Senhor Demônio

Capítulo 6 - Carta Obscura

No dia seguinte, as primeiras luzes do sol iluminaram a mansão italiana com um brilho dourado, trazendo um raro momento de calma. A beleza serena da manhã contrastava com a tensão que pairava no ar. Um dos capangas do Senhor Demônio, um homem robusto e de rosto austero, caminhou rapidamente pelos corredores, segurando uma carta selada.

— Senhor Hollywood, chegou essa carta para o Senhor Demônio. — Disse o capanga, entregando o envelope com uma expressão neutra.

Hollywood, que estava no meio de um cigarro, ergueu uma sobrancelha ao pegar a carta.

— Obrigado, — disse ele com um tom casual, mas seus olhos traíam uma curiosidade crescente.

Com a carta em mãos, Hollywood dirigiu-se ao escritório do Senhor Demônio, seus passos ecoando pelos corredores silenciosos. Ao chegar à porta pesada do escritório, ele bateu firmemente.

— Entre. — A voz autoritária do Senhor Demônio soou do outro lado.

Hollywood abriu a porta e entrou no espaçoso escritório, onde o Senhor Demônio estava sentado atrás de uma imponente mesa de mogno, cercado por pilhas de documentos e uma atmosfera de poder.

— Chegou uma carta dos Torres. — Disse Hollywood, entregando o envelope com um sorriso sarcástico. — Parece que nossos amigos russos têm algo a dizer.

O Senhor Demônio pegou a carta, seus olhos estreitando-se ligeiramente enquanto rompía o selo. Ele leu o conteúdo com atenção, seu rosto inicialmente inexpressivo, mas lentamente transformando-se em uma máscara de suspeita e intriga.

A carta dizia:

Caro Senhor Demônio,

Aceitamos os termos do contrato, mas há uma condição crucial: você deve matar seu próprio pai para provar sua lealdade. Além disso, será necessário formalizar um contrato de casamento para unir nossas famílias como dito em nossa última conversa.

Atenciosamente,

Jack Torres

O Senhor Demônio fechou a carta com uma expressão pensativa. Ele sabia que a proposta dos Torres era uma jogada calculada, carregada de riscos e desconfianças.

— Parece que eles aceitaram. — Disse ele, sua voz fria e controlada. — Mas, como era de se esperar, há uma condição. Eles querem que eu mate meu próprio pai para provar minha lealdade. E mais, um contrato de casamento para unir nossas famílias.

Hollywood olhou para ele, a ironia habitual desaparecendo de seu rosto.

— Bem, isso é um pedido bastante ousado, até mesmo para os padrões deles. — Comentou, acendendo outro cigarro. — E o que você pretende fazer a respeito?

O Senhor Demônio ficou em silêncio por um momento, os olhos fixos em um ponto distante, perdido em pensamentos. Ele sabia que essa aliança era crucial, mas as condições impostas eram extremas, até mesmo para ele.

— Tudo está se desenrolando rápido demais. — Disse finalmente, sua voz um sussurro pensativo. — Isso só pode significar que há mais coisas acontecendo nos bastidores. Precisamos saber mais antes de tomar qualquer decisão.

Ele olhou diretamente para Hollywood, sua expressão agora determinada e calculadora.

— Quero que chame mais três homens de confiança. Você Viajará para a Rússia. Precisamos saber mais sobre as verdadeiras intenções dos Torres. Algo me diz que estamos prestes a entrar em um jogo muito mais perigoso do que imaginamos.

Hollywood assentiu, já se preparando mentalmente para a missão que viria.

— Considere feito. — Respondeu com um aceno firme, o sarcasmo agora substituído por uma seriedade pragmática.

Enquanto Hollywood saía para fazer os preparativos, o Senhor Demônio voltou a olhar para a carta, seus pensamentos um turbilhão de estratégias e possibilidades. Ele sabia que essa aliança, se bem manejada, poderia consolidar seu poder. Mas também sabia que qualquer passo em falso poderia significar a ruína de tudo pelo que ele havia lutado. E mais do que isso, teria que enfrentar o demônio pessoal que era a relação conturbada com seu pai.

A decisão estava tomada. Eles iriam para a Rússia, e ele faria o que fosse necessário para garantir que estivesse no controle, não importando o custo.