26: Coisas que casais fazem.

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Aurora


Tinha se passado 2 meses desde que vinhemos morar no apartamento do Enzo. Os operários decidiram usar gesso em vez de madeira nas paredes dos dormitórios. E está demorando mais do que o esperado.

É final de semana e o Enzo acordo cedo prometendo trazer algo especial depois de me pedir o tamanho das minhas roupas. Fiquei até animada na hora, achando que ganharia roupas novas.

Nesse meio tempo ele tento me convencer a ficamos no mesmo quarto. Não aceitei. Por isso o Enzo sempre aparece com o travesseiro me pedindo para dormir comigo, parece um cachorro abandonado. Até quando tive cólica ele não quis sair do meu lado. Seria o pior término de todos, porque já sou muito apegada a ele, e o garoto com certeza iria chorar. Não gosto nem de pensar.

Corto algumas frutas seguindo uma receita que vi na Internet. Talvez minha salada de fruta não fique tão ruim, na verdade, não sei o que fiz de errado da última vez.

— Aí! — Corto outro dedo sem querer. Pego um curativo e ponho. Mesmo tendo cuidado, já foram 5 dedos nessa brincadeira, 3 de uma mão e 2 da outra.

Ainda está sangrando mesmo com o curativo.

— Aurora, me diz que você não está tentando cozinhar? — Teresa aparece, me assustando.

Nego sem me vira.

— Então vira!

Suspiro em derrota. Me volto para a garota de pijama. Ela arregala os olhos. Vem na minha direção e pega minha mão pingando sangue.

— Se o Enzo vê isso ele infarta!

Desvio o olhar.

— Mas ele sempre faz a comida, e a gente só dorme. Só queria fazer alguma coisa. — Teresa faz uma careta olhando as minhas mãos.

— Vem pra pia… — Puxa meu pulso. Ela liga a torneira e tira o curativo. — Tenta lavar.

Faço o que ela diz. Mesmo sendo do curso de moda, Teresa sabe uma coisa ou outra sobre primeiros socorros. Mas foi só um corte superficial, então vai parar de sangrar já, já.

— Melhor por um esparadrapo.

Enzo abre a porta de uma vez, com sacolas de papel e um sorriso animado. Ele deixa as compras no sofá e vem para a cozinha. Estamos paradas esperando a sua reação. Ele olha para o sangue no chão e depois para minhas mãos. Seu sorriso some.

— Eu só tava cozinhando…

— Não gosto de pão com dedo decepado, então não cozinhe mais! — Está muito sério. Anda até mim a passos largos e pega um pano atrás do meu corpo. Se ajoelha limpando o sangue no chão sem olhar para mim.

— Foi só um cortezinho.

— Não quero saber.

Teresa enrola o esparadrapo no meu dedo e o sangue para de pingar no chão. O Enzo limpa de cabeça baixa.

— Ele tá puto. — Minha amiga sussurra. Antes de ir embora e me deixar com a batata quente para resolver.

Fico imóvel no mesmo lugar. Não vou pedir desculpa como uma criança que fez bagunça na cozinha para a mãe limpar. Escondo os braços atrás do corpo. Ele fica de pé.

— Era fruta, não pão.

Ele respira fundo soltando o ar:
— O que eu faço com você?

— Dá um beijinho pra sarar? — Zombo dele.

— Pela primeira vez, acho que você merece umas palmadas na bunda, em vez de um beijo! — Se aproxima, me encurralado. De repente se inclina e me joga nos seus ombros. Abro a boca espantada.

— Espera, desculpa. Não vou mais cozinhar.

Ele ri, me ignorando. Para perto do sofá e pega as sacolas de papel. Me levando na direção do seu quarto. Não tento resistir, mas estou nervosa.

— É tarde demais para se arrepender agora, amor.

Abre a porta com um chute e tranca por dentro. Engoli em seco. Foi jogada na cama como uma boneca. Sua expressão não muda, ainda está bravo.

— O que você vai fazer comigo?

Enzo levanta uma sobrancelha me encarando. Pega uma das sacolas no chão e estende para mim. Estico a mão e ele coloca entre meus dedos com cuidado.

— Vista isso pra mim!

Concordo. Vou para o banheiro no seu quarto. Olho para trás apenas para vê-lo sentado na cama esperando. Fecho a porta, e tiro meu conjunto de short e blusa de manga curta. Olho na sacola e meu nervosismo dá lugar a incredulidade.

Não acredito que ele fez isso comigo.

Por falta de opção. Uso o que ele separo para mim. Ainda sem acreditar. Sai para fora vestida.

Seu sorriso cafajeste não combina com as suas bochechas vermelhas:
— Sou uma piada pra você?

Ele me chama com a mão. Estou praticamente nua. Vou na sua direção a passos apressados querendo lhe agredir. Paro com a mão no ar lembrando da nossa conversa. Não levei a sério o que conversamos e agora estou aqui.

— De uma voltinha, amor. — Abaixo o braço, envergonhada.

É uma fantasia de empregada sexy. Uma lingerie preta de renda transparente, um avental branco, alguns adornos nos pulsos e na cabeça. Mas estou me sentindo mais insegura do que sexy no momento.

Giro no mesmo lugar. Me puxa pela cintura de repente, aponta para o espelho atrás de nós com a mão esquerda, e aperta minha bunda com a mão livre:
— De uma boa olhada. Vai ficar tão vermelha depois, que você não vai conseguir nem sentar!

— Cadê a sua fantasia? Por que só eu tenho que ficar com vergonha? — Seguro seu rosto entre as mãos.

— É o seu castigo, amor! — Ele umedece os lábios. — Mas não me entenda mal, vou ser cruel por você e não com você.

Enzo conseguia me deixar brava e excitada ao mesmo tempo. Quando está sério ele é ilegível, egoísta, e determinado. Sei o poder que tenho sobre ele, se pedisse para não fazer nada, ele não faria nada. Sei da sua obsessão por mim.

— Se bater com força eu não falo mais com você! — Ameaço.

— Então, eu posso?

Garotos cruéis! - Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora