Capítulo 3

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Assim que Dao saiu do quarto, Kluen correu para o banheiro. PRECISAVA DE AGUA GELADA, mesmo que a mesma já tivesse mostrado que não tinha muita eficiência em amenizar seus desejos. Kluen fechou os olhos e deixou que as sensações de alguns minutos atrás o tomassem outra vez.

Tudo ainda estava perfeitamente claro... O frio suave das mão que pousaram em sua nuca, o calor morno do corpo pequeno que se moldava tão bem ao seu, e por fim a textura perfeita dos lábios rosados. E, aquelas sardas?...

Kluen nunca entendeu o fascínio de seu tio Nuer pelas sardas salpicadas no rosto de seu tio Syn, mas, agora ele entendia... As sardas beijavam a pele suave de Dao, formando uma espécie de constelação única, uma imagem que Kluen nunca iria esquecer...

Kluen se apoiou na parede e respirou fundo. Ele não entendia como era possível desejar alguém assim de uma hora para outra, pois isso nunca tinha acontecido com ele antes. Porém, conforme os minutos passavam, ele começou a perceber que aquilo não foi tão de repente assim... 

Enquanto cresciam, os abraços ficaram mais demorados, os carinhos mais delicados e o tempo em que passava admirando a beleza do pequeno Dao era cada vez maior. O ciúmes também crescia sem pudor; Kluen afastava qualquer pessoa que chegasse perto demais do seu pequeno, não deixando ninguém se aproximar demais. Se parasse pra pensar com cuidado, ele admitiria que vinha tratando Daonuea com mais carinho e mais cuidado do que tratava os seus outros familiares a algum tempo. 

─ Ahhhhh ─ ele bateu com força no vidro do box, fazendo o mesmo vibrar ─ eu não posso gostar do meu irmãozinho! ─ ele sussurrou com dor no coração.

E, ao se lembrar da expressão assustada e tensa de Dao quando o mesmo percebeu o que estavam fazendo, Kluen só pode pensar que o mesmo o odiaria a partir de agora. 

─ Me desculpe, Star... ─ as lágrimas fluíram junto com a água ─ não me odeie... por favor, não me odeie. 
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*Toc toc*

A porta se abriu após o barulho e Nuer entrou, sentando ao lado do filho.

Dao estava deitado na cama, coberto com uma colcha grossa com estampa de estrelas. Seu quarto todo ainda tinha uma decoração um tanto infantil, como na segunda casa. Apesar das paredes serem brancas e sem muitos adornos, o teto era azul escuro e tinha desenhos de planetas e estrelas que brilhavam quando as luzes eram apagadas. Suas roupas de cama também tinham o mesmo padrão do teto, mas ele não ligava muito para aquilo, sempre gostou de tudo que lembrava o céu, assim como seu pai Syn e seu avô Vegas.

Como no quarto de Kluen, ali também tinha uma parede repleta de fotos, onde os olhos de Dao estavam fixos nesse momento. Nuer não falou nada, apenas ficou sentado alisando os fios macios, esperando o momento em que o pequeno perceberia sua presença.

Alguns minutos se passaram até que Dao se virou e viu Nuer. Ele abraçou a cintura do pai e deitou a cabeça em sua perna antes de fechar os olhos com força. Ele não queria chorar, mas seu pequeno coração estava tão confuso que ele não sabia o que fazer. 

─ 'Pah... Se eu fizesse alguma coisa errada, você e o papai ainda me amariam?

A pergunta pegou Nuer de surpresa, mas ele sorriu para o filho e voltou a acariciar seus cabelos.

─ Nós nunca vamos deixar de te amar, Dao. Quer me contar o que houve? ─ A pergunta tinha um tom de consciência, como se seu pai soubesse de algo.

Dao olhou para cima e secou as lágrimas, questionando o pai com os olhos.

─ Eu subi para chamar você e vi você saindo do quarto de Kluen com pressa ─ Nuer falou devagar  ─ vocês brigaram?

Kluen & Dao - Especial MDBOnde histórias criam vida. Descubra agora