05: Boas ações. O que eu ganho com isso?

3.9K 549 85
                                    


Aurora

— Aqui, pedi comida com o número em cima da cômoda. Eu vou tomar um banho. — Lhe entrego meu celular. Ele não é dos mais novos, mas faz poucos dias que botei recarga.

— O que é isso? — Aponta com a cabeça para a minha mão estendida para ele.

— Meu celular.

— Que você roubou do Museu?

Abri a boca sem palavras. Ele sabia extremamente como jogar na minha cara que sou pobre, não é porque sou que gosto de ser lembrada.

— Deixa quieto. Eu peço com o aplicativo no meu. — Puxa seu celular de última geração do bolso, fino e totalmente digital. Diferente do meu que é de botão.

Decidi largar meus livros e mochila em cima da cama. Peguei a toalha na gaveta e uma roupa. Por sorte tem banheiro no quarto, da primeira vez que vi quase chorei de alegria. Se fosse banheiro comunitário seria um inferno. Paro de frente para a porta segundo a maçaneta.

— Disney?

— Já falei que meu nome é Aurora!

Me ignora:
— O que você quer comer? Vamos que eu não tenho o dia todo!

Revirei os olhos. Bocejei notando que meu nariz não está mais escorrendo. Pelo menos estou melhorando. Queria tanto poder dar outro tapa desse idiota.

— Sopa, ou macarronada, tanto faz! — Entrei no banheiro batendo a porta atrás de mim.

Tiro a roupa colocando no cesto de roupa para lavar. Ligo o chuveiro, ajustando a água quente. Na minha casa não tem água quente. É tão bom poder tomar um banho assim. Fecho os olhos jogando o cabelo para trás. Quando desligo para ensaboar o corpo e lavar o cabelo bate uma corrente de ar frio, tremo.

Término rápido. Sai secando o cabelo na toalha, e já vestida na minha calça de dormir e uma blusa que mostra meu umbigo. Meus olhos estão pensados.

— Já pedi a comida — Ele está sentado no meu tapete fofo ao lado da cama. Me aproximo parando do seu lado.

Estico a mão acariciando seus cabelos:
— Bom garoto!

— Só isso?

— Obrigada! — Ri da sua careta com o meu agradecimento. Fui até a gaveta e peguei outra toalha e um sabonete ainda na embalagem. — Aqui, vai tomar banho também.

— E o meu beijo de agradecimento? — Enzo se levanto do tapete, me analisando. Ele está sempre me encarando.

— Você não pode fazer uma coisa boa, esperando algo em troca. É como devolver o dinheiro perdido de alguém, esperando que ela te dê o dinheiro como agradecimento!

— Por que não?

— Esqueci!

Caso perdido. Entrei as coisas para ele e empurrei seu corpo para o banheiro. É estranho quando ele me olha sem desviar a atenção. Ele anda sozinho, por isso volto para perto da cama e me sento nela.

Espero pacientemente. Não gosto dele. Mas o Enzo age como se precisasse ser assim o tempo todo. Na frente dos seus amigos ele claramente me trata mal. Quando estamos sozinhos, não acredito que vou dizer isso, mas ele não é tão ruim.

Abraço meus joelhos, encostando a cabeça neles. Eu poderia facilmente dormir assim. Eu dormiria até em pé. Estou casada. Acordar com uma crise de asma te faz não querer dormir, sinto que posso nunca mais abrir os olhos. Batidas na porta me fazem abrir os olhos assustada.

Levanto colocando minha pantufa de coelhinho. São 12:00 do dia, mas eu estou doente e com sono. O entregador não pode me olhar estranho.

Para minha surpresa o entregador é a Vitória. Com uniforme vermelho da lanchonete e duas marmitas, também tem uma latinha de refrigerante. Ela abre um enorme sorriso para mim.

— Oi, Aurora, né? — Concordei. Pegando a comida dela.

— Sim. E você é a Vitória!

— Como sabe?

— Fizemos algumas aulas juntas ano passado.

— Você se lembra de mim. Ainda bem, pensei que fosse a única, haha! — Ri junto dela.

Antes que eu pudesse entrar e pedir o dinheiro ao Enzo. Ele chego por trás de mim abraçando minha cintura. Apoio a cabeça em cima da minha. Sinte a água escorrendo dos seus fios de cabelo. Sinto a sua pele macia e fria quando ele acaricia minha barriga. Me apoio nele, desistindo de lutar por um instante contra o Enzo.

— Aqui! — Ele estendeu o cartão de crédito Black para a Vitória. Assim como eu, ela fico surpresa.

A garota tiro uma maquininha da mochila de couro falso vermelha atrás das suas costas. Ela tento disfarçar a sua expressão de "o que tá acontecendo aqui?". Eu também não sabia. Esperava que o idiota percebece que eu sou como todas as outras e me deixasse em paz. Enquanto isso não acontece vamos extorquir dinheiro dele.

— Obrigada. Tenham um bom dia. — Devolveu o cartão depois de passar uma única vez. — Tchau, foi bom te ver de novo Aurora.

— Tchau, até outro dia. — Acenei vendendo ela ir embora.

Foi puxada para dentro e a porta bateu. Revirei os olhos. O garoto espero alguma reação minha. Me afastei. Coloquei as marmitas na cama. Me virei dando de cara com ele perto de mim. Até me assustei. Parece uma assombração. Você deixa ela em um canto, quando pisca já está do seu lado de novo.

— Por que está sem camisa? — Ele tem um tanquinho. Vontade de lavar roupa de repente. Não. Que pensamento errado.

— Disney, você gosta de caras altos. Estou testando seus gostos. Já que você não me conta nada! — Franzi a testa. Levantei a cabeça. Ele vestiu a camisa antes que eu pudesse admirar suas costas também, seus ombros são largos por isso tenho certeza que ele é bonito até de costas.

Indiquei a comida a nossa frente:
— Qual é o meu?

— A macarronada. Eles não tinham sopa. E porque está mudando de assunto? — Ignorei abrindo as duas para saber qual é o meu. O dele veio bife, salada, e batata frita.

Peguei a minha. E sentei no tapete fofo. Escoando as costas na cama. Bocejei de novo. Seu corpo sento ao meu lado.

— Você quer? — Sacudiu a latinha de refrigerante na minha frente.

— Não, estou resfriada. É melhor não. — Minha mãe sempre diz que quando se está doente não é bom comer de tudo.

Enzo não disse nada. Ele já parecia saber, já que só pediu uma. Eu acho.

Garotos cruéis! - Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora