Capitulo 46

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Eu estava exausta fisicamente, mas uma parte de mim se sentia aliviada com a morte do meu pai. Eu não precisaria me preocupar com ele e por esse motivo eu estava em paz.

Mas o que me perturbava era que eu não conseguia parar de vomitar, nada do que eu comia parava na minha barriga. E isso já faz uma semana.

Rafael ficou bem ocupado, mas quando vinha pra casa, trazia algo pra que eu comesse e remédio. Mas não adiantava, tudo voltava pelo mesmo lugar que entrou.

Eu estava sozinha com dona Jane no apartamento de Rafa, ela conversava comigo mas eu só sentia a bile subindo pela minha garganta e tentava engolir a água com gás que ela disse que melhora.

- Filha, desculpa a pergunta. Mas quando foi a última vez que você menstruou? - ela me olhou e eu pensei.

- Dona Jane eu... não lembro. - falei baixinho, já sabendo onde ela queria chegar.

- E tem a possibilidade de... você sabe... - eu sei e balancei a cabeça negativamente.

- Não tem! Não tem como. - neguei mais pra mim do que pra ela. - Eu tomo pílula.

Eu e Rafael não nos prevenimos nunca, mas eu sempre tomo remédio. Não tinha a possibilidade.

Ou tinha?

- Esses remédios podem falhar, meu amor. Por desencargo de consciência, você quer fazer um teste? Eu compro pra você na drogaria da esquina.

- Mas e se...

- Desencargo de consciência, Dudinha. - ela riu solidária e eu assenti.

- Tudo bem, desencargo de consciência! - eu confirmei e ela pegou as chaves da casa.

- Tranca tudo, eu já volto! - beijou minha bochecha e saiu, me deixando pensativa.

"Tá tudo bem por aí, amor?" - a mensagem de Rafael chegou como se ele sentisse que não estava nada bem.

"Tudo certo!" - eu respondi pra que ele não desconfiasse de nada.

"Desculpa se to ausente, trabalhando pra caralho."
"Ganhando uma vida boa pra bancar minha gata"

Ri da graça dele e respondi com uma figurinha.

Minutos depois Dona Jane chegou e eu estava no mesmo lugar.

- Olha filha, eu trouxe vários diferentes pra não ter erro. Vai lá fazer! - ela me incentivou e eu peguei a sacola de sua mão olhando dentro as cinco ou seis embalagens de testes.

Entrei no banheiro, li as instruções e segui exatamente como cada um dizia. Eu estava tremendo e querendo acreditar que não era aquilo mesmo, era somente um mal estar.

Nas caixas o tempo de espera variava entre três a sete minutos. Por isso virei todos pra baixo e abaixei minha cabeça sentada no vaso enquanto esperava.

Meu coração batia forte pela expectativa, positivo ou negativo, qualquer um dos dois me deixava nervosa e com as emoções a flor da pele. Um arrepio subiu pela minha espinha quando vi no relógio do meu celular que cerca de seis minutos já tinham se passado.

Eu não tinha coragem de virar os testes pra ver o resultado, eu estava com medo. Muito medo.

Claro que pela possibilidade de ser mãe quando eu não estava nem preparada pra isso, nem em condições. Eu mal sei lidar comigo mesma, imagine com um bebê. Meu Deus!

Mas eu não poderia adiar, nem procrastinar o que precisava ser feito. Por isso fechei os olhos e virei todos os testes juntos.

E pra minha surpresa, todos positivos. Todos com dois tracinhos bem explícitos. Um deles tinha até a palavra "grávida" e isso me assustou. A primeira lágrima caiu e eu nem senti, logo em seguida uma enxurrada. Eu chorava baixinho com medo de tudo.

O CHEFE DO TRÁFICO [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora