Senti Rafael sair de cima de mim e me puxar pra levantar depois de um tempo, ele abraçou meu corpo e se certificou se eu tava bem.
- A gente não tem tempo agora, mas assim que essa porra toda acabar eu te garanto que explico tudo. - só assenti e ele começou a me guiar pela casa, mesmo sem saber exatamente onde ir.
- Achei eles dois na mata, Rafael. Atirei na perna pra eles pararem de correr. - Felipe comunicou no radinho na cintura de Rafa.
- Beleza. Leva pro carro. - ele respondeu e Cauê apareceu atrás de nós, depois de ter rondado a casa.
Os homens ainda atiravam pra todo lado, mas estávamos em um ponto onde os tiros não pegavam, bem no centro da casa.
- O que a gente vai fazer? - Cauê perguntou pra Rafael que estava pensativo.
- A gente vai espera eles pararem de atirar, eles com certeza vão entrar na casa pra ter certeza de que conseguiram eliminar a gente. Felipe conseguiu sair por onde Rei saiu, mas a gente não consegue sem ser percebido. - ele começou a falar olhando pra planta da casa que achamos. Estávamos em um tipo de biblioteca que ficava bem no meio da sala. - A gente vai pra cá, tem um ponto cego que dá pra se esconder quando eles entrarem. - ele apontou pra um ponto da planta e Cauê assentiu.
Os tiros cessaram mas logo voltaram e nós corremos até uma outra sala na casa, onde tinha um corredor quase escondido. Realmente ali não teria como nos achar.
- Caralho, eu fui baleado. - Felipe falou no radinho. - Consegui segurar o Roberto mas Rei fugiu.
- Baleado aonde porra? - Cauê perguntou preocupado.
- Na costela, lado direito. - ele disse com pouca dificuldade pra respirar.
- Vai pro carro, joga Roberto na salinha do morro, quando acabar aqui eu corro pra lá. Vai pro hospital. - Rafael falou e desligou o radio pra que não fizesse mais barulho.
Cerca de dois minutos depois os tiros cessaram, ouvimos gritos dos homens dando comandos para os outros e logo em seguida ouvimos passos se aproximando. A porta se abriu, tanto da frente quanto a traseira, e eles entraram.
Nós três estávamos sentados no chão, eu estava entre as pernas de Rafael e ele me abraçava pra que eu me acalmasse. Eu ainda tremia pela adrenalina que corria nas minhas veias.
- Livre! - um homem gritou perto de nós e eu engoli em seco.
Ouvimos alguns minutos depois os carros partindo e eu pude respirar tranquila.
- Fica aqui que eu vou ver se podemos ir. - Rafael falou e eu assenti.
Eu não estava fazendo questão de falar nada, eu só queria a minha cama. Meu psicológico estava cansado, recebi informações demais hoje. E ainda não sei o que pensar sobre essas informações. Quero que Rafael me explique cara a cara, porque quero olhar nos olhos dele pra saber se ele realmente vai dizer a verdade.
Aquilo não é algo que se esconde facilmente, é assassinato. Eu sei que ele mata pessoas, faz parte do "trabalho" dele, mas matar os próprios pais? Isso é informação demais pra mim.
- Linda... - Rafael chamou e eu me levantei enxugando algumas lágrimas que eu nem percebi que caíam. - Vamos.
Ele segurou minha mão e me levou até o que já estava estacionado na frente da casa.
A viagem foi toda em silêncio, nós dois estávamos pensativos e calados. Rafael prestava atenção no trânsito e suas mãos às vezes apertavam com força o volante.
Quase uma hora depois chegamos na casa dele de Copacabana, ele pegou a arma e subimos pelo elevador.
Cauê tinha ido direto pro morro e Rafael teria que ir também pra ver a situação do meu pai e também de Felipe que foi baleado.
- Linda? - Rafael chamou assim que entramos no apartamento e eu fui andando na frente.
Me virei pra ele e respirei fundo fechando os olhos.
- Agora não, Rafael, eu preciso descansar minha mente. Quando você voltar conversamos. - falei já entendendo o que ele queria.
- Eu não vou demorar. Vou voltar pra te explicar tudo! - ele me garantiu e se aproximou de mim pegando meu rosto com as duas mãos, tentou me beijar e eu virei o rosto. - Linda, não faz assim.
- Quando você voltar a gente conversa! Agora eu só quero me recuperar e ficar deitada por um tempo.
Rafael assentiu e deu uma olhada em todos os quartos antes de sair do apartamento, me deixando sozinha. Eu amava a minha própria companhia, mas me acostumei a ter gente por perto.
Fui pro quarto dele, tomei a liberdade de tomar um banho e lavar meus cabelos com os produtos que tinha ali e em seguida coloquei uma cueca nova e uma camisa dele.
Me deitei na cama e senti meus olhos pesarem conforme eu relaxava meu corpo, mas minha mente estava a mil. Respirei fundo e fechei meus olhos com força, logo o sono veio e eu consegui dormir.
(...)
Ouvi a porta da frente abrir e levantei da cama sabendo que era Rafa. Fui até o banheiro, lavei o rosto, prendi meus cabelos em um coque e saí indo pra sala.Rafael estava sentado no sofá desamarrando os tênis, eu andei até sua frente e cruzei meus braços.
- Você não sabe o alívio que é ter você aqui de novo. - ele me abraçou pela cintura, colocando a cabeça na minha barriga. - Foi desesperador não saber o que fazer! Eu fiquei desnorteado.
- Mas você soube o que fazer, você me tirou de lá. - fiz um carinho leve nos cabelos dele.
- Mas me perdoa por não ter entrado em casa com você, se eu não estivesse com pressa de ir pro Cauê, talvez nada disso teria acontecido.
- Para de se culpar, Rafael. Não é culpa sua, nada disso. - me agachei á sua altura e peguei seu rosto com as mãos e com meu polegar fiz carinho.
- Porra, seu pai tá lá no morro e eu não faço a mínima ideia do que fazer com ele. Não posso simplesmente matar, porque ele é conhecido, vai fazer falta nas delegacias. E você é filha dele, não posso matar teu pai.
- Eu agora não me importo. Ele é sujo, e como você mesmo disse, deveria ter matado ele na primeira oportunidade.
- Você tem certeza disso? É seu pai.
- Tenho certeza absoluta. Não me importo. - ele assentiu devagar e fechou os olhos sentindo o carinho.
- Os jornais estavam certos. - ele confirmou e eu travei. - Não cem por cento, mas estavam certos.
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O CHEFE DO TRÁFICO [CONCLUÍDA]
DragosteMaria Eduarda passou uma vida difícil nas mãos dos pais. É uma jovem que sempre fez de tudo pra esconder o que vivia dentro de casa, mas quando chega Rafael, ele se sente na obrigação de proteger e tirar Maria Eduarda da casa onde ela tanto sofria...