Capitulo 37

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MARIA EDUARDA - 31 de dezembro

Chegamos na praia nove da noite e procuramos logo um lugar pra sentar, Ester estava com os pés doendo então foi por causa dela que fomos atrás de uma mesa.

Logo nos acomodamos, todos estavam felizes e empolgados pra virada do ano. Eu estava com um conjunto curtinho branco, uma sandália dourada e uma maquiagem leve, já que estávamos na praia.

Tinha pouca gente por ser uma praia mais reservada, mas ainda sim estava quase lotado. Sentei no colo de Rafael e ele colocou a mão na minha perna, como de costume.

Eu estava pensando no meu ano, nos altos e baixos que vivi e de certa forma eu era grata por tudo o que passei na mão dos meus pais, porque me fortaleceu muito. Só desejo que eles melhorem como pessoas.

- Tá feliz, princesa? - Rafa perguntou no meu ouvido.

- Impossível não estar. Obrigada por isso. - ele sorriu e selou nossas bocas.

Ficamos ali conversando e bebendo, Ester e Rafa eram os únicos que bebiam suco, o restante estava na cerveja. Eu estava explodindo de felicidade, não cabiam em palavras o tanto que eu estava feliz.

Faltando dez minutos pra virar o ano, nós ficamos de pé, as pessoas estavam agitadas, tinham crianças correndo pela areia. Rafael se posicionou atrás de mim e abraçou minha cintura por trás, beijou o topo da minha cabeça e suspirou.

- Obrigado por fazer meu ano melhor. - ele disse baixinho bem perto de mim. - Você é incrível, uma mulher foda, e eu sou louco por ti, princesa.

Cinco minutos.

- Você é perfeito, Rafa. Apareceu na minha vida e eu só tenho a agradecer. Obrigada por tudo. - ele afundou o nariz no meu pescoço.

- Pretendo ficar na tua vida até que tu não me queira mais. - ele falou e eu ri.

- Esse dia não vai chegar. - ele beijou meu pescoço carinhosamente e nós ficamos olhando o céu aguardando os fogos.

Um minuto.

Entrelacei minhas mãos nas mãos dele e assim começou a contagem regressiva.

- FELIZ ANO NOVO! - todos disseram juntos assim que acabou a contagem regressiva.

Sorri e tentei me virar pra beijar Rafael, mas ele me impediu e cutucou minha cintura com uma das mãos. Olhei pra baixo me surpreendendo, vendo o par de alianças finas e prateadas na caixinha de veludo preta.

- Eu quero começar o ano assim, linda. Eu só quero você, quero estar só contigo porque tu alegra minha vida. Quero que tu seja minha por inteiro e da forma certa, quero que tu seja meu primeiro e ultimo beijo de todos os anos daqui pra frente. Sei que é um risco a se correr, ficar comigo não é fácil. Mas eu quero me comprometer a estar contigo em todos os momentos e te proteger acima de qualquer coisa. Fica comigo, linda? Pra sempre? - ele falou baixinho no meu ouvido.

Eramos só nós dois na nossa bolha, acho que não tinha ninguém prestando atenção em nós e eu tinha certeza do que queria. Meus olhos estavam encharcados e eu me segurei pra não chorar.

- Sim, com certeza sim! - falei e ele colocou a aliança no meu dedo e eu coloquei no dedo dele. - Pra sempre!

Nos beijamos com o barulho dos fogos no fundo e agora como namorados.

Rafael me beijou pacientemente, como se todo o tempo do mundo fosse nosso. Ele separou nossos lábios e olhou nos meus olhos. Isso significava muita coisa pra mim, seus olhos diziam muito mais do que sua boca, havia realização neles e um brilho diferente.

- Porra, finalmente minha mulher. - ele falou e eu ri beijando ele de novo.

Os braços dele passaram pela minha cintura e me abraçou apertado enquanto minha cabeça tava em seu peito.

- Feliz ano novo, lindo.

- Feliz ano novo, princesa. - senti ele sorrindo, mesmo sem poder ver.

(...)

Nos recolhemos pra casa quando começou a ameaçar chover, já eram quase quatro da manhã. Cada um foi pro seu quarto, mas Cauê ficou na praia pra amanhecer e tomar banho de chuva já que estava sem sono.

As duas meninas que vieram com ele foram embora antes de irmos pra praia ontem, depois de eu ter me juntado a Rafael, elas finalmente entenderam que ele não ia dar moral pra elas e desistiram de azucrinar minha vida e a dele também.

Eu e Rafa dormimos agarradinhos, estava frio e clima chuvoso, foi o tempo perfeito pra ficarmos na cama. Mas me levantei quase nove e deixei ele dormindo, tomei um banho pra lavar a alma como sempre fazia em 1° de janeiro. Desci as escadas e Ester já estava na cozinha preparando o café. Me ofereci pra ajudar e ela aceitou. Peguei os ovos que ela ia fritar e comecei a mexer na panela enquanto conversávamos.

- Vocês já sabem o sexo? - perguntei quando ela entrou nesse assunto do bebê.

- Ainda não, queremos saber só quando nascer. Meu instinto de mãe diz que é uma menina, mas posso estar errada. Felipe tem certeza que é um menino, conversa com minha barriga e chama de "ele" o tempo todo.

- E qual é a sensação? - perguntei curiosa.

- É tudo novo, mas é incrível sentir que tem outro ser crescendo dentro de mim. Ás vezes tenho a sensação de sentir esmagando meus órgãos, mas é recompensador quando sinto o chutinho. - ela sorri orgulhosa. - Tudo aconteceu muito rápido, e ter o apoio de Felipe foi o que me motivou, porque eu não sabia o que fazer e hoje não me arrependo nem um pouco.

- Eu imagino que deve ter sido difícil imaginar não ter o apoio do pai do bebê. Eu estava lá no momento depois de você ter contado pra ele, eu vi o desespero dele, mas ao mesmo tempo a felicidade. Felipe vai ser um bom pai e você vai ser uma boa mãe. - ela sorriu pra mim e eu retribui.

Coloquei os ovos fritos numa vasilha e levei pra mesa. Cortei algumas frutas também, enquanto Ester fazia um suco de laranja e em seguida também coloquei o café preto na mesa.

O primeiro a descer foi Felipe com a cara amassada, ele beijou a mulher e fez carinho na barriga dela, em seguida beijou minha cabeça também. Minutos depois Rafael desceu mexendo no celular, veio até mim e deixou um beijo na minha cabeça, sentando do meu lado na mesa.

- Bom dia, família. Um ano incrível pra nós. - Felipe falou antes de começar a se servir. - E Cauê?

- Teve que voltar, deu BO na Rocinha. - Rafael falou e pegou sua xícara e serviu com café.

- O que rolou? - Felipe perguntou mas Rafa olhou pra ele, e ele logo assentiu. - Entendi.

- Mas ele disse que consegue dar conta, então foi sozinho, mas eu avisei que qualquer coisa a gente cola lá.

- Isso aí, irmão.

O CHEFE DO TRÁFICO [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora