Alguns quilômetros antes de chegarem à cidade, Lucas pegou um desvio e estacionou em uma parada de viajantes à beira da estrada. O local era retirado, mas contava com um belo complexo comercial.
– Você precisa comer. – Ele afirmou, descendo do carro.
Ana achou engraçado porque em nenhum momento ela reclamou de fome. Lucas tinha sugerido que almoçassem na capital antes de pegar o caminho de volta, mas ela estava incomodada, queria voltar para casa, tirar aqueles saltos torturantes e trocar de roupa. A camiseta que ele havia emprestado a ela era macia, perfumada e... imensa!
Lucas abriu a porta para ela e apoiou a mão em suas costas, conduzindo-a até o estabelecimento com restaurantes e lojas. Ana achou fofo ele querer andar com o braço em torno dela, mas percebeu o sentido de posse que o gesto empregava. Eles escolheram uma mesa e pediram um café. Ele comprou um sanduíche para ela, e nada para si.
– Lucas... não sei se quero comer.
– Você vai comer. Está muito magra, precisa se alimentar melhor.
– E você? Não vai comer?
– Não.
– Ah, você pode não comer! Por que eu tenho que comer?
Ele a ignorou solenemente e levou a xícara aos lábios, mantendo os olhos atentos por trás das lentes escuras. Contrariada, ela pegou o sanduíche e deu uma mordida. Para sua surpresa, seu estômago roncou em resposta e, depois de tanto tempo sofrendo com a falta de apetite, ela devorou o lanche com gosto.
– Vou te levar pra minha casa hoje.
Ana suspirou, irritada por ele ter apenas decidido isso sozinho.
– E eis que surge o "Controlador-Mas-Só-Um-Pouco" na conversa...
Lucas tirou os óculos e a encarou, o vinco entre os olhos denunciando o mau-humor iminente.
– Qual é o problema, Ana?
– "Oi Ana, então, eu estava pensando... agora que nós somos alguma coisa, será que você gostaria de passar a noite na minha casa?" – ela ironizou, se dando conta de que era a primeira vez que ele se referia à própria casa como sendo dele.
Era um dia cheio de primeiras vezes.
– Você não quer ir pra minha casa? – Ele questionou, enfadado.
Ana se lembrou da Jacuzzi e dos lençóis de algodão egípcio de um milhão de fios, e sua contrariedade vacilou.
– Não é que eu não queria ir para lá, seria até legal...
– Então por que você está criando caso com isso?
– Eu não estou criando caso!
– Está sim!
Ana bufou. Por que os homens tinham que ser tão obtusos?
Lucas suspirou. Será que existia no mundo uma mulher capaz de falar exatamente o que queria?
– Eu achava você bem mais legal antes você ser policial – ela fez um gesto com a mão como quem espanta um mosquito.
– Eu sempre fui policial, Ana. – Ele respondeu, apático.
Ela percebeu que ele já havia abandonado o café e tinha um olhar cansado. Ele enfiou os óculos escuros no rosto de novo e, como já era fim de tarde, ela concluiu que ele apenas queria vigiar sem ser notado.
– Eu te aborreci, não é? – Ela se chateou com o ar entediado dele.
Lucas não respondeu, apenas retirou a bandeja da mesa e descartou os restos no lixo, depois a conduziu a uma espécie de Outlet, repleto de roupas e sapatos de diversas marcas. Ana passeava entre as araras quando ele surgiu com várias peças de roupa, para ela.
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Maresia
Romance⭐⭐*** DESTAQUE New Adult - Novembro/Dezembro2023⭐⭐ 🥈#2 Investigação ( Jul/2023) 🥉#3 Sensível (Jun/2023) Lucas Russo é um policial civil diagnosticado com TEPT que se hospeda em uma pousada na praia de Maresias para investigar em segredo a morte de...