Capítulo XXXVIII • O Baile

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[ 21:30 P.M. ]
| Próximo ao salão de festas |

Levou-se mais tempo do que imaginava até chegarmos aqui, na bendita festa de formatura.

Além do trânsito ser uma merda nesse horário da noite, em pleno domingo, ainda tivemos que recorrer a atalhos longínquos, para que não chamássemos atenção indesejada. ― pelo bem de todos, tentei não me importar com isso.

Kirishima dirigia bem e, creio eu, levaríamos muito mais tempo se tivéssemos chamado qualquer outra pessoa para dirigir por nós. Estacionamos um tanto longe do salão, novamente fugindo do risco de chamar atenção indesejada. Apesar da distância, era possível ouvir com clareza a melodia das músicas pesadas, tanto no toque quanto na letra, que o DJ colocava para tocar na pista. Cheguei a votar na enquete sobre o gênero das playlists, mas não valeu de nada. O bendito ritmo do Funk ganhou estourado.

Prometi à mim mesma que não reclamaria dos atalhos e das tentativas humilhantes para não sermos avistados por quem não queríamos, mas estacionar o carro naquela região, tão longe do salão, acabou comigo. Meus sapatos eram confortáveis, até certo ponto. Como, por exemplo, o ponto de ter que caminhar por mais de 20 metros de distância.

Liah: argh! Eu odeio isso!

Parei por um instante, tentando recobrar meu fôlego e paciência, embora as dores nos tornozelos fosse insuportável.

Bakugou: já é a quinta vez que você reclama, garota. Não percorremos nem um quarteirão, p*rra. ― declara, indignado com a minha indignação.

Liah: diz isso porque não é você que está usando saltos. ― ele volta a caminhar, ignorando-me. ― idiota.

Insisti na minha própria persistência, mas me enganei. Não aguentaria dar mais um passo enquanto usasse aqueles saltos assassinos de pés.

Bakugou: o que você 'tá fazendo? ― ele pergunta, vendo-me sentar no próprio meio-fio da rua. ― não cansa de ser ridícula, não é?

Sem paciência, apenas lhe mandei um belo "dedo do meio" e retomei ao meu árduo trabalho: tentar encontrar meus pés abaixo do volume daquele vestido e ainda desafivelar os saltos deles.

Foi então que Katsuki, em meio a resmungos de irritação, veio até mim, se ajoelhou logo a minha frente, afastou minhas mãos e se pôs a me livrar daquele martírio de saltos altos.

O alívio foi imediato e eu agradeci pela atitude com um simplório sorriso. ― conheço o Katsuki, e se eu agradecesse em alto e bom som, com um educado "obrigada", o clima ficaria pesado, e vergonhoso.

O resto da caminhada foi muito mais tranquila. Meus pés ainda doíam, mas não como doíam quando possuía dois saltos presos neles. Atravessamos a entrada do salão com rapidez, para não chamarmos muita atenção. Embora eu garante que foi impossível. Além de chegarmos em um horário desapropriado, não lembro de ter comentado com nenhum dos meus "amigos" sobre o meu "par" para a festa.

Eles se surpreenderam com a presença do Katsuki. Não queria que se surpreendessem. Não queria que viessem me questionar. Não queria que sequer nos encarassem enquanto caminhávamos até um interior mais reservado, e silencioso, do salão.

Porém, quando percebi como Bakugou estava com relação a isso, desconsiderei qualquer preocupação.

Liah: não acredito que me virei nos trinta para conseguir essa maldita máscara, e no fim, não vejo ninguém usando. ― comento, quebrando o silêncio existente entre nós dois com palavras, em vez de músicas juvenis potentes. ― que estúpido.

De Repente, Você. (O Encontro)Onde histórias criam vida. Descubra agora