27 - Casa sem Dono ❤️‍

60 10 6
                                    

Atenção. Alerta de mais ceninhas quentes, mas desta vez, leia o quanto conseguir - se conseguir parar! ;) O capítulo ficou meio longo, mas não dava pra cortar as coisas no meio, se é que me entendem...

---

Ana abriu os olhos bem devagar, e sentiu a pontada na cabeça. A princípio, não se lembrou de onde estava nem como chegara ali, mas adiou um pouco a decisão de se levantar. Um vazio no estômago fez doer suas entranhas, a garganta ardia e as costas também doíam.

Ela ficou olhando pro teto claro, buscando na memória os últimos acontecimentos. Um som suave e pontilhado podia-se ouvir do lado de fora... som de chuva. Aos poucos foi se lembrando da festa, da piscina, dos novos amigos do trabalho e de Lucas, coberto de vômito.

– Lucas? – ela se ergueu mais rápido do que deveria e logo se arrependeu. Sentiu como se o cérebro tivesse ficado no travesseiro.

– Estou aqui.

Ela ouviu a voz grave e baixa vindo de algum canto do quarto e olhou ao redor. Demorou um pouco até que os olhos se acostumassem, e graças a uma luz tímida entrava pela janela, pode o ver sentado em uma poltrona perto da porta de acesso à varanda.

Ele usava apenas uma calça de moletom, os pés estavam descalços e o peito desnudo. Estava curvado, os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos cruzadas à frente. O cabelo estava um caos, havia uma ruga entre as sobrancelhas, e os olhos claros, marcados por olheiras, a contemplavam com aparente preocupação.

Em resumo, ele estava de tirar o fôlego, e Ana sentiu um formigamento nas extremidades, uma sensação que ignorava completamente seu estado enfermo.

– Como você está? – ele perguntou, sem se mover. Além do ar cansado, ele parecia soturno, e ela se perguntou se seria por causa dela.

– Minha cabeça ainda dói, – ela respondeu, sem conseguir desviar os olhos dele – que lugar é esse?

– O dono está fora resolvendo alguns problemas de família. Não se preocupe com isso.

Não era exatamente uma mentira, mas Lucas se sentiu mal. O fato é que não estava pronto para contar a verdade, principalmente porque não sabia qual verdade contar.

– Por que eu te encontrei ontem à noite? – ela perguntou.

– O que você estava fazendo na casa do Ricardo Donatore?

– Eu perguntei primeiro, Lucas. E como você sabia onde eu estava?

Ele pressionou os lábios numa linha fina, depois apoiou a cabeça entre as mãos, esfregando os cabelos. Agora Ana entendia por que o cabelo dele ficava revolto quando ele estava contrariado ou irritado, e como ele parecia sempre irritado, o cabelo vivia bagunçado.

– Eu sou amigo do porteiro – também não chegava a ser mentira – tudo não passou de uma coincidência.

Ana sabia que ele estava escondendo alguma coisa. Coincidências existem, mas aquela já era demais. Ela se lembrou da conversa com o pai e concluiu que deveria saber algo mais sobre Lucas. Na verdade, agora mais do que nunca, ela queria saber tudo sobre ele.

– Lucas... Se você não vai me contar a verdade, eu prefiro ir embora.

Ele se levantou com a intenção de se aproximar dela, mas desistiu. Foi até a cômoda e pegou um copo de suco de laranja e um analgésico que estavam numa bandeja e entregou a ela.

– Tome isso. Quando se sentir melhor, podemos voltar para a pousada – e saiu do quarto, deixando-a sem respostas.

Mesmo contrariada e disposta a deixar o lugar, ela sabia que precisava esperar a enxaqueca ceder, então ingeriu o analgésico, fechou os olhos e acabou dormindo novamente.

MaresiaOnde histórias criam vida. Descubra agora