31: Se acalma...

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Enzo

Era para ser o nosso momento. Só nosso. Fico chateado. Foi abandonado em um canto da sala. Voltamos para casa quase 11 horas. Carrego ela nas costas até o vigésimo quinto andar. Aurora acabo dormindo enquanto eu carregava ela.

Acorda quando estou abrindo a porta:
— Me carrego por 25 andares?

— Sim.

— Você deveria ter ido de elevador.

— Mas você tem medo.

— Ou podia ter me acordado. Pensei que a carona era só até a metade do caminho. — Boceja. Já pode imaginar como foi a noite. Tomei um banho frio e dormimos na minha cama.

( … )

Acordei confuso. Marcos tira uma selfie de nós dois. Ele está com um sutiã por cima da roupa, olho para baixo e eu também estou. Pisco, esfregando os olhos. Pulo da cama com uma gritaria repentina.

— QUE PORRA VOCÊ TÁ FAZENDO? — Minha namorada aparece na porta, sai e volta com uma faca de cozinha.

Fico sentado na ponta da cama. Marcos tenta se esconder atrás de mim:
— Faz alguma coisa!

Vou até ela cambaleando ainda dormindo em pé, bocejo. Levanto os braços para cima, em rendição. O idiota se esconde atrás de mim.

— Sai da frente Enzo!

— Tá bom.

— Não. Viu a faca. Ela vai me matar. O seu amigo preferido. — Me segura no lugar.

— Cala a boca, e tira o meu sutiã seu idiota! — Manda, pistola com ele.

Tiro também. Não sei como acabei nessa situação. Puxo o Marcos pela camisa, faço ele ficar de joelhos. Bato na sua nuca, seu cabelo encaracolado balança.

— Aurora é melhor baixar a faca e se acalmar.

— É, se acalma... — Pede também.

— Me acalmar? ME ACALMAR? EU ESTOU CALMA. NUNCA ESTIVE TÃO CALMA! — Balança a faca. Fico de joelhos do lado do Marcos me sentindo culpado também. Ficando mais acordado. — E você, perdeu o juízo?

— Desculpa. Não faço mais. — Ele lamenta de cabeça baixa.

— É bom mesmo! — Respira fundo voltando a ficar menos brava. — E venham me ajudar com o café da manhã, antes que eu perca a calma.

Vai na frente batendo o pé. Vou atrás. Teresa está sentada mexendo no celular. Marcos vem logo atrás de mim.

— Você não vai brigar comigo também?

— Tá doido? É melhor fazer o que ela mando primeiro. Depois eu quebro uns dentes da sua boca.

Ele pula pra trás. Sai correndo e se esconde atrás da Aurora:
— Ele quer quebrar os meus dentes!

Ela revira os olhos. A garota não está nem aí para isso. Pouco importa se vou quebrar os dentes ou a cabeça dele. Ela sorri de lado.

— Enzo, vem cá. — Me aproximo. Abaixo o rosto ficando da sua altura. Ela fala no meu ouvido. — Vou fazer aquilo que você queria fazer. Então, esqueça o assunto.

Faço que sim com a cabeça, sem pensar duas vezes.

— Pronto, ele não vai fazer nada. Vá comprar pão na padaria. E bebê, faz o café — ela tem um jeito de mandar que faz a pessoa querer fazer qualquer coisa por ela.

— O que disse pra ele?

Tereza ri alto, tentando disfarçar.

— Vá comprar o pão. Você não precisa dessa informação. — Ela ponhe dinheiro na sua mão. — E, mais uma coisa, porque não atendeu às ligações da Lola ontem?

— Que ligações?

— Esqueci. — Deixa o assunto pra lá.

Ele sai sem questionar. Espero que feche a porta para falar:
— Não tinha pão no armário?

— E tem. — Ela tem um sorriso diabólico. — Vá escovar os dentes antes de fazer o café. Ainda vamos para a lavanderia hoje, aproveitar que é feriado.

( … )

Apoio a cabeça em cima da sua. Meu corpo esconde o seu, mas não tem nada haver com sua calça de pijama listrada e mini blusa. Ela bota sabão na máquina, ligando.

— Enzo, você está em cima de mim de novo. Lembra que espaço pessoal é quando você mantém um espaço?

— Sim.

Se vira olhando pra cima:
— Senta ali um pouco.

Desvio o olhar. Me afasto mesmo sem querer. Sento no banco, inclino o tronco e apoio os braços nos joelhos. Ela separa as roupas com a ajuda da Tereza, a garota faz umas bolas com o chiclete e mastiga.

Aurora faz um coque juntando o cabelo comprido. Ela fica muito linda distraída. Observo elas conversando.

— A Gabriele quer me apresentar para os pais nas férias. Faz um tempo que ela vem me dizendo isso.

— Sei. O que tem?

— Eu não quero ir. Minha última namorada fez o mesmo comigo, os pais até me ofereceram dinheiro. Eram tão religiosos que achei que iria ser linchada!

— Mas com a Gabriele pode ser diferente.

— Eu sei. Já tentei contar, mas não adianta. Não quero magoar os sentimentos dela. — Entendo o que quer dizer. Esconder uma coisa da pessoa que você gosta é difícil. Olho para a Disney sem perceber.

Elas ficam em silêncio. Voltam a conversa mudando de assunto. Mexem nas máquinas, jogam e tiram as roupas. Combinamos que eu cozinheira, e elas levariam as roupas. Marcos só aparece quando está entediado, ele não gosta de morar sozinho.

Pego o celular no bolso e tiro uma foto sua quando está de costas. Coloco como tela de bloqueio.

— Amor? — Chamo. Ela vira o rosto. Tiro outra foto pondo como tela principal.

— O que você está fazendo? — Vem até mim. Monstro pra ela. — Não acredito, eu estou toda descabelada e feia!

— Você também fica linda assim — puxo sua cintura abraçando seu tronco. Disney acaricia meus cabelos.

Ela puxa meu rosto me beijando com vontade, a forma como seus lábios capturaram os meus, ela me devora. Se afasta quando desço minhas mãos para sua bunda.

— Aqui não.

— Por que não?

Garotos cruéis! - Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora