Capítulo não revisado
Me sento no sofá, Camélia olha um dos papéis e Lorenzo outro. Eu olho para a lareira da sala, a cena toda passa na minha cabeça, a dor da perda invade meu ser.
-Pai, eu conheço essa voz de algum lugar, mas não sei onde.- Kenny fala.
-Ele vai entrar em contato e marcar um novo lugar, eu irei com vocês, talvez eu reconheça.-Lorenzo me olha aflito.
-Eu conheço essa voz.-Falo baixo, quase sussurrando. -Ele quer que eu sinta a dor de cada mãe...
- Se esse cara quer que você passe por cada dor, então ele vai te dar a incerteza de saber se seu filho está sendo mortou ou outro bebê. -Kenny diz.
-Não entendi. -Olho para ele confusa.
-Ele vai "matar" o Alex de todas as maneiras que você matou aquelas crianças e vai fazer você ficar desesperada para salva-lo, mas pode ser que ele apenas mate outro bebê . O intuito dele é só brincar com seu psicológico e nada mais.
-Isso faz sentido, Ethan.-Camélia fala.- Talvez ele nem queira matar seu filho e sim você.
-Por quê ele simplesmente não me mata?
-Seria fácil demais.- Lorenzo diz.
-Ele sabe que uma mãe é capaz de tudo pelo seu filho, até dar a própria vida por ele.-Camélia suspira. - Estamos lidando com um sociopata.
-Ele quer me matar por dentro...-Abaixo a cabeça chorando.
Ter meu filho de volta se tornou impossível. Eu sei o fim que dão em bebês e isso me mata toda vez que penso no que podem fazer à ele.
- Tudo bem por aqui? -Garrett entra. -Olá, Lorenzo.
-Oi, Garrett. Olá, Benjamin.
-Amor, está tudo bem? -Benjamin senta ao meu lado. -Katherine , me olha.
-Querida, você está bem? -Garrett me pergunta.
Olho em seus olhos , ódio é o que senti ao ouvir isso. Me levanto para dar um soco na cara dele, Kenny fica na minha frente impedindo que eu cometa uma loucura.
-Calma, ataques agora não. -Kenny sussurra.
-Nunca mais me chame de querida. -Falo entredentes.
Kenny me puxa para fora, não questiono nada, apenas o sigo. Entramos na trilha, andamos por cinco minutos, depois diminuímos os passos.
-Certo, agora é só eu e você.-Ele para e se senta em uma pedra. -Sabemos que esse cara é conhecido e que quer algo. Sabemos também que não quer seu dinheiro ou seja, ele quer vingança.
-Kenny, criamos uma longa lista de inimigos, isso é procurar uma agulha no palheiro!
-Você reconheceu a voz , não foi? -Ele me encara.
-Eu ja ouvi aquela voz em algum lugar, eu sei quem é, mas parece que tem algo me bloqueando e eu fico louca por não saber quem é. - Eu ando de um lado para outro.
Começo a chorar, na verdade as lágrimas caem por si mesma. Eu sei de quem é essa voz. Eu sei.
-Esse cheiro... Katherine, cheira isso. -Ele me entrega os papéis e encosto no nariz.
-Eu não conheço...-Cheiro mais uma vez. -Não, não conheço.
-Eu sei que você vai acabar descobrindo quem é.-Ele me abraça. -E eu vou tortura-lo com você.
Voltamos para casa, Camélia havia saído com Lorenzo, Kenny disse que ia ver a Claire. Perguntei para onde o Ben foi, ele disse que ia resolver as coisas da forma dele. Garrett disse que ia com ele, então resolvi deitar.
Passo no quarto do meu bebê. Ele é tão pequeno, mas deixou um vazio infinito, eu não vou suportar perde-lo, deixar que meus inimigos se vinguem nele.
Deixo a banheira encher, encaro a figura no reflexo, pálida, sem vida e cheia de manchas roxas. Respiro fundo, meu corpo parece morto, minha vida foi tirada quando levaram meu filho.
