Martina
A noite foi até boa, mas minha cabeça parece que vai explodir. Foi a primeira vez que bebi assim.
- Bom diaaa!- a Regina entra gritando no quarto e minha cabeça lateja.
- Fala baixo- choramingo.
- Eu trouxe um remedinho, imaginei que estaria mal- eu me sento na cama e tomo o remédio. A Regina já tá pronta. Ela tem os cabelos pretos e estão num coque bagunçado, ela consegue ser menor que eu. O rosto dela é cheio de sardinhas, eu acho a coisa mais linda e os olhos cor de âmbar.
- Que horas são?
- Vinte para o meio dia- misericórdia, eu me levanto rápido e o mundo começa a girar muito rápido, minha glicemia deve tá no pé junto com minha pressão e meu estomâgo não gostou nada disso.
- Eu perdi a hora, que saco!
- Martina, não adianta correr, você tinha que estar na escola há quatro horas- poxa, ela podia ter me acordado- Duvido muito que conseguiria dar aula nesse estado.
Ela tem razão parece que tem um mundo de pedreiros batendo picareta na minha cabeça.
- Eu deixei algumas coisas prontas para você comer, lembre-se de tomar muita água e pelo amor de Deus, tranque a porta, tem doido para tudo que é lado.
- Pode parar, você anda por ai sozinha a noite- ela revira os olhos- Vou sentir saudades.
- Eu também. Volto em dez dias, te amo.
- Eu também te amo- eu faço um coração com as mão para ela, eu amo muito essa garota.
A Regina sai e eu vou fazer xixi e tentar comer alguma coisa, o que se torna insuportável devido ao enorme enjoo causado pela dor de cabeça, mas eu tenho que comer se não desmaio. Como sempre ela deixou um suquinho da imunidade para mim
Eu pego um prato e me sento pra comer, não lembro de quase nada da noite passada. Nada. Não sei como cheguei, não sei como troquei de roupa, não sei. A se o Valentim estivesse aqui, ele surtaria por eu ter perdido a noção e colocado....
- Para de pensar nele- eu digo batendo na minha cabeça. Vez ou outra eu penso nele, onde ele foi, com quem e se aquele ignorante ainda tá respirando.
Eu termino de comer e vou fazer umas compras, não tem quase nada para comer e eu tenho que comprar uns carimbos para atividades.
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Eu não tenho carro então eu vou a todo lugar de uber ou taxi ou carona. Não é fácil ter um carro, tem muito imposto e eu acho que minha carteira deve ter vencido.
Eu passo na papelaria e compro o carimbo e umas canetas novas e depois eu vou até o mercado, eu amo comprar coisas frescas e fazer.
- Oi Martina- quando me levanto vejo o Henrique.
- Oi, como vai?
- Bem, não gosto de vir ao mercado, mas não tinha quase nada lá em casa. Posso colocar isso embaixo?- ele esta com as mão cheias e eu aceno que sim com a cabeça- Espera rapidinho que vou pegar um carrinho.
Eu reparo nas compras dele, é semelhante a minha, o que é estranho para um cara casado.
- Você não devia levar mais coisas? Vocês só comem isso?- ele ri.
- Na verdade minha esposa não fica aqui o tempo todo, na maior parte das vezes é só pra mim mesmo- curioso.
- Ah sim, vocês tem filhos?- eu sei que não devia ser invasiva, mas não mata perguntar.
Ele pega o celular e me mostra uma foto, o garoto é lindo, parece ter um ano no máximo, a foto ele tá rindo enquanto o pai segura.
Aparece uma notificação com o nome Estela, deve ser da esposa e assim que a notificação chega ela começa a ligar.
- Tenho que atender, até mais- ele sai e eu continuo minhas compras.
Eu terminei era quase 16 horas, estou exausta.
Eu: oii, chegou?
Regina: tô quase, eu parei pra ir no banheiro várias vezes. O sol aqui tá rachando
Regina: vou entrar num lugar que não da sinal, então até mais. Te amo<3
Eu: juízo, nada de parar e conversar com estranhos, te amo<3
Deixo o telefone de lado e começo a organizar as compras, a primeira coisa que vejo é o pacote de miojo de tomate
- Não quero nem ver esse sabor na minha frente- eu jogo ele no lixo com toda raiva que ainda sinto dele. Filho da puta.
O Valentim era um cara supere legal antes, ela me tratava bem. Eu tô pouco me fudendo se ele sente ou sentia algo por mim, ele é um maluco, idiota.
- Se você era mesmo virgem, deveria ter sangrado e isso não aconteceu, blá blá blá. Idiota- todas as vezes que me lembro disso é como se estivesse naquela noite. Porque eu deixei chegar tão longe.
Termino de arrumar e esquento o que a Regina fez e faço uma salada só pra completar, antes de jantar eu preciso de um banho, um bom banho.
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A PROTEGIDA- UMA HISTÓRIA DE CARTEL (CONCLUÍDA)
Fiksi PenggemarMartina é uma jovem professora que batalha todos os dias para conseguir o que é seu e sua vida muda quando ela reencontra seu inimigo da escola: Alberto Rodrigues, que por coincidência (ou não) começa a trabalhar na mesma escola que ela.