23: O último romântico!

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Enzo

Estou fazendo panquecas quando a campainha toca, coisa que nunca acontece, porque todo mundo sempre bate na porta. Dormi sem camisa, mas fui olhar quem era antes de vestir uma.

Abro a porta, me deparo com a Aurora e sua fiel amiga, elas têm mochilas e uma expressão acabada:
— Oi, nosso dormitório pego fogo.

Arregalo os olhos.

— O que?

— Podemos entrar? — Teresa pergunta.

— Espera um pouco.

Fecho a porta na cara delas. Vou praticamente correndo até o quarto, pego uma camisa preta mesmo. Volto rápido. Abro a porta meio afobado e deixo elas entrarem.

Sentamos no sofá. Elas contam resumidamente o que aconteceu:
— Começo com uma vela aromática, que a garota do dormitório ao lado acendeu. Por sorte saímos rápido quando víamos a fumaça.

— Só consegui salvar alguns livros depois que apagaram o fogo… — Disney choraminga. — A Teresa não me deixo voltar!

— Ainda bem! — Puxo seu corpo pra mim acariciando seus cabelos. Nunca fiquei tão feliz pela Teresa existir como agora.

— Amiga, essa não é a parte triste. Estamos sem teto, nós e mais 2 garotas. Mas não estamos aqui para lamentar. — Sua amiga tem mais confiança ao falar. — Enzo, você é louco pela Aurora, não deixaria ela e sua querida amiga dormirem na praça. Certo?

— Teresa! — Repreende a amiga. — Vamos encontrar outro lugar…

— Nem-fu-den-do! — Respiro fundo mandando embora a minha raiva. — Você não precisa de outro lugar. Pode muito bem ficar aqui.

— Tem certeza? Não queremos invadir a sua privacidade.

Concordo. Sem me importar. Gosto de morar sozinho, mas morar com a minha namorada seria muito melhor. Beijo sua bochecha.

— Podem usar o quarto de hóspedes. Mas ele não tem banheiro.

— Obrigada… — Disney tento sorrir.

— Enzo, você é nosso salvador. Muito obrigada! — Teresa se levanto e foi para o corredor. Até o quarto, eu acho.

( … )

Aperto o botão do elevador. Disney vai na direção das escadas e fico confuso. Vou atrás. É engraçado olhar para baixo, ela está sempre lá.

— Espera, pra onde vai?

— Não uso elevadores.

— Você vai descer 25 andares de escada porque não usa elevador? — Pergunto indignado.

Ela concorda com a cabeça:
— Sim.

— Ela tem fobia de espaços fechados… — Teresa tenta explicar.

— Ok, vou com você.

Se ela pode subir e descer 25 andares toda vez que vem me ver, eu também posso. A garota vai na frente. Sigo atrás. Teresa foi de elevador, alegando estar cansada de andar de escada.

[ … ]

No treino da tarde apareço sorrindo, o sofrimento deles me diverti. Vamos jogar uma partida dos sem camisa e os com, fico no time com camisa. Fico atrás da linha de ataque na defesa. A bola vem para o nosso lado. Faço um gol contra de propósito, fingindo estar confuso com as direções.

— QUAL É O SEU PROBLEMA?

— Desculpa, é que eu sou meio míope. — Falo de cabeça baixa fingindo estar triste.

— A trave é para o outro lado, cara. — O camisa 2 diz com a mão no meu ombro. Ele é o mais novo. — Também tenho problema de visão.

— Nossa, muito obrigada.

— Sem problemas.

O treinador apita:
— Comecem de novo!

Faço gol no lugar certo, mas chuto a canela de alguns derrubando eles no chão.

— Passa a bola!

— Deixa de ser fominha.

— Você é da defesa!

Ignoro, corro com a bola e faço um ponto. Eles estão muito putos comigo. Sorri. Isso é ainda mais fácil por eles não saberem jogar muito bem. Todos vem na minha direção, cruzo os braços esperando no mesmo lugar.

— Porra, o que você quer? — O camisa 3 vem na frente querendo me peitar.

— Fala a verdade. Não vem bancar o cínico pra gente.

— Não tem como você estar fazendo isso por nada. Tem algum motivo. — O camisa 9 fala comigo pela primeira vez.

Aposto que alguns deles sabem exatamente porque estou fazendo. E outros são burros e não perceberam.

— Vou falar só uma vez — começo com o tom sério. — Vocês, pelo menos a maioria, falo merda da minha namorada.

— Só por causa disso?

— Camisa 3, né? O nome de vocês não me interessa. Nada me importa. Mas se eu ficar sabendo que qualquer um tento machuca-lá. Vou fazer pior do que só pisar na porra do orgulho de todo mundo. — Encaro cada um. — Estamos entendidos?

Eles concordam rápido e se espalham. Vou beber água fingindo que nada aconteceu. Aurora aparece feliz com um papel, ela anda até mim e pula abraçando meu pescoço.

— Bebê, tirei 9 no trabalho que você me ajudo, terminei na aula e o professor já deu a nota! — Conta animada. Seguro a sua cintura.

— Fico feliz que esteja feliz.

— Obrigada!

— De nada, amor.

Garotos cruéis! - Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora