Aurora
— Tenho 13 anos!— O que? E como entrou na faculdade?
Forcei um breve sorriso. Desviei os olhos para minha perna, os pelos arrepiados. Encolhi os braços, o ar frio está em movimento. Me faz repensar algumas escolhas, poderia estar debaixo do meu cobertor.
— Ela não tem 13 anos, idiota! — Marcos explicou para o Vincenty, com calma e divertimento no tom de sempre.
— Esse não é a questão, ela não pode bater no Enzo como bem quiser… — A garota estranha com vários pincéis e o cabelo tingido de vermelho continua batendo na mesma tecla.
A voz dos 4 retruca, junto a do Ruan que aparece perto do Marcos:
— Ela pode sim!— Muito legal você fazer parte do clube de fãs do Enzo, mas ele não precisa de um segurança.
— Vai deixar ela falar assim comigo?
— Antonela, se você não fosse prima do Ruan já teria te mandado embora! — Enzo solta bravo.
Ela se viro saindo a passos pesados. Dá até inveja da facilidade que foi ir embora, eu no lugar dela teria que correr. A possibilidade de fugir não sai da minha mente, mas correr pela floresta a essa hora da noite é burrice.
— Enzo?
— O que?
— Tô com frio.
Sem pensar duas vezes, o moreno tatuado, alto e forte que faz o meu tipo, não que isso faça diferença. Ele tiro o casaco e pôs sobre as minhas pernas.
Seu gesto me fez abrir a boca, surpresa.
— Tentando ser legal para ganhar a aposta? Seu malandro, não vale roubar. — Marcos acusa.
Me voltei para ele:
— Você também aposto? Valendo o que?— Foi. Quem acertar fica com o carro mais caro dos dois que opinaram mais longe de acertar.
Marcos foi para frente fechando o círculo:
— O Enzo aposto 2 tapas, e o Ruan 9.Revirei os olhos. Essa é a oposta mais idiota que eu já vi. Os amigos dele foram um pouco além, 3, 5 e 9. A primeira vez que dei um tapa no Enzo foi por impulso, me culpei um pouco depois. Mesmo que eu espancasse ele, isso não faria diferença alguma. É como a minha mãe diz: "Não dá para apagar o passado, borrando o futuro".
O lugar fico lotado mais rápido do que eu esperava. No fim, é apenas um terreno abandonado. Foi o que eu pensei.
( … )
Um grupo de garotas com tatuagens e cicatrizes invadiu a roda, estão em 3 e uma delas vestido de garoto. A atmosfera é tensa. A iluminação é feita com latas, madeira e fogo, ao redor do lugar.
O céu tem uma lua cheia, grande, meus olhos vão para o chão. Teresa tento me impedir de vir, ela ainda é minha amiga. A primeira vez que vi ela foi no primeiro dia de aula da faculdade, estava brigando com uma ex namorada e esbarrou em mim.
Fingi prestar atenção na conversa do grupo.
— Então? — Estão todos olhando para mim.
— O que?
— Você vai correr?
Arregalei as pálpebras.
— Não!
A garota com uma prancheta, do grupo estranho, estava prestes a anotar alguma coisa.
— Ela vai.
— ENZO, EU NÃO POSSO! — Esbravejei irritada. — Meus pés não alcançam a marcha! — Cubro o rosto com as mãos envergonhada.
O riso descontrolado dos seus amigos me deixa ainda mais chateada. Sua insistência é irritante.
— Parem de rir, porra! — Afasto as mãos, confusa. Seus amigos tentam disfarçar, mas eles são todos iguais. — Vamos…
Me desce do capô do carro com a mesma facilidade que me coloco lá. Envolvi os braços em volta do seu pescoço. Com os pés no chão tive que olhar para cima como sempre.
Estende seu caso sem entender:
— Pra onde?— Quero ver!
Segui o garoto que passa com facilidade pelas pessoas. No estacionamento improvisado sua moto está afastada, chegamos até a CB 1000R.
— Sobe!
Franzi a testa. Essa situação é tão ridícula que chego a perder a paciência, sempre me considerei uma pessoa calma, mas perto dele não dá. Sobi com sua ajuda. Tentei alcançar a marcha várias vezes, para ele ver. Seus amigos observam de longe.
— Vixe, e né que era verdade!
— É sério?
— Já pode rir?
— Isso é bullying, e eu quero ir embora… — meus olhos ardem, sinto lágrimas vindo.
— Shi, não precisa chorar — me ajudo a sair de cima da moto com calma.
— Idiotas!
Segurei o choro. Mas estou tão frustrada. Meus pés se mexeram mais rápido do que se pode imaginar, quando percebi estava correndo na direção oposta. Passei com facilidade entre as pessoas, fui para o lugar mais distante e menos movimentado que achei.
Parei. Olhei em volta. Apenas árvores até onde os olhos podem alcançar, e muita gente espalhada.
— Não saia do meu lado, eu saí, e agora?
Um voz do canto mais escuro me assusto só de soa de repente:
— Ei, garotinha!
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Garotos cruéis! - Livro 01
RomanceSinopse: Os "garotos legais" ou os "reis da universidade" são um grupo de elite exclusivo. Apenas 4 garotos fazem parte. Um deles é particularmente problemático. É o amigo mais recente. Seu nome é Enzo. Você só precisa de duas coisas para fazer part...