32: A noite toda...

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(Hot!🔥)

Aurora


Fecho o livro de romance quando chega na parte que eu queria. Não estava esperando por isso. Abro de novo, me remexo no sofá, animada. A cena começa bem quente, para no fim estar escrito: Eles se amaram a noite toda.

Que ódio.

Não quero saber se aconteceu, quero saber como, eu trabalho com detalhes. Deixo o livro de lado chateada.

— O que foi? — Enzo vem da cozinha com o avental de coelhinho, as mangas da blusa branca dobradas, farinha no cabelo, dois pratos com um pedaço grande de bolo de chocolate, e usando um óculos quadrado que eu nunca tinha visto.

— O casal do livro está fazendo amor a noite toda! — Conto pagando meu pedaço de bolo.

— E como foi? — Tem um sorriso sarcástico.

— Não sei. Esse é o problema. — Ele senta do meu lado, puxando minhas pernas para o seu colo. — E que óculos é esse?

— É de descalço. Uso para ler, estava fazendo a récita de um livro. Prove e diga que está bom.

Franzi a testa. Comi o bolo mesmo assim. Está realmente bom, macio, quentinha, derrete na boca e ainda tem pedaços de chocolate amargo no meio.

— Dá pra comer.

— Mas eu fiz com tanto chocolate. E você adora coisas doces.

— Está muito bom. Feliz?

Ele levanta uma sobrancelha:
— Só está brava porque não leu uma cena erótica de um livro qualquer.

— Se você coloca desse jeito eu pareço uma safada! — Encolho as pernas me afastando. Deixa seu bolo no braço do sofá, puxando meu tornozelo e cintura, me levando para o seu colo.

— Você-é-safada, amor — sussurra, volta a comer como se não tivesse dito nada demais. — E não se afaste de mim.

— Não sou, não. Só gosto de saber dos detalhes, como vou saber se ela vai engravidar? — Questiono indignada. Essas coisas são importantes. Não tem nada a haver com sexo.

— Amor, eu te adoro, mas você é, safada. É como tentar dizer que você não é pobre. Mas é por isso que eu te amo tanto — viro o rosto para ele, tem um sorriso bobo. Sua sinceridade me incomoda às vezes.

— Foi uma declaração ou você só quis zombar de mim?

— Os dois. — Suas bochechas ficam vermelhas.

Sorri involuntariamente. O Enzo com vergonha é muito fofo, e ele de óculos, fica ainda mais bonito. Que ódio. Esse nerd gostoso, me desequilibra com um simples olhar.

Levo o braço embaixo dos seios quando puxo o ar. O chiado de sempre me causa um frio na barriga. Forço um sorriso para ele. Quando eu era pequena costumava ser bem pior.

— Vou ao banheiro — deixo o bolo de lado, me afasto, ando como se estivesse tudo bem.

Tranco a porta e me apoio na pia. Não quero que ele veja isso. Procuro a bombinha nos nichos do lado do espelho, tenho duas, coloquei uma aqui. Levo a boca e faço o processo de sempre. Meu coração está batendo tão forte que consigo ouvir.

Acalmo minha respiração. Minhas mãos estão tremendo. Tento não ficar nervosa. Uma batida na porta me deixa alerta. Destranco saindo com um sorriso falso.

Me espanto com a Tereza na minha frente:
— Você está fazendo de novo!

Nego. Balanço a cabeça, aperto as mãos. Ela puxa meus dedos.

Garotos cruéis! - Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora