais onde estava, não tem sinal da Martina e meu lado direito está todo fudido. Tem vinte minutos que estou esperando o Ector da algum sinal e o desgraçado parece ter sumido no mapa.

- Vai furar o chão desse jeito.

- Eu não tô com paciência para suas graças então cala a boca.

- Tem medo de morrer não?- ele aponta a pistola que estava limpando pra mim.

- Você não é nem doido de atirar em mim, nem doido.

O Juan é um cara esperto e hábil, ele tem a melhor mira que eu já vi e tem uma precisão incrível com fuzil e além disso é um ótimo médico, então facilmente ele me mataria sabendo exatamente onde acertar. 

Cada um tem uma função, eu faço as drogas e acompanho a Jimena em reuniões, o Juan é nosso médico e atirador e o Henrique costumava ser o negociador, aquele desgraçado tem uma lábia tremenda, não é a toa que é advogado. Por esse motivo ele entrou tanto na mente da Martina e ela não percebeu. 

- Valentim? Tá viajando hein. O Ector me mandou péssimas noticias... A Martina foi levada para Colômbia- que caralho. 

- Quero um avião pronto em dez minutos.

- Impossível, tem que ter pelo menos meia hora.

- Se vira, eu vou arrumar umas coisa e em dez minutos eu quero estar na rodovia indo pegar o voo- apertado é o Juan, ele que se vire para arrumar.

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Martina

- Tina, não fica muito perto, você pode se assustar e cair- meu pai tem muito medo que eu caia no lago.

- Eu sei nadar papai e o Jones é muito bonzinho, não é Jones?- ele sempre me trás aqui para ver o Jones, ele é tão lindinho.

- Oi Tina, tudo bem?- um homem mais velho se aproxima- Estica mais a mão- eu faço o que ele pede e de repente ele me empurra para o lago- Inocente apara caralho.

Eu não consigo subir até a superfície, é como se alguém me puxasse para baixo. O lago fica todo vermelho. Sangue. Ouço um homem falar comigo.

-  Cada sangue que foi derramado hoje é culpa sua, A CULPA É SUA.

Acordo assustada, que sonho terrível, sinto um pouco de dor na cabeça. Estou em um avião luxuoso e de frete para minha mãe.

- Mãe?

- Que foi? 

- Então não foi um sonho?- minhas mãos estão amarradas com algemas plásticas e meu braço esta dolorido- O que estou fazendo aqui?- sinto meus olhos queimarem, que caralho sou uma chorona medrosa.

- Indo para casa.

- Não, a minha casa é no Bras...- sinto algo picar meu pescoço e em segundo minhas pálpebras pesam e não vejo mais nada.


A PROTEGIDA- UMA HISTÓRIA DE CARTEL (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora