MARIA EDUARDA - 2 meses depois.
Finalmente estávamos em dezembro, uma época do ano que nunca teve muito significado pra mim já que meus pais nunca fizeram questão de ter um tempo pra família durante as festas de fim de ano, na maioria das vezes eu ficava com Clara e os pais dela.
Falando nela, nos encontramos duas vezes pra conversar, ela conheceu Rafael na primeira vez e na segunda estávamos sozinhas no shopping, Rafael foi comigo mas se manteve um pouco distante pra nos dar mais privacidade. Ela falou que minha mãe estava acabada e meu pai saía de casa todos os dias cedo e voltava de madrugada, o primo dela que trabalha na polícia disse que eles estão incansáveis procurando um criminoso.
Meu pai também não deu mais notícias, por um lado eu me sentia aliviada por isso, por outro eu sentia que tinha algo errado, mas ignorava de todas as formas.
Rafael e eu não rotulamos o que temos, mas tenho passado tempo demais com ele. Ele não cansa de perturbar meu juízo mas eu não vou negar que gosto.
Minha perna recuperou 100%, ficou só uma cicatriz no lugar onde antes tinha uma ferida.
Me aproximei ainda mais de Felipe e Cauê, os dois se tornaram bons amigos e ótimas companhias na ausência de Rafael. Felipe inclusive assumiu o filho que descobriu que teria há dois meses e agora vive paparicando a mãe da criança e também fala com toda certeza que vai ser um menino. Já comprou até roupas masculinas, deu nome e tudo.
Nesses dois meses eu também foquei em mim, estudei em casa, cuidei do meu corpo, comecei a ir pra academia do morro mesmo. Minha conta bancária me permitia viver tranquila, mas eu sabia que precisava procurar um emprego, precisava de algo pra me manter aqui sem depender de ninguém, até porque a quantidade que tinha na minha conta não seria pra sempre.
Eu voltei a ficar na casa de Rafael na Rocinha, por questão de segurança, mas ele estava sempre por aqui quando não estava com os meninos trabalhando. Alguns dias da semana vinha dormir aqui ou me levava pra dormir com ele no apartamento, porque diz ele que dorme melhor comigo.
Nesse meio tempo eu mantive minha comunicação com Diana que disse que estava trabalhando em um outro lugar bem melhor, parou de trabalhar pra meus pais, começou a namorar também um cara do morro de lá e me mantém informada sempre que pode.
Olhei pra televisão onde tava passando um filme de ação qualquer. Ouvi o trinco da porta se abrindo e Rafael passou por ela com cheiro de quem tinha acabado de se arrumar.
- Oi, linda. - me beijou. - Vamos sair pra jantar?
- Onde vamos? - perguntei curiosa.
- Japa? - ele sugeriu e eu comemorei internamente, mas por fora só concordei com a cabeça e sorri.
- Vou me vestir, já volto. - beijei ele de novo e corri pro quarto.
Coloquei uma calça jeans e uma camisa frouxinha, coloquei uma sandália confortável e desci pra onde Rafael estava.
- Que delícia. - ele falou e pegou minha mão. - Quando a gente chegar eu vou te comer em todos os cantos dessa casa. - falou no meu ouvido e abriu a porta de casa pra saírmos.
- Vou lembrar dessa promessa. - ele riu e deu de ombros. - Me deixa dirigir?
- Ele é novo, ninguém dirige esse carro, linda, só eu! - ele apontou pro carro que eu ainda não tinha visto. Uma BMW serie M preta. Um sonho de consumo de qualquer um.
- Você não vai me deixar dirigir? - ele negou com a cabeça. - Nem que eu te recompense quando chegarmos em casa?
- Não inventa, Maria Eduarda. Eu não vou deixar você dirigir ele.
- Tem certeza? - passei a mão pelo seu peitoral de cima pra baixo, e coloquei minhas mãos por dentro da camisa dele, arranhando com minhas unhas curtas. - Absoluta?
- Caralho, mulher. O que você não pede rindo que eu não faço chorando. - gargalhei quando ele me entregou a chave do carro e deu a volta pra entrar no banco do carona.
Entrei sentando no banco do motorista e ele me olhou. - Eu juro que vou tentar não bater ele.
- Você não vai bater mesmo, porque se não, vou ficar um mês sem olhar na sua cara.
- Você não faria isso. - falei e ele gargalhou.
Dei partida no carro indo em direção ao restaurante japonês que ele colocou o caminho no mapa. A sensação de adrenalina ao acelerar o carro era viciante, cheguei na pista e acelerei sem medo enquanto Rafael tinha um mini treco. Mas reduzi quando estávamos chegando mais perto do local.
Estacionei e ele saiu do carro, dando a volta e abrindo a porta pra mim.
- Que cavalheiro. - brinquei saindo do carro.
- Uma porra, só quero minha chave de volta. - revirei os olhos e devolvi a chave pra ele, seguimos pro restaurante e sentamos na mesa.
Pedimos uma barca, como no primeiro dia que saímos e em minutos devoramos tudo. Colocamos a conversa em dia, era boa a companhia dele.
- No nosso primeiro dia aqui você disse que não fazia a faculdade que queria fazer. O que você realmente queria? - ele perguntou.
- Medicina Veterinária. Sempre amei essa área, amo bichos, amo cuidar, mas nunca tive a oportunidade de fazer.
- E ainda é a sua vontade fazer esse curso?
- Claro. Quero voltar a fazer faculdade, agora com o curso que me interessa, sem meus pais no meu pé, só realizando meus sonhos aos pouquinhos. - ele assentiu e riu de lado.
- E se eu disser que consigo uma vaga pra você na federal, pra você estudar o que quiser, você iria? - ele disse e e meus olhos arregalaram.
- Tá falando sério?
- Claro, linda. - ele passou a mão pelo meu ombro e beijou minha cabeça. - Quero que você faça o que você quiser fazer, o que sempre teve vontade e foi impedida.
- Meu Deus, isso é um sonho! Claro que eu iria. - ele riu com minha empolgação.
- Amanhã vou ligar pros meus contatos e sua vaga vai estar garantida pra começar ano que vem.
- Obrigada, Rafael. Você não sabe o que isso significa pra mim. - beijei sua boca e ele retribuiu.
- Tô te ajudando a realizar seus sonhos, linda.
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O CHEFE DO TRÁFICO [CONCLUÍDA]
RomanceMaria Eduarda passou uma vida difícil nas mãos dos pais. É uma jovem que sempre fez de tudo pra esconder o que vivia dentro de casa, mas quando chega Rafael, ele se sente na obrigação de proteger e tirar Maria Eduarda da casa onde ela tanto sofria...