Capítulo XXXV • Impetuosidade

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~ 02 de Fevereiro ~
~ Sexta-feira ~

Ainda ontem, havia descoberto que não estava no mesmo esconderijo de antes. Era outro. Aliás, muito mais moderno e seguro.

Tinha saído para tomar um gole d'água na madrugada, mas acabei desistindo quando percebi que o caminho que peguei em direção a cozinha acabou em um cômodo diferente e que não conhecia. Pensei em questionar o Katsuki sobre isso, mas não tive a coragem de interromper seu sono magnífico por uma besteira dessa.

Na manhã que prosseguiu aquela madrugada, acordei sozinha em minha mais nova cama. Não me surpreendi, pois já esperava isso, e compreendi a clara razão. Bakugou teria que ir embora em algum momento, antes que o risco do meu pai, ou de qualquer outra pessoa, escancarar aquela porta e nos pegar juntos em uma cama aumentasse consideravelmente. Portanto, criei vergonha na cara e deixei aquele colchão e seu edredom aconchegante e perfumado. ― e que perfume.

Depois que despertei e me aprontei para um novo dia, em um novo lugar, meus pais, Edgar e Agatha, e até mesmo a minha priminha, Zaya, adentraram em meus aposentos. O reencontro entre nós foi incrível. Uma mistura peculiar e deliciosa de risadas, choros, pulos, giros e muito carinho.

Fiquei muito feliz por ver que todos estavam bem, principalmente Agatha. Quando Dabi a feriu daquela maneira, usando-a como pretexto para que eu aceitasse acompanhá-lo ― e acabei acompanhando-o. ―, não parei de pensar no seu estado. Mas agora, vendo-a aqui e assim, tão viva e risonha, vejo que tudo acabou bem, felizmente.

Apesar disso, eu estava ciente de que agi mal.

Podia ter impedido que tudo aquilo ocorresse contra nós duas.
Podia ter colocado em prática o que aprendi com aquele livro.
Podia ter utilizado minha individualidade e a fazer deixar de ser tão inútil para mim.
Porém, não fiz nada disso. Por medo. Por falta de confiança. Por falta de conhecimento.

Além de ter pensado em Agatha, em toda a minha família e em quem mais amo sobre a face dessa Terra durante meus momentos presa e nas mãos da Liga, também abri espaço para refletir sobre isso. Sobre o poder que possuo, e as possíveis habilidades que estão ocultas adentro de meu ser; e em como elas podem me ser úteis atualmente.

Embora tenha levado mais tempo do que imaginava, tomei uma decisão definitiva, imutável e que via como repleta de coragem sobre esse específico assunto.

Não sei se estaria fazendo o certo e o aceitável, mas o meu coração dizia isso. Talvez o início será difícil, mas o que sinto em minha alma, releva como poeira fútil todo e qualquer sentimento de lamento e arrependimento.

Vai dar certo.
Eu confio que vai!

Agatha: ah... Você está falando sério, Liah? ― questiona, balançando com o pé o carrinho de bebê que mantinha minha prima muito bem confortável.

Liah: estou, Agatha.

Agatha: bom... Okay, 'né? Por mim, tudo bem. ― se volta para o meu pai, unindo sua mão a dele. ― Ed? O que você acha?

Meu pai parecia nervoso, e com razão. Sua filha acabara de lhe contar a decisão que tomou: treinar a sua individualidade, que desde sempre renegou, com todas as suas forças e comprometimento.

Sei que se trata de algo muito brusco e inesperado, mas o meu pai não tem o que fazer. Eu já decidi, e quero mais do que nunca trazer honra e proteção à eles, usando a minha individualidade da maneira que deve ser. Usando-a para o bem. Para a segurança deles e de todos que amo.

De Repente, Você. (O Encontro)Onde histórias criam vida. Descubra agora