The end.

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─ Papai ─ os olhos azuis escuros e quase negros focaram nos de Dao, fazendo ele sorrir largamente ─ O vovô me contou que você achou que o papá tinha morrido no dia da tempestade ─ Kluen e Dao trocaram olhares, imaginando o porquê do assunto ter sido tocado ─ Como foi quando você descobriu que meu papá estava vivo? ─ o coração do casal bateu mais forte, e inevitavelmente eles viajaram para o dia em questão...

(Iate TK)

─ Sinto muito... ─ o Doutor que cuidava de Kluen falou para Yai e Dragon, mas uma terceira pessoa ouviu, e interpretou aquilo da pior forma, pois o medo e o cansaço já haviam deixado sua sanidade e seu físico no limite do aceitável.

Os dedos finos se fecharam na lâmina afiada da adaga, fazendo um corte profundo neles e na palma, porque ela cortava dos dois lados. O sangue gotegou rapidamente no piso branco e liso, trazendo o menor para realidade e fazendo os tios correrem para ele. Dragon e Yai tentaram falar alguma coisa, mas era como se Daonuea não estivesse ouvindo, e o mesmo correu para dentro da enfermaria, ficando pálido quando não encontrou o corpor de Kluen na cama.

As lágrimas molharam o rostinho de porcelana, e a adaga que ainda estava enroscada em sua pele se afundou um pouco mais. Dragon teve que usar sua força para fazer Dao abrir a mão e soltar a lâmina, e quando a mesma caiu no chão em um barulho estrondoso Dao saiu correndo pelos corredores, gritando o nome de Kluen, pois se recusava a acreditar que tinha perdido a pessoa que ele ama.

Nem mesmo Dragon que era mais alto e dava passos largos conseguia alcançar Dao, até que por fim Dragon desistiu de correr e apenas acompanhou os sons do choro e das portas que se batiam pelo caminho.

Dao estava a um passo de desmaiar. Tudo parecia borrado e seu coração batia em seus ouvidos, ocultando qualquer som. Sua garganta doía e até mesmo o nome do mais velho saía de forma dolorida.

Kluen... ─ o nome saiu quase sem som conforme seus passos ficavam mais lento ─ eu preciso de você... ─ as paredes e chão pareceram se mover, e um zunido fez seu corpo balançar.

Dao bateu em uma das paredes e parou de repente, não conseguindo dar nem mais um passo. Ele se viu desejando a morte, e queria isso o mais de pressa possível, pois cada segundo sem saber se Kluen estava vivo o consumia por inteiro, gerando uma dor similar ao pior tipo de tortura existente. Ele piscou lentamente, negando em seu coração que Kluen havia partido, mas sua mente estava confusa demais pra entender.

Seu nome chamado em um tom desesperado penetrou seus ouvidos, fazendo ele levantar os olhos e imaginar que sua mente estava pregando peças nele. A luz do corredor tremeu, fazendo a pele geralmente dourada da pessoa a sua frente parecer pálida, mas ainda assim a pessoa continuava perfeita. Nem mesmo as ataduras e os fios de sangue onde possivelmente tinham agulhas tornava aquele ser menos atraente.

Sea... ─ Dao sussurrou sem acreditar, rezando para pessoa a sua frente ser real e não uma miragem ─ Você está vivo, não está? ─ ele deu passos lentos, respirando de forma descontrolada

Kluen não respondeu. Os passos atrás de Dao não fizeram a mínima diferença. O som da água da chuva não o afetou. Nada, NADA poderia fazer os olhos de Dao se desviarem de Kluen. Sua mão tocou a pele lisa, porém gelada, e traçou os contornos que ele conhecia de cor. Por exatos cinco segundos, o coração de Dao parou de bater, e quando ele voltou, Kluen quase desejou que Dao fosse um pouco mais fraco...

...

Kluen acordou sentindo que tinha acordado de um pesadelo. Sua pele estava fria como gelo e seu corpo parecia não responder a nenhum comando. Ele se permitiu ficar apenas alguns segundos imóvel, até seu coração bater mais rápido e um sentimento de dor e perda o tomar. Ele levantou tão rápido que quase desmaiou, mas ignorou completamente a tontura e arrancou dos braços os acessos, não se importando nem um pouco com a dor.

Kluen & Dao - Especial MDBOnde histórias criam vida. Descubra agora