Me sento no meio da banheira. Encaro a parede cinza do meu banheiro. Eu conheço aquela voz, é como se eu vivesse com ela...
Dez anos atrás...
Uma borboleta pousa na palma da minha mão. Eu espero que ela pare de bater suas asas. Então fecho minha mão , sinto suas asas baterem, pedindo liberdade para voar.
-Vai matá-la? -Um homem se senta na cadeira ao lado.
-A vida dela pertence à mim.-Respondo.
-Por que não acaba com o sofrimento dela? - Pergunta.
-Por isso não irei mata-la, eu quero ver até onde ela pode sofrer.
Seguro nas suas asas arrancando-as, então coloco ela no chão. Olho para o homem ao meu lado.
-Como se chama? -Ele pergunta olhando em meus olhos.
-Katherine.-Falo olhando a borboleta.
-Katherine... -Ele fala meu nome em voz baixa. -Você me lembra alguém.
-Todo estranho que conversar comigo diz a mesma coisa.-Me levanto, tenho que ir para casa.
-Onde vai?-Ele me chama. -Hey, posso te acompanhar?
-Não quero sua companhia.
-Não vai me perguntar quem eu sou ou meu nome...-Ele pergunta e me viro para olha-lo.
-Não me interessa quem seja você, muito menos saber seu nome.-Volto a caminhar.
-Pode me chamar de Lou.-Ele fica em silêncio.- Ainda vamos nos encontrar, querida.
-Tanto faz... -Falo baixo, coloco meu capuz e sigo meu caminho.
Presente.
Lou.
Merda.
Tudo vem a tona, é ele. A voz é dele. Não pode ser, isso é algo tão improvável, alguém distante assim...
Me visto rápido, ligo para Kenny voltar para casa, ele disse que esta chegando . Desço e fico esperando ele na sala.
Como sou burra por não ter percebido, porra! Sei onde meu filho está, ou pelo menos sei quem matar. Ouço um barulho de algo batendo na porta, pego a arma do Lorenzo e abro a porta.
Ninguém, olho para baixo e tem uma caixa preta, olho mais vez para ver se não tem ninguém, pego a caixa e entro. Deixo a arma de lado e cautelosamente abro a caixa e me deparo com algo que me surpreende.
A caixa está cheia de borboletas mortas. Pego uma asas, todas estão sem asas e suas asas de toda forma estão aqui. Jogo elas na lareira e um papel cai no fogo e antes que queimasse eu o tiro do fogo.
É uma foto de quando eu tinha oito anos, eu estava caminhando, a câmera me pegou quando eu estava colocando o capuz.
-Que foto é essa, Katherine?- Kenny pega e olha. -Essa é você?
-Sim... -Respondo baixo.
-Quem tirou essa foto? -Ele me olha.
-Eu conheci um homem quando eu tinha oito anos...
-Foi no mesmo ano da falsa morte do Johnatan?
-Foi, ele tinha morrido semanas antes e eu ia todo dia no parque onde ele sempre me levava.
-Katherine, você está bem?
-Ainda vamos nos encontrar, querida... -Sussuro o que me disse naquele dia.-Kenny, eu sei quem levou meu filho.
-Quem levou meu filho? -Benjamin entra com Garrett.
-Amun Gothan.-Falo olhando para Kenny concordar.
Não sei quem aqui trabalha pra ele, mas a certeza eu tenho, tenho um traidor debaixo do meu teto. Se é pra ser sociopata, que sejamos.
Ele não sabe quem ele despertou e não tem noção do demônio que esta acordado em mim.
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Devilish (RETIRADA 10/12)
HororSaga Obscure Mind : Livro dois - Devilish Quando se está cara a cara com o inferno,você percebe que poderia ter evitado caminhar por esse caminho. Percebe que deveria não ter feito certas coisas e que deveria ter feito certas coisas. Um turbilhão...