Capítulo 21 - Compaixão

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No vasto escritório da mansão italiana, o Senhor Demônio estava imerso em seus pensamentos sombrios, cercado por papéis e relatórios que exigiam sua atenção. A luz suave do entardecer banhava o ambiente, contrastando com a atmosfera carregada de tensão que pairava ali.

De repente, a porta se abriu silenciosamente, e sua mãe entrou, uma expressão de preocupação marcando seu rosto sereno. Ela caminhou até ele com passos leves, seus olhos fixos no filho com um misto de tristeza e determinação.

— Meu filho, por que você ainda não foi ver seu pai? — Ela perguntou suavemente, sua voz carregada de emoção contida. — Você sabe o quanto ele significa para mim. Mesmo com tudo o que aconteceu, ele é seu pai. Por que você o ignora tanto?

O Senhor Demônio ergueu os olhos para encontrar os dela, seu semblante endurecido pela dor e pelo ressentimento acumulado ao longo dos anos.

— Mãe, você sabe o que ele fez. Como ele me tratou... o que ele fez comigo quando eu era apenas uma criança. — Sua voz vacilou por um momento antes de continuar. — Eu não posso simplesmente ignorar isso. Não consigo perdoá-lo.

Sua mãe suspirou, aproximando-se ainda mais, uma mão gentil pousando em seu ombro tenso.

— Eu sei que é difícil, meu filho. Eu sei dos traumas que ele causou. Mas ele está morrendo, e talvez seja a última chance de fazer as pazes, nem que seja apenas por você mesmo. — Ela falou com suavidade, os olhos úmidos de compaixão maternal.

O Senhor Demônio desviou o olhar, lutando contra as memórias dolorosas que ainda assombravam seus pensamentos. A imagem de um pai distante, cruel e indiferente, ecoava em sua mente, alimentando o ódio que guardava há tanto tempo.

— Ele não merece minha compaixão. — Ele murmurou, mais para si mesmo do que para ela.

Sua mãe permaneceu em silêncio por um momento, deixando as palavras penetrarem antes de responder.

— Talvez não mereça. Mas você merece paz, meu filho. E às vezes, perdoar não é sobre a outra pessoa. É sobre liberar o peso que carregamos dentro de nós mesmos. — Ela disse com tristeza palpável.

O Senhor Demônio ficou em silêncio, o conflito interno refletido em seu rosto endurecido. Ele sabia que ela estava certa, mas o ressentimento era uma âncora difícil de soltar.

— Eu... vou pensar sobre isso. — Ele finalmente disse, sua voz mais suave, quase resignada.

Sua mãe assentiu, um sorriso triste curvando seus lábios.

— Isso é tudo que eu peço. — Ela respondeu, antes de se afastar lentamente, deixando-o sozinho com seus pensamentos turbulentos.

O Senhor Demônio observou-a partir, um nó de emoções apertando sua garganta. Enquanto a luz do entardecer desaparecia lentamente, ele se viu confrontado não apenas com as responsabilidades de seu império, mas também com as sombras de um passado que ele tentava desesperadamente deixar para trás.

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