12: Ser melhor?

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Enzo

A sala em tons pastel não tem graça. Estou deitado no sofá olhando para o teto, enquanto o homem senta na poltrona de sempre, ele usa um suéter diferente e os mesmos óculos quadrados. Uma mesa pequena de centro está entre nós.

— Senhor Júlio?

— S-sim.

— O que o senhor acha de mim? — A pergunta repentina para o meu terapeuta o deixou visivelmente nervoso.

— Você, é um bom garoto, só não sabe disso ainda.

— Não, saber e ser são coisas diferentes. Sei que não sou bom, e não sou! — Virei o rosto passando a mão nos fios escuros para aliar. — Não quero ser fraco de novo.

— Nem todos… — Interrompe sua fala levantando o tronco e ficando sentado.

— Pessoas boas são ingênuas, manipuláveis, fracas. Isso não vai mudar porque o senhor acha que nem todos são iguais! — Ele sabe que estou certo.

— Vendo pelo seu lado, sim, as coisas são assim — Júlio é um tanto racional. — Mas ser melhor não é uma quantidade ruim.

Franzi a testa:
— Ser melhor?

— É, mais amigável, mais prestativo e se preocupar com os outros. Ser a sua melhor versão.

— Isso funciona com você?

Ele fico em silêncio. Sem palavras, porque é muito mais fácil falar do que fazer. Não posso mudar quem sou para agradar os outros, sei que não foi isso que ele quis dizer, o Júlio acredita que no fundo sou uma boa pessoa. Talvez por isso aceito uma sessão comigo afirmando que o feriado é apenas facultativo.

— Ser o primeiro, é a única coisa que preciso ser!

[ ... ]

11:24
Me pergunto se ela comeu. Na verdade, me pergunto muitas coisas. Tudo que diz respeito a ela me interessa, mas não quero forçar a barra para me falar sobre tudo, onde está, com quem anda, ela tem o meu número.

Meu apartamento está quieto. O silêncio nunca me incomodo tanto. Corto cebola e tomate para fazer um molho, a faca bate no cepo de madeira freneticamente. O barulho da carne fritando no óleo e o arroz borbulhando não me incomoda.

— Será que eu ligo?

Deixo a faca de lado e puxo meu celular na bancada. Adiciono o número dela, salvo como "Meu amorzinho". Decido mandar mensagem antes de voltar a preparar a comida.

 Decido mandar mensagem antes de voltar a preparar a comida

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Ela estava digitando. Deixei o celular para mexer a carne. Quando voltei minha atenção para o aparelho, abri um sorriso com sua resposta fofa.

 Quando voltei minha atenção para o aparelho, abri um sorriso com sua resposta fofa

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Posso imaginar ela socando o travesseiro ou me xingando horrores, mas gosto disso. Irritá-la é meu passatempo favorito. Me concentro em terminar a comida, faço o molho e misturo com a carne, uso uns temperos que a empregada pessoal da minha mãe fez pra mim.

Cozinho duas batatas, uma cenoura e uma beterraba. Para fazer a salada. Pego outra panela, ponho creme de leite, queijo que derrete, um pouco de sal. Acendo em fogo baixo e fico mexendo até pegar consistência. Pego o macarrão no escorredor e levo até a mistura com queijo.

Quando termino tudo lavo algumas coisas. A campainha toca, viro a cabeça. Puxo o pano de secar os pratos para secar as mãos enquanto meus pés me levam até a porta. Abro sem hesitação.

Seus olhos castanhas esverdeados são a primeira coisa que capturam minha atenção. Disney cobre o rosto com a mão tentando não rir, e sua amiga faz o mesmo.

— Avental de coelhinho?

— Pois é, coisa de homem viril!

Sua risada é anasalada. Já a da sua amiga é escandalosa.

— Entrem. Só vou pôr a comida na mesa.

Abri espaço. Elas entraram. Antes que eu pudesse fechar a porta, um pé entrou no meio.

— Marcos?

— Fala, vim comer aqui! — Entrou sem ser convidado. Não dei importância. Fechei a porta atrás de mim. — Garotas, também vieram comer de graça?

Elas fizeram sim com a cabeça. Puxei ele junto comigo para a cozinha que é dividida pelo balcão e a mesa. Fiz ele me ajudar a arrumar a mesa e colocar as panelas com comida em cima.

Peguei os pratos no armário. Me virei dando de cara a Disney:
— Posso ajudar?

Fiz que sim várias vezes com a cabeça como um idiota. Indiquei a tigela com salada.

— Esqueci de por maionese na salada. Tem na porta da geladeira.

Sorri de canto concordando. Passo por ela. Punho os pratos na mesa, olhando de canto de olho ela procurar uma colher com a maionese na mão para fazer o que pedi. Aurora logo entra a colher, ela trás a salada que é a única coisa faltando.

Olho melhor:
— Marcos, cadê os talheres?

— Verdade, não dá pra comer com a mão! — Revirei os olhos. Ele foi procurar. Disney sento ao lado da sua amiga. Fiquei de frente para ela e Marcos do meu lado.

Garotos cruéis! - Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora