RAFAEL.
Eram quase três da manhã e eu precisei ficar acordado resolvendo os últimos detalhes do próxima missão. E se duvidar, vai ser minha ultima missão como chefe.
Tomei essa decisão ontem quando vi meu filho naquela tela, e eu não quero que ele tenha um pai envolvido nesse meio.
Por isso decidi que ia largar tudo. Vai ser difícil sair, assim como foi difícil entrar, mas é o que eu quero e o que precisa ser feito. Porque agora com uma mulher e um filho a responsabilidade dobra e eu não posso dar bobeira. Essa vida é pra quem quer viver sozinho, porque qualquer um que se aproxima e eu demonstro sentimento já fica visado e corre risco.
E é o que eu menos quero pra minha família.
Seria difícil sair pelo fato de eles ficarem com tudo o que eu conquistei no período em que eu fiquei como chefe. Minha conta bancária, meus carros, meu apartamento, tudo! Eu falaria com Tony, ele ainda era o chefe geral e consequentemente meu chefe, apesar de me deixar fazer tudo do meu jeito.
- Rafael? - ouvi Madu me chamar do quarto.
- Oi. - eu fui até ela estranhando ela estar acordada, já que o sono dela duplicou e de madrugada ela só acordava se estivesse querendo ir no banheiro, mas era raro. - O que foi, linda? - me debrucei perto dela na cama.
- To com fome. - falou manhosa de olho fechado e eu ri. - Quero comer Kiwi... com chocolate e granulado.
- Amanhã eu compro pra você, vou fazer outra coisa pra você comer agora.
- Não! Seu filho quer comer isso agora, por favor. - ela me olhou e fez um bico.
- Não tem nada disso aqui em casa agora, Madu. - tentei argumentar mas ela continuou com o bico.
- Por favor. - eu ri da cara dela.
- Só vou comprar porque o meu filho que quer. - ela sorriu e eu beijei a boca dela. - Já volto!
- Obrigada, te amo. - ela voltou a fechar os olhos.
Peguei uma camisa, já que estava sem, e desci pelo elevador com a chave do carro na mão.
A experiência estava sendo incrível, mas eu não via a hora dessa fase passar. Madu passava mal todo santo dia, o humor alterava de cinco em cinco minutos, e essas coisas ela não fala na consulta.
Passei no primeiro mercado que vi aberto e peguei uns quinze kiwis, pra sobrar e se ela quiser comer depois, vai ter.
Peguei o chocolate e o granulado também, paguei e voltei pra casa. Eu espero muito que ela coma, porque sair tarde da noite pra comprar isso, pra no final ela não comer nem dois desses não vai pegar legal.
Cheguei em casa e coloquei tudo na mesa, dentro de uma vasilha. Ela pareceu ouvir o barulho quando eu cheguei e veio correndo pra cozinha.
- Meu Deus, eu tô salivando. E sabe uma curiosidade? Eu nem gosto de kiwi. - ela fez uma cara sofrida, mas estava feliz da vida com o banquete de kiwi na frente dela.
Me encostei na bancada e observei ela cortando uns cinco deles, pegou o chocolate e o granulado, misturou tudo e fez uma gororoba. Fiz cara de nojo pra ela e ela colocou a primeira colherada na boca, fazendo uma cara de satisfação comendo aquilo.
- Quer? - ela falou com a boca cheia.
- Não, valeu. - eu disse disfarçando minha cara de nojo, e ela continuou comendo quieta.
Pensei se aquele era o momento certo de falar pra ela sobre a minha decisão, mas não sei como ela reagiria. Madu não parecia se importar com esse tipo de coisa, mas será que ela estaria disposta a começar tudo do zero comigo? Porque eu tô disposto a qualquer coisa pra manter eles em segurança e fora de risco.
Decidi que conversaria com Tony primeiro pra ele me dizer o que fazer pra começar o processo de saída. E assim que amanhecesse eu iria em Realengo ver ele.
Madu comeu tudo e ainda colocou mais na vasilha, no fim ela comeu uns dez kiwis e eu me surpreendi.
- Esse bebê vai me engordar. Eu vou ficar uma bola se continuar comendo desse jeito. - ela se lamentou e passou a mão na barriga. - Obrigada, lindo. - ela se esticou e beijou minha boca. - Vamos deitar? Vai me deixar dormir sozinha no frio? - ela fez drama e eu ri.
- Vamos, linda. Vou só finalizar o trabalho e já vou deitar com você. - ela assentiu e foi pro quarto.
Voltei pra frente do computador mas o sono bateu quinze minutos depois, por isso eu só escovei os dentes e deitei ao lado de Madu, que estava agarrada no travesseiro com os olhos fechados, mas ainda não dormia.
- Boa noite, linda. - ela se aconchegou mais perto de mim e eu a abracei e passei a mão na barriga dela. - Boa noite, pivetinho. - falei baixinho e ela riu.
- Te amamos. - ela disse e meu peito encheu de um sentimento que até agora era estranho. Porra, essa mulher é sem igual. Sou um sortudo do caralho.
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O CHEFE DO TRÁFICO [CONCLUÍDA]
RomanceMaria Eduarda passou uma vida difícil nas mãos dos pais. É uma jovem que sempre fez de tudo pra esconder o que vivia dentro de casa, mas quando chega Rafael, ele se sente na obrigação de proteger e tirar Maria Eduarda da casa onde ela tanto sofria...