Capítulo V • Mergulho

35 4 14
                                    

————— ※ ·❈· ※ —————

Eu nunca quis tanto o meu quarto quanto naquele momento.

Não demorei mais qualquer minuto no meio daqueles garotos estúpidos. Assim que retirei o meu cartão das mãos do tal de Bakugou, cruzei o corredor e usei as escadas para chegar ao meu quarto. Não me importei se as minhas pernas sofreriam de uma câimbra mortal após subir os milhares de degraus até o terceiro andar dessa pousada. Contanto que eu voltasse para o meu quarto e pudesse desaparecer do olhar de todos, enquanto vestida dessa forma, eu estaria MUITO satisfeita.

Meu pai já não estava mais em meus aposentos, então simplesmente alcancei a chave e tranquei a porta, sentindo o alívio, e a segurança, daquele cômodo tomar conta de meu ser. Escorreguei da porta até o chão e fiquei ali por um tempo, segurando firmemente o cartão acima de meu peito, que não deixava de subir e descer com rapidez, graças ao fôlego perdido e toda a energia esgotada após escalar tantos degraus.

Não esperei mais nem um minuto.

Enquanto consumia aquele café da manhã caprichado, e que nem sequer dei a devida atenção e o devido agradecimento ao meu pai, alcancei o meu celular, disquei o número do Sebastian e o adicionei a minha lista de contatos, que salvou-o automaticamente no WhatsApp. Levei o tempo de terminar um copo grande e cheio de suco de laranja para decidir o que mandaria para ele na caixa de mensagens. Demorei, mas no fim, enviei:

Eu:
Oii :-)
Aqui é a Liah, Liah Dias
A garota que a sua cachorra Britney derrubou no Calçadão
Ainda se lembra?
Você me passou o seu número e disse que poderia enviar uma mensagem quando quisesse ;)
Espero que não esteja te atrapalhando
Me responda quando puder <3

A cada palavra que escrevia e enviada, era um pouco da minha alma se esvaindo e vindo novamente.

Um vai-e-vem peculiar e angustiante, mas que eu gostava de sentir.

Minha coragem sempre teve o seu limite muito bem determinado, e com certeza ter essa atitude o ultrapassava, e muito. Mas... por algum motivo, eu queria ver até onde isso iria.

Foi o destino que nos fez se cruzar naquele Calçadão, eu sei que foi.
E com destino não se brinca.

[ 13:00 P.M. ]

Já haviam se passado algumas horas, e nada da resposta daquele homem no Whats. Se não me engano, o enviei fazia mais de meia-hora, e nada. Já olhei umas vinte vezes e nem ao menos há dois daqueles certinhos no canto da mensagem.

Minha mente não parava de cogitar hipóteses para aquilo estar acontecendo.

Tinha viajado tanto na maionese, tinha sido TÃO ansiosa, que foi um choque para mim ver que as mensagens nem sequer chegaram no celular dele.

P*rra! Eu pensei tanto antes de enviar e ele nem viu ainda! Isso não é justo! Não com a minha ansiedade e falta de paciência!

Será que ele me passou o número errado?
Mas... por quê? O número estava em um cartão empresarial, daqueles chiques, com logomarca brilhante e tudo! Nunca que a pessoa gastaria para fazer a merda de um cartão com o número errado, não é?

Com tantas e tantas ideias em mente, acabei desistindo até mesmo de pensar e decidi que iria me distrair hoje.

A minha vida não é resumida apenas em esperar um lesado me responder! Eu tenho uma tarde inteira ainda, e o Sol 'tá um arraso lá fora. Chega de ficar trancafiada nesse quarto idiota pensando em macho, caramba!

[ 13:18 P.M. ]

Troquei de roupa e vesti um biquíni por baixo de meu short jeans, de tamanho mediano, e da minha blusa regata de cor branca.

De Repente, Você. (O Encontro)Onde histórias criam vida. Descubra agora