Capítulo VIII • Angústia

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[ 21:30 P.M. ]
| Ainda na sala de cinema |

Só com aqueles intermináveis minutos acomodada naquela maldita poltrona de cinema, eu entendi. Eu finalmente entendi que tinha total e absoluta razão por preferir ficar em casa. Em meu quarto. Em meu conforto.

Meus atuais medos foram totalmente atualizados, e os filmes de terror alcançaram o top 3. Só perdem para baratas, no top 2, e por perder quem eu mais amo, no privilegiado e merecido top 1.

Todos os meus meios de me distrair e de não prestar atenção naquele longa assustador que se era passado em uma tela grandiosamente grande, já tinham se esgotado.
A pipoca? Totalmente ingerida.
A cota para ir no banheiro? Mais do que atingida e estourada.
Sono? Bloqueado inteiramente pelo temor daquele maldito filme. Ou seja, estava encurralada, como nunca achei que estaria.

Por que eu ainda tento combater esse meu medo, hein?
Por quê, caramba?!

Bakugou: com essa mão na cara, 'tu 'tá vendo alguma coisa? ― pergunta-me, elevando o tom de voz perante os demais gritos ardidos que ecoaram por toda aquela sala.

Liah: quem disse que eu quero ver algo, hein? ― sua risada breve marca presença e eu apenas continuo daquela forma, com as palmas de minhas mãos bloqueando o meu campo de visão. ― podemos dizer que... esse gênero de filme não faz o meu estilo, sacou? Não mesmo.

Bakugou: terror? ― mais gritos são ouvidos e eu me encolho na poltrona, sem precisar nem responder esse garoto. ― tsc! Quando eu acho que não tem como você ser ainda mais previsível e estúpida, você vem e revela o contrário.

Às vezes, ele é tão desnecessário.

Liah: será que, pelo menos uma vez, você poderia respeitar a opinião, ou o gosto de alguém, que é diferente do seu? Obrigada. ― sorrio, sarcástica.

Um silêncio ensurdecedor, estimulado não só pelo fim da minha conversa com o Bakugou, mas também pelo cessar de sustos daquele filme aterrorizante, tomou conta de toda aquela área.

Zelando para não avistar na tela nenhuma cabeça rolando pelo chão, observei o meu redor, embora escurecido. Não consegui identificar muita coisa, mas a Mina e o Kirishima nem ao menos prestavam atenção no filme. Poderiam estar conversando, ou até dormindo, mas não.

Alguém me diz quando que essa sala de cinema virou motel para os dois ficarem se agarrando?

Liah: nojento. ― resmungo à mim mesma, apoiando a minha cabeça e meus braços naquela poltrona confortável. ― sabe... ― suspiro, prevendo o meu possível arrependimento por puxar uma conversa com um garoto que ainda odeio profundamente. ― eu fiquei surpresa ao saber que você viria conosco. Não achei que era do seu "tipo" sair com os colegas de noite.

O que não fazemos para não sentirmos o peso da vela nos atingir completamente, não é mesmo?

Bakugou: meu "tipo"? ― conseguia sentir o seu olhar sobre mim, apesar da densa escuridão daquela sala. ― depois diz que sou eu que fico rotulando as pessoas, não é?

Liah: eu não disse isso, cara. ― nego, com um sorriso ladino no rosto. ― ah, esquece. Eu só... achei que você fosse ficar no seu quarto. Sei lá. Fazendo coisas mais importantes do que isso aqui. Até porque, confesso que eu queria, mas a Mina me fez mudar de ideia.

Bakugou: sei como é. ― ouço o seu pesado suspiro. ― aquele merda ali, de cabelo tingido, também teve a audácia de insistir para mim vir nessa merda.

Liah: não adianta reclamar agora. Você veio, poxa. ― dou de ombros, risonha.

Novamente um silêncio ensurdecedor se fez presente, tanto entre mim e aquele garoto, quanto entre todos nós e o filme. Nem ao menos olhei para a tela, já sabendo que era agora que mais uma cabeça sairia rolando por aí.

De Repente, Você. (O Encontro)Onde histórias criam vida. Descubra agora