17: Universitários, sinônimo de festa!

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Enzo

Quando apareço no treino pela manhã, ouço suspiros de reprovação. Ignoro. Sorrindo abertamente. Foi até fácil demais ganhar deles, já que nem um sabia jogar em equipe e alguns tinham medo da bola. Quem tem medo da bola? — É como se estar em um time de futebol fosse apenas para poder dizer: "Pois é, gata(o), eu sou um jogador".

Chego cumprimentando com todo o respeito que tenho por eles:
— Fala, pernas de pau!

— Oi. — O capitão é o único a me cumprimentar. Tem uma expressão séria. Ele não estava aqui da última vez. — Ó pai, você deve ser o Enzo!

— Pois é.

— Me chamo Gael. — Seu sotaque é baiano. — Perdemos uma aposta, e agora não vamos jogar por dois meses. Não sei o que você ganha com isso.

— Não quero ganhar nada! — Me faço de desentendido.

— Se pique daqui!

— Como é?

— Saia daqui.

Suas expressões não fazem o menor sentido. Seu sotaque é lento e arrastado. O apito do treinador me impede de responder. Passo por ele. Tenho coisas mais urgentes para fazer.

Escuto o homem de barba tagarelar animado. Pelo que pesquisei, não vencemos um jogo a 3 anos. Entrei no ano passado e nada mudo. Talvez seja apenas um hobby para eles. Até agora não vi ninguém jogar bem. Eles são ruins até no básico.

— Ok, vamos treinar alguns gols.

Concordo. Hora de chutar algumas bolas no rosto de alguns idiotas. Segui a fila ficando mais atrás. Um por um ia tendo a sua vez, e o goleiro muda para a pessoa da frente que tento chutar.

Calculei a trajetória.Meu pé acerto de lado. O primeiro garoto cai para trás com o impacto, seu pescoço dá um solavanco. E sangue suja a bola.

— Nossa! — Me aproximei, preocupado. — Você tá bem? — Finge me importar.

— Tô, você deveria mirar em cima da minha cabeça na próxima.

— Eu sou meio míope, foi mal! — Mente sem um pingo de vergonha na cara.

Daí em diante minha desculpa não fez mais sentido. Não sei porque, problema de visão é coisa séria.

O camisa 5 foi o terceiro nessa brincadeira:
— Filho da mãe!

— É que eu sou meio míope…

Quando minha vez chego de novo o treinador puxo minha orelha, mandando jogar limpo.

— Você não era o bonzão, o titular?

Levanto uma sobrancelha. O camisa 10 está na trave, tremendo na base.

— Eu ainda sou, estou fazendo gols, você não viu? — Chuto com força diretamente no seu rosto, sem pena. Mirei no mesmo lugar e não errei nem uma vez, se isso não é fazer pontos, não sei o que é.

— ENZO! — O treinador apito pra mim.

— Foi mal treinador, é que eu sou meio míope!

[ … ]

É uma sexta à noite. Bato na porta de madeira do dormitório. A garota que abre não é quem eu esperava. Seu cabelo é volumoso e cacheado, ela coloca um brinco de argola na orelha direita.

— Você deve ser o Enzo.

— Sou!

— Estamos nos arrumando, mas você pode entrar — concordo. Entro quando a garota me dá espaço.

Vou na direção da Disney. Ela está de joelhos com o peito abaixado, a bunda empinada na minha direção. Paro encarando seu corpo. Ela procura alguma coisa debaixo da cama. Mordo o lábio inferior.

— Não tô achando minha sapatilha vermelha, Teresa. Você viu?

Me aproximo. Puxo um par de sapatilhas debaixo da cômoda:
— Essa?

A garota levanta o rosto. Jogando o cabelo castanho escuro por cima do ombro. Essa mulher é muita areia para o meu caminhãozinho, linda demais.

— Sim, obrigada — ela sorri de canto e levanta, encaro seus olhos castanhas esverdeados de baixo. Sem piscar umedeço os lábios.

Puxo seu pé para cima do meu joelho. Calço a sapatilha vermelha que combina com sua roupa. Uma saia jeans, uma blusa com flores vermelhas, mangas longas e caídas. Sua maquiagem é apenas um batom.

— Você sempre me olha assim.

— Assim como?

— Como se eu fosse a única garota no mundo!

Levanto. Encarando aqueles olhos que brilham quando lhe chamo de "amor":
— Pra mim, você é, amor.

Não gosto de contato físico e nem de conversas longas. Mas eu gosto da minha namorada, muito mesmo. Essa garota é a minha maior fascinação, o motivo do meu coração ficar quente, do meu nervoso ir embora.

— Ah, que fofo! — A voz da sua amiga corta o clima. É como se antes estivesse tocando Cruel Summer da Taylor, mas então o CD arranho.

Marcos às vezes diz que meu gosto musical e a minha personalidade são irmãos gêmeos de mães diferentes, porque minha cantora favorita é a Taylor Swift. Não consigo escutar várias músicas aleatórias: funk, sertanejo e do nada sad.

— Vamos? — A namorada da Teresa pergunta.

( … )

Aurora foi convidada para uma festa. Ela teve carta branca para convidar qualquer um. O casal nos bancos da frente arranhão o refrão de uma música que eu nunca tinha escutado.

— Meus ouvidos! — Resmungo.

— Pelo menos alguém sabe como me sinto. Ouvi-las cantar não é pior do que ser a vela de todos os roles. — Ela se aconchega do meu lado, arrumando a gola da minha jaqueta.

— Que música é essa?

— Acho que é da Anitta, não é ruim, elas só não tem talento para música…

— Ei, a minha ursinha tem a voz de um Anjo!

— Caído? — Brinquei.

— Sim, não, um verdadeiro anjo.

— Certo. Mas na volta a gente escolhe as músicas. — Aurora encerra o assunto. O carro é da sua amiga, por isso ela dirige e ela escolhe as músicas.

Pego uma mecha do seu cabelo solto. Levo até o rosto e cheiro, antes de sussurrar:
— Adoro o cheiro do seu cabelo!

— Sério? A coisa que mais gosto em mim é o meu cabelo. Pode parecer bobo, mas me sentiria feia sem ele.

— Sim. Mas veja pelo lado positivo. Não precisaria mais gastar com produtos de cabelo.

Ela levanta o rosto:
— Gosto de cuidar do meu cabelo. Penteio ele umas 100 vezes todo dia.

— Você é mais obcecada com cabelo do que eu! — Gabriele comenta. A Disney não tento negar. Ela não parece alguém que se preocupa com aparência, não, mas gosta de estar bonita e parecer bonita.

Garotos cruéis! - Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora