Capítulo 9

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RAFAEL DIAS - Sexta feira.

Sair com Maria Eduarda foi até bom, não vou negar que a menina tem um papo bom, e um beijo que nem vou tocar no assunto pra não ficar de pau duro como fiquei no carro, parecendo um adolescente.

"Derrubaram o Cauê" - foi a mensagem que recebi quando estava conversando no restaurante. Logo em seguida uma ligação de Felipe que precisei atender do lado de fora.

- O que foi que aconteceu, caralho? Era só pra roubar e vazar, o que saiu do plano? - passei a mão na cabeça.

- Eles já estavam esperando, porra. Tinha infiltrado nessa missão. Os moleques conseguiram atirar pra cima da PM, derrubaram maioria. Mas alguns dos nossos foram atingidos também, Cauê foi o mais grave porque tava na linha de frente. Levou dois tiros, um no peito e um no ombro. Tô com ele aqui no postinho na Rocinha. - ele falou explicando toda a situação.

- Beleza, eu já vou colar com vocês. - desliguei o telefone, paguei a conta do restaurante e levei Maria pra casa.

Não posso mentir e dizer que aquele beijo não mexeu com meu psicológico, porque mexeu, minha cabeça que antes estava lá em Cauê agora estava com esse bendito beijo na cabeça. Deixei que ela me beijasse primeiro pra que a culpa depois de tudo isso fosse menor.

Na mesma velocidade que cheguei na casa de Maria Eduarda, fui até a Rocinha. Cheguei direto no postinho e já vi Felipe sentado em um banco na recepção.

- E aí, cara. - ele disse preocupado.

- E aí! Já tem notícias? - fiz toque com ele e me sentei ao seu lado.

- Teve que ir pra cirurgia pra tirar as balas. O médico disse que a cirurgia é de risco, e até agora não falou mais nada, ele já tá há alguns minutos na sala.

- Espero que dê certo. - suspirei cansado.

- Cauê não é doido de deixar a gente aqui não. - rimos mesmo preocupados.

Eu sabia que Felipe estava certo, Cauê pode ter errado o quanto for, mas ele ainda era meu irmão. Pensar na possibilidade de perder ele me deixava meio pra baixo.

- Tem ideia de quem poderia ser o infiltrado? - perguntei olhando pra minhas mãos.

- Não consigo pensar em ninguém, todos ali eram de confiança, ou pelo menos a gente acha que são. Nenhum deles teria motivação pra trair Cauê.

- Fica de olho nisso pra mim, chama de um por um pra dizer o que rolou, tenta achar brechas. Porque esse filho da puta tem que aparecer. - ele assentiu. - Você vai ficar responsável pelo morro na ausência de Cauê. Eu poderia colocar outro no lugar, mas ninguém é confiável.

- Tem razão, pode deixar comigo.

Ficamos em silêncio nos próximos minutos, aguardando uma mínima notícia de Cauê. Cerca de duas horas se passaram e logo vimos um médico vindo na nossa direção, imaginei que seria o médico que estava operando na cirurgia.

- Familires de Cauê Santos? - ele leu em uma prancheta o nome e passeou os olhos pela recepção.

- Aqui. - Felipe levantou a mão.

- Podem me acompanhar, por favor. - seguimos ele pelo corredor extenso até uma sala. - Sentem-se. - nos sentamos e logo ele pegou alguns papéis. - O caso de Cauê foi um pouco delicado, mas a cirurgia ocorreu perfeitamente, removemos as balas, controlamos o sangramento, mas ele precisa repor o sangue que perdeu. O posto tem um banco de doação que podemos utilizar o sangue necessário, mas vai precisar ser colocado no lugar, por isso precisamos de doadores. - ele explicou e eu concordei. - Ele está em observação nesse momento, fora de risco e em breve deve acordar. Ele vai precisar de um acompanhante essa noite, algum de vocês podem ficar, ou vão chamar outra pessoa?

- Eu fico. - falei antes de Felipe que já tinha se preparado pra falar.

- Tem certeza? - Felipe perguntou.

- Tenho cara, vai descansar e amanhã você volta por aqui.

Ele assentiu, fez toque comigo, agradeceu o médico, eu fiz o mesmo. O médico me levou até o quarto onde ele estava apagado.

- Doutor, teria como me mostrar as balas que tiraram dele? - perguntei antes do doutor sair da sala.

- Eu ia levar pra balística, mas vou separar pra você. Amanhã trago aqui.

- Valeu. - ele assentiu e se retirou me deixando sozinho no quarto com Cauê. - É irmão, não foi dessa vez, e nem vai ser em vez nenhuma.

O único barulho no quarto era do aparelho de batimentos cardíacos e a minha respiração. Sentei no sofá ao lado da maca, puxei o celular e eu esperava ter uma mensagem de Maria Eduarda, mas não tinha.

Eu poderia mandar algo, mas estava sem cabeça pra nada. Minha mente estava cansada demais, exausta.

Desisti de mandar, só apaguei e fui fazer outras coisas no celular, amanhã mandaria algo como havia falado. Assim como eu criei expectativa, deixaria com que ela criasse também.

O CHEFE DO TRÁFICO [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora