Dia seguinte.
- Você realmente precisa ir? - olhei pra Rafa que estava arrumando as armas na bolsa pra sair pra missão com os meninos.
- Eu preciso, linda. Mas se eu pudesse eu ficava aqui com você até você não me aguentar mais. - ele se aproximou e beijou minha testa.
- Rafael... - resmunguei o abraçando. - Tome cuidado, por favor.
- Eu vou tomar. Vou voltar inteiro pra vocês. - ele beijou minha boca e eu me derreti nos braços dele. - Eu amo você. Pra caralho.
- Amo você. - passei a mão na barriga sentindo o bebê mexer e Rafael fez o mesmo.
- Ei, pivetinho do papai. - ele agachou pra falar com minha barriga. - Sossega aí com a sua mãe, cuida dela pra mim. Daqui a pouco eu volto pra vocês!
- Para de chamar de pivete, vai que seja uma menina. - ele me olhou.
- Eu sinto que é um menino. Vai ser pivete sim! - ele falou com certeza e eu ri.
- A gente vai ter certeza amanhã. - ele voltou pra perto de mim depois de levantar minha camisa e beijar minha barriga.
- Minha linda, eu preciso ir. Já tá quase na hora. - ele pegou a bolsa cheia de armas e munições.
- Por favor, Rafael, toma cuidado! - eu falei novamente e ele assentiu devagar.
- Deixa comigo, gatinha. Daqui a pouco eu volto! - sorri pra ele, deu mais um selinho e cruzei os braços vendo ele sair.
Ele abriu a porta e antes de fechar, me deu uma piscadinha e eu sorri.
Assim que a porta se fechou meu sorriso sumiu, dando lugar a ansiedade de não saber o que vai acontecer nas próximas horas. Sei que Rafael tem experiência, é treinado pra isso. Mas não deixa de ser angustiante.
Peguei o meu celular e coloquei algo na televisão pra assistir, pra tentar distrair a mente, mas não adiantou muita coisa. Por isso, eu fui para o banheiro tomar um banho e lavar os cabelos, isso era uma terapia pra mim.
Coloquei um roupão antes de sair do banheiro e enrolei uma toalha no meu cabelo. Peguei meu celular pra ver se tinha alguma mensagem de Rafael, mas não tinha nada.
Sentei na penteadeira do quarto pra secar meu cabelo e assim que estava seco, fui para o closet que já tinham todas as minhas roupas. Eu coloquei um conjunto de lingerie e um macacão curto, passei creme hidratante nos meus braços e pernas e passei um perfume.
Já não tinha muito o que fazer, se não ficar perambulando pela casa e esperando Rafael voltar. Ouvi o barulho da porta algum tempo depois e franzi o cenho sabendo que não era Rafael, até porque era cedo ainda pra ele voltar. Ou era dona Jane, ou era Ester que tinham acesso liberado pra entrar. Mas nenhuma delas me avisou que viriam por aqui.
Caminhei devagar até a sala e estava tudo apagado, não parecia ter ninguém na casa, mas a porta tava aberta e isso me fez gelar no lugar.
Voltei pro quarto rápido, tranquei a porta sabendo que algo estava errado. Eu tinha certeza que Rafael não me atenderia, por isso eu precisava pensar no que fazer pra proteger meu filho e eu. Abri o aplicativo das câmeras e voltei alguns minutos pra ver quem tinha aberto a porta.
A câmera externa mostrou um homem todo vestido de preto abrindo a fechadura eletrônica com uma ferramenta. Ele só abriu a porta e se afastou, descendo as escadas imediatamente. Não entendi nada, mas não vi mais ninguém se aproximar nos próximos minutos.
Fiquei em silêncio, corri pro closet lembrando da arma que Rafael deixava ali. Comemorei internamente por dentro vendo a arma no lugar de sempre. Verifiquei se estava carregada e destravei ela. Antes de sair do quarto deixei uma mensagem pra Felipe, pois lembro que ouvi que ele não iria pra missão porque o bebê poderia nascer a qualquer momento.
Caminhei novamente pro lado de fora devagar, com a arma na mão e o dedo no gatilho, sentindo meus músculos tensionarem. Observei tudo ao meu redor pra ver se qualquer coisa estava fora do lugar e aparentemente nada estava.
