QUARENTA E CINCO

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Valentim

O cheiro de hospital entra pelo meu nariz assim que recobro a consciência, estou sentindo meu corpo bambo e fraco e uma dor absurda onde fui ferido, encaro o teto por um longo tempo e começo a apensar em quão ruim eu sou.

Eu machuquei a Martina tanto quanto o Pablo e o Henrique e por castigo eu perdi a única coisa que poderia me salvar.

Um filho. Eu seria pai.

Pela primeira vez eu daria orgulho pra minha mãe.

Eu tenho uma vontade imensa ter uma família, ter uma linda esposa e filhos saudáveis.

Mas estou vendo que não mereço isso, nenhuma mulher merece ter um cara tão fodido com eu.

- Acordou princesa?- a voz desse cara tá começando a me irritar.

- Vai para puta que pariu Juan, para casa do caralho- tento me levantar mas a dor me paralisa

- Calma boi, você tá todo fodido cara.

- Não, imagina. O que você fez?

- Nada, as enfermeiras lavaram seu machucado e fizeram um ponto e que machucado feio- olho para minha perna e estou sem a roupa de antes e uma faixa na coxa- Fizeram um raio x novo e chuta? A costela estava quebrada e o osso descolou mas você não percebeu.

- A Martina foi pra casa?- sinto um nó na garganta ao falar isso.

- Sim, tem umas três horas.

- Estou aqui esse tempo todo?- que merda, o mundo acabando e o Juan me deu um tranquilizante de elefante, só pode- Você me deu um tranquilizante de elefante é?

- De elefanta- esse sorrisinho dele me irrita.

- Vai brincando, na hora que te pegar eu te parto no meio- tento me levantar mais uma vez e sem sucesso- Me ajuda aqui o caralho, eu quero sair desse lugar.

- Nem pense em ir atrás da Martina- ele me ajuda e que dor do caralho.

- Vou conversar com ela ou tentar. Ela perdeu muito mais coisa que eu- sinto meus olhos arderem, virei um chorão de merda.

- Valentim, deixa ela respirar pelo a amor de Deus- o agarro pela gola da camisa.

- Juan, ela precisa de apoio e eu vou dar isso a ela para compensar a merda que eu fiz e depois que estiver melhor, eu nunca mais vou aparecer na vida dela.

- Para de ser egoísta! Você quer que ela mude de ideia e vai aproveitar o momento de fragilidade para entrar cabeça dela, eu te conheço.

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Martina

Nunca estive tão mal como agora, eu preciso de um ombro amigo, gostaria tanto que a Regina estivesse aqui.

O efeito dos remédios passaram e estou sentindo um pouco de dor nos braços e abaixo da barriga, amanhã eu tenho um exame pra saber se tem algum vestígio da gravidez. Não cheguei a fazer um teste era só uma suposição, eu achei que não seria possível pois foi uma única vez e que estranho seria o Valentim sendo pai.

- Posso entrar?- a Jimena bate na porta e eu aceno que sim- Como você está?

- Estou com um pouco de dor, mas é suportável- a dor maior esta na minha alma e no meu coração.

- Trouxe para você- ela está segurando uma bandeja com uma sopa e água-Eu mesma que fiz, é bem leve.

- Obrigada, mas estou sem fome.

A PROTEGIDA- UMA HISTÓRIA DE CARTEL (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora