Lucas passou o domingo sob efeito de fortes analgésicos receitados no hospital, e por esse motivo, dormiu o resto do dia. Ana aproveitou para dar um jeito no closet; dobrou algumas roupas espalhadas e, quando separou a calça jeans que Lucas havia usado mais cedo, o cartão micro SD de Alice caiu de um dos bolsos. Ela o pegou e o colocou numa prateleira bem à vista dele para que ele guardasse o dispositivo quando o encontrasse.
"Um negócio desses, aparentemente tão importante, e ele deixa esquecido dentro do bolso..."
No fim do dia, ela recebeu um telefonema de Pablo.
– Ei Ana, beleza? Eu fui te procurar na pousada, achei que você tinha dito que ficaria por lá neste fim de semana.
– Oi Pablo. Eu ia sim, mas surgiu um imprevisto. Está tudo bem?
– Está sim. É que eu precisava te mostrar uma coisa, sobre aquele nosso assunto.
Ana ficou apreensiva. Eles não conversaram mais sobre a mensagem que ela recebera, Pablo ainda não sabia sobre Lucas, não oficialmente, mas ela tinha quase certeza de que ele sabia, contudo mantinha a discrição.
– É algo sério?
– Você sabe que não posso falar por telefone. A gente pode almoçar juntos essa semana e conversar?
– Ok. A gente se fala amanhã ou depois.
≈
Na manhã seguinte, Lucas pareceu bem melhor.
– Tem certeza de que precisa ir, Lucas? Você não deveria ficar afastado do trabalho?
– Está de boa, Ana. Quando acontece essas coisas a gente fica na DP fazendo trabalho burocrático. Não se preocupe comigo, é bem melhor estar trabalhando, e eu sei que você entende.
Sim, ela entendia, mas continuava aborrecida. Sentia a cabeça doendo desde o dia anterior, quando soubera da história toda. Sabia que estava reagindo ao mal-estar dele.
Ana sempre fora assim. Muito empática, absorvia tudo à sua volta como uma esponja, e acabava refletindo isso de muitas maneiras, boas ou ruins. Talvez por essa razão tivesse tantas enxaquecas.
– Você não tem que colocar a farda? – ela riu de si mesma por ficar imaginando que a farda era algum tipo de roupa de super-herói
– Não. Hoje não preciso usar a farda. Vou ficar direto na delegacia. Vamos, eu te deixo na Donatore.
– Espera um minutinho, preciso pegar uma coisa.
Ana correu até a cozinha na busca por um analgésico. Ela evitava se automedicar, mas quando a dor atingia um certo limiar, ela precisava tomar uma atitude, caso contrário a dor acabaria com seu dia.
Vasculhando em uma das gavetas, finalmente encontrou o medicamento, e se deteve repentinamente quando seus dedos esbarraram em algo. Ao lado da caixa de analgésicos, a cartela de anticoncepcional que ela havia adquirido no dia em que Lucas retomou a terapia, descansava, intocada.
Ana congelou.
Ela fez as contas rapidamente e concluiu que era para ela ter começado a tomar o contraceptivo há mais de duas semanas, quando viesse sua menstruação, o que não ocorreu. Ainda estática, fez contas de novo, pensando, relembrando, e inferiu que estava com no mínimo vinte dias de atraso menstrual. Suas mãos começaram a tremer.
Vinte dias. VINTE DIAS! Puta merda!
Lucas, notando a demora dela, deixou o carro ligado e foi procurá-la, e a encontrou na cozinha, com a mão dentro da gaveta.
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Maresia
Romance⭐⭐*** DESTAQUE New Adult - Novembro/Dezembro2023⭐⭐ 🥈#2 Investigação ( Jul/2023) 🥉#3 Sensível (Jun/2023) Lucas Russo é um policial civil diagnosticado com TEPT que se hospeda em uma pousada na praia de Maresias para investigar em segredo a morte de...