Capítulo XXIII • 𝘕𝘰𝘴𝘴𝘰 Escape 1.0

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[ 23:45 P.M. ]
| Ainda no Hospital Central |

Eu nunca passei por uma tarde tão entediante como a de hoje.

Eu simplesmente fui obrigada pelos médicos, pelas enfermeiras e pelos meus próprios pais a ficar presa naquele maldito quarto há tarde toda. Realmente, há tarde toda.

Eles usavam a desculpa idiota de que eu precisava de repouso, para ter uma recuperação mais rápida e blá-blá-blá. Eu até acreditava nisso, e confesso que às vezes precisava mesmo descansar, pois sentia um cansaço imenso.

Entretanto, eu também não quero passar o resto dos meus dias nesse hospital, estirada naquela cama desconfortável, tendo que encarar o mesmo quadro paradisíaco pintado à mão, acoplado aquela parede de tons claros. Excessivamente claros.

Por esse mesmo desejo de me ver logo livre daquelas quatro paredes, aguardei tal horário tardio, quando o movimento do hospital diminui, para colocar o meu plano de escape em prática. Agora, certamente, meus pais devem estar em seus quintos sonos, acreditando que eu também estou. ― só que não, 'né?
Portanto, a melhor hora de agir é agora. Sem dúvidas.

Sentindo-me uma foragida de uma cadeia, vesti um largo moletom de capuz, um short jeans e chinelos silenciosos, que produzem passos silenciosos.

Ingeri alguns remédios que me foram medicados, encobri minha face com o capuz e, com sutileza, deixei o meu tedioso quarto. Prestando a devida atenção em tudo à minha volta, percorri os corredores, atrás de meu objetivo principal nesse "plano de escape": refeitório.

Como eu queria conhecer, e degustar, aquele refeitório. Fizeram muita propaganda sobre ele, estimulou uma baita expectativa em mim, e agora eu quero comprovar isso ao vivo e a cores, independente das "ordens" que me foram dadas, e prescritas. ― repouso, repouso e mais repouso.

De longe, já no refeitório, observara uma moça no balcão, certamente a atendente, concentrada em seu aparelho celular. No mesmo balcão, haviam diversas guloseimas. Diversas mesmo. Parecia o próprio paraíso dos viciados em doces, como eu. Ou, daqueles que não degustam um há tempos, também como eu.

Minha boca salivava ao encarar aquele bolo de cenoura, com uma cobertura adocicada de chocolate e granulado. Os donuts então... Ah, que visão dos deuses!

De repente, a mesma moça que se encontrava naquele balcão repleto de tesouros comestíveis e irresistíveis, levou o seu celular ao bolso de seu jaleco e, após breves segundos alongando-se, expressou o seu cansaço com um longo bocejo e simplesmente saiu, por uma porta que não era a mesma onde estava. ― felizmente. Estava ali, logo a minha frente, a minha deixa para agir.

Sendo cautelosa nos movimentos, abri uma portinha do balcão e entrei, tendo agora acesso total àqueles adoráveis doces. Escolhi com calma, certificando-me de que não havia ninguém por perto. Por fim, alcancei um pote em outra ala daquele refeitório e guardei nele mais de três donuts. ― cinco, para ser mais exata e sincera.

Bakugou: roubando doces do refeitório de um hospital? ― sua voz ecoa por todo aquele recinto, quase levando os meus doces ao chão, graças a sua aparição inesperada e o susto que sofri por ela. ― a que nível você chegou, hein garota?

Minimamente recuperada do espanto da presença daquele loiro aqui, me reergui detrás do balcão, retomando à posição ereta. Ao observar o garoto com mais atenção e cuidado, constatei que se tratava realmente do Katsuki Bakugou.

Debruçado sobre o vidro brilhoso que resguardava aquelas apetitosas guloseimas, Bakugou me encarava, como se procurasse enxergar até a minha própria alma usando aqueles seus malditos e maravilhosos olhos carmesim. ― odeio admitir, mas esse tipo de olhar acaba comigo. Acaba.

De Repente, Você. (O Encontro)Onde histórias criam vida. Descubra agora