Capítulo IX • Convite

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~ 01 de Dezembro ~
~ Sexta-feira ~

Passou-se dois belos e tranquilos dias desde aquela fatídica noite de cinema.

E hoje, sendo o dia primeiro de um novo mês, encaro como um recomeço total. Sempre vejo assim, como se todos os acontecimentos do mês passado fossem descartados em uma lixeira que os manterá por apenas 30 dias, até serem totalmente apagados. ― claro, eu escolho quais acontecimentos vão para essa lixeira, mas isso não vem ao caso agora.

Ainda naquela noite agitada de cinema, acabei aceitando realizar uma consulta breve em uma das ambulâncias vagas, contribuindo para a despreocupação de meu pai. ― muito exagerado por sinal. Os médicos me atenderam e eu saí da ambulância sem qualquer indicação de medicamento, apenas de repouso, por via das dúvidas. Não apresentava qualquer sintoma de estar prestes a perder a consciência, de sofrer uma convulsão, ou algo do tipo, pelo choque que sofri na região da cabeça.

E bom... Os médicos estavam certos. Afinal, até hoje, depois de dois dias, estou ótima, como se nada me tivesse acontecido. Minha cabeça nem dói mais. Com toda a certeza, foi apenas o susto do momento. ― confesso que bateu um alívio sim.

Já lá fora, acompanhando, juntamente de alguns curiosos, o direcionamento dos assaltantes que causaram toda essa confusão angustiante em uma noite de cinema até o camburão da polícia civil, reencontrei a Mina, o Kirishima e o Bakugou, que se manteve um tanto longe de nós, como sempre. Todos estavam ótimos, sem um arranhão, o que me deixou mais tranquila.

Tudo acabaria bem. Sairíamos ilesos; meu pai, com o seu carro, nos levaria de volta para casa; e eu teria uma boa noite de sono para descansar. Porém, o meu pai, com uma gratidão que nunca percebi antes, simplesmente agradeceu o Katsuki, como se fossem amigos há mais de uma década, com um forte aperto de mão. Sobre o que ele agradeceu? Ah, por nada. Apenas por ele ter me protegido. ― vê se pode?! Eu fiquei p*ta 'pra cacet*!

Tudo o que ele disse ao Bakugou, todo o agradecimento desnecessário, me deixou sem palavras. Até mesmo a Mina e o Kirishima ficaram pasmos, como eu.

Meu pai agradecendo o Bakugou por ter me protegido?! Como assim?!
Argh... Eu odeio ser vista como ingênua e frágil. Ainda mais nessas condições. Ainda mais na frente desse loiro idiota, e que adora pegar no meu pé citando o quanto aparento ser "fraca" e "ingênua".

Apesar de toda essa situação, fui compreensiva. Restando-me somente concordar com as falas do meu pai e engolir esses agradecimentos da parte dele ao Bakugou. Apenas isso, para não negar tudo e mandar o meu pai parar de falar merda de uma vez por todas. ― uma ideia totalmente fora de questão.

Bom... Tirando essa situação constrangedora, o resto da noite, e desses dias em paz, foram como eu nomeei, em paz. ― creio que nunca quis tanto relaxar, e me sentir segura. Foi um susto do caralh*.

[ 09:40 A.M. ]
| No quarto da Liah |

Não havia contado no relógio, mas acredito que, de acordo com os movimentos dos ponteiros, já estava acordada a mais de seis horas. Sem brincadeira, o meu sono tinha desaparecido logo de madrugada, há umas três ou quatro horas, e a partir desse momento, não consegui mais encostar a cabeça no travesseiro e dormir.

Nunca tive uma insônia tão forte, mas eu até conseguia compreender o porquê.

Minha cabeça não estava doendo, só que com tudo o que se passava na minha cabeça, eu sabia que ela logo voltaria a doer. Seria só questão de tempo. As pautas que se eram discutidas pelos meus neurônios envolviam diversas coisas, porém, a maioria, estava muito bem voltada aquela noite de cinema, que não deixa a minha mente em paz.

De Repente, Você. (O Encontro)Onde histórias criam vida. Descubra agora