Ouvi passos vindo da direção das escada do apartamento e me escondi em um local onde eu os via mas eles não conseguiam me ver. Eram três deles, não conhecia nenhum. Mas pela cara deles e pelas armas enormes, eles estavam atrás de algo específico. Ou eu, ou Rafael.
- Aparece, Maria Eduarda. Eu sei que você tá aqui. - um deles gritou pela casa e eu fechei os olhos tremendo de medo tendo a certeza que eles vieram por mim. Mas porque?
Eu sabia que as intenções deles não eram nada boas e se eles me achassem aqui, não teriam pena.
Que merda.
- Teu namoradinho tá encrencado agora, linda. - outro falou com um tom de voz mais calmo. - É assim que ele te chama né?
- Aparece, Maria Eduarda. A gente não vai fazer nada contra ti não. - eu olhei pra arma e olhei pra minha barriga pensando no que fazer exatamente. Porque cair no papo deles eu não iria.
Eles começaram a revirar as coisas, quebrar as louças de vidro e um dos vidros pegou na minha perna fazendo um corte que logo começou a sangrar e eu me esforcei pra não fazer barulho, porque doía.
Mas não adiantou muito, porque eles derrubaram um móvel pesado bem perto de mim, fazendo um barulho alto e eu soltei um grito com o susto.
Tudo ficou um completo silêncio e eu não sabia se eles tinham me achado, por isso fiquei em silêncio até que ouvi passos na minha direção.
- Achamos você, Madu. - um deles se curvou na minha direção e eu arregalei os olhos. Minha primeira reação foi dar um chute em seu rosto mas ele desviou e pegou minha perna no ar, me arrastando até que eu estivesse na visão dos outros dois. No caminho, a arma acabou saindo da minha mão e ficou a poucos metros de mim.
- Quem são vocês e o que querem comigo? - falei olhando bem no olho do que me puxou pro meio da sala.
- Você não faz a mínima ideia de nada né? - eu neguei com a cabeça e eles riram.
- Somos do conselho, linda...
- Para de me chamar assim! - eu rosnei pra ele que agachou na minha frente e pegou no meu maxilar com força.
- Se você me deixasse terminar de falar, teria medo de falar assim. - ele soltou meu rosto com força. - Sou do conselho. Somos chefes do seu namoradinho e observamos todos os passos dele. Ele pisou na bola né?
- Não sei o que você tá querendo dizer.
- Deveria saber que odiamos qualquer um que tenha o mesmo sangue que a policia. Rafael foi contra todos os princípios pra ficar contigo e ele vai ser punido.
- Eu não sou nada disso. Não sei quem vocês são e nem o que querem comigo. Vão embora! - eu gritei e ele me puxou pra ficar de pé, pegou o celular e me mostrou uma ficha minha com detalhes da minha certidão de nascimento, minha identidade, até as minhas consultas pré natais e as ultrassons do meu bebê. Absolutamente cada detalhe meu estava nas mãos deles e isso me assustava.
- Você é exatamente isso, Madu. E Rafael traiu o conselho pra ficar com você.
- Cala a boca. - voltei ao tom normal da minha voz.
- Você vai vir conosco, por bem ou por mal. - ele pegou meu braço com força e eu tentei me desviar pra pegar a arma. Mas ele me puxou bruscamente me fazendo cair quase por cima da barriga. - Levanta porra.
Fiz um esforço pra me levantar e ele continuou me puxando. Pra que eu parasse de me debater, ele me imobilizou e levou até o elevador, indo até a garagem do prédio onde estava vazia. Fui levada pra um carro preto com vidros escuros e eles me colocaram no meio do banco de trás, entrando os outros dois um de cada lado, e o terceiro foi para o banco do carona.
Tinha um terceiro homem no volante, que me olhou com uma cara de poucos amigos e começou a dirigir rápido para fora do prédio.
Uma venda foi passada pelo meu olho e a essa altura do campeonato eu nem relutava mais, pelo bem do meu filho, por isso só fui levada a um local e tentei ao máximo ouvir a conversa deles e entender o caminho pra onde eu estava sendo conduzida.
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O CHEFE DO TRÁFICO [CONCLUÍDA]
RomanceMaria Eduarda passou uma vida difícil nas mãos dos pais. É uma jovem que sempre fez de tudo pra esconder o que vivia dentro de casa, mas quando chega Rafael, ele se sente na obrigação de proteger e tirar Maria Eduarda da casa onde ela tanto sofria...