Capitulo 4

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MARIA EDUARDA - Domingo

Acordei com o sol bem no meu rosto, tentei aos poucos abrir meus olhos mas estava difícil.

Minha cabeça dói quando flashes da noite anterior invadem minha mente. A bebida batizada, Lucas tentando se aproximar, meu desmaio por causa da bebida. E na minha memória não tem nada após o meu desmaio, eu simplesmente apaguei.

Olho ao meu redor e me assusto. Que lugar é esse?

Era um quarto muito sofisticado, uma cama quentinha e eu estava vestida com roupas completamente desconhecida, era uma camisa branca lisa que batia nos meus joelhos.

Nos meus pés tinham só um lado do meu salto e...

Não... não, não, não.

Meus pais vão acabar comigo. Era pra eu ter ido pra casa à meia-noite, e meu carro?

Me levantei tirando o salto e caminhei até a porta devagar tentando me equilibrar, abri lentamente a porta mas ela estava trancada.

Não tem como piorar?

Forcei mais algumas vezes antes de colocar meu ouvido na porta pra tentar ouvir alguma coisa, não tinha barulho nenhum do outro lado da porta. Será que eu estava sozinha na casa?

Dei três batidas leves na porta, esperei alguns minutos e não obtive nenhuma resposta. Bati de novo mais forte e novamente, nada.

Me abaixei pra olhar a fresta embaixo da porta e não via nada, nenhum movimento sequer.

Gelei quando vi uma sombra passar bem na frente e parar perto da porta, ouvi o barulho da fechadura e me afastei da porta com medo de ser alguém ruim, querendo meu mal. Será que eu fui sequestrada?

- Acordou, Cinderela. - o homem do outro lado da porta falou antes de abrir e revelar quem era.

Eu nunca vi esse cara na vida, nunca mesmo. Tentei puxar na minha memória que já o tinha visto na faculdade, ou se ele estava na festa de ontem. Mas em nenhuma das minhas memórias consigo visualizar ele.

- Quem é você? - perguntei e me xinguei por minha voz ter saído tão baixo e frágil. Odeio transparecer nervosismo. - E... e Lucas?

- Prazer, Rafael. - ele estendeu a mão mas eu não apertei. - Lucas? Não conheço.

- Ele que batizou minha bebida, ele é o culpado por eu ter vindo parar aqui. - falei baixo. - Porque me trancou, Rafael? - o questionei o chamando debochadamente pelo nome que ele acabou de me falar. Nem sei se esse é realmente o nome dele.

- Pra você não fugir e me denunciar por sequestro. - ele disse e deu de ombros. - Mas me diz, qual teu nome?

- Você não precisa saber meu nome. - ele riu de lado e concordou. - Que horas são? E porque eu to aqui? Porque me trouxe pra cá?

- Ah, desculpa. Eu estava na festa de ontem e vi você desmaiada em um canto, sabia que era um perigo você ficar ali e te trouxe pra cá, você estava sem nada que identificasse, por isso não tive muita escolha. E são quase duas da tarde.

- DUAS DA TARDE? - gritei. - Merda, cadê meu celular? Eu preciso ir pra casa.

- Seu celular não tava com você quando te encontrei. - ele pontuou e saiu do quarto.

- Ei, espera. Me empresta o seu celular, eu vou só pedir um uber. Eu realmente preciso voltar pra casa, por favor! - quase supliquei temendo o que me esperava quando eu chegasse.

- Claro. - ele estendeu o celular pra mim e saiu de perto. - Pode pedir no meu cartão, não tem problema.

Abri o aplicativo do uber e digitei o meu endereço, mesmo sabendo que ele pode olhar o extrato e descobrir onde eu moro, mas eu não me importei com isso no momento.

- Eu até poderia te levar, mas tenho algumas coisas pra resolver. - ele diz quando eu chego até a sala onde ele estava. Sentado relaxado jogando videogame na televisão.

- O que aconteceu comigo antes de você ter me encontrado? - ousei perguntar.

- Eu não sei, mas quando te achei você estava desacordada. Achei errado te deixar lá vulnerável a qualquer louco pervertido.

- E porque estou com suas roupas?

- Você faz muita pergunta, Cinderela. Mas coloquei minha blusa porque seu vestido estava curto demais e aparecendo tudo.

- Pelo menos você não é um pervertido. - eu o olhei e ele riu sacana.

- Não garanto nada.

O uber que eu havia pedido tinha acabado de chegar e eu o entreguei o celular. Tirei a camisa que ele colocou em mim, ele permaneceu com os olhos grudados em meus movimentos mas não falou nada.

- Obrigada por ter me trago pra cá, eu acho que te devo uma. - ele assentiu e se levantou.

- Te levo até a porta. - cavalheiro eu diria.

Só agora com seus movimentos percebi as milhares de tatuagens espalhadas pelo seu corpo, sobravam pouquíssimos espaços em branco em sua pele, as tatuagens iam sumindo pra dentro da camisa de mangas curtas branca, quase igual a que eu estava usando.

Desci o elevador até o local onde o motorista já me aguardava e fui pra casa, o transito estava melhor do que eu imaginei. Cerca de meia hora depois cheguei em casa, tensa pelo que me esperava. Meus pais são difíceis, controladores.

Dei graças a Deus por ver meu carro na garagem, com certeza Clara trouxe pra mim.

Respirei fundo antes de entrar em casa, assim que coloquei meus pés pra dentro, dei de cara com meus pais sentados no sofá quase arrancando os cabelos da cabeça. Clara também estava ali, seus olhos estavam inchados como se estivesse chorando há pouco tempo.

- Porra, Maria Eduarda, onde você tava? - meu pai gritou sem nem me esperar bater a porta atrás de mim, e a passos apressados ficou de frente pra mim e apertou meus braços com uma força descontrolada. - Você ficou maluca? Sobe pro seu quarto agora, vamos conversar.

- Pai, eu... - tentei me justificar.

- Cala a porra da sua boca, vagabunda. Vai pro seu quarto. - ele apontou para as escadas e eu caminhei. Olhei pra Clara e ela me lançou um olhar de desculpas, apenas assenti sorrindo levemente. - Vai pra casa, Clara. Pode deixar que eu e Flávia vamos resolver com a Maria Eduarda.

Foi a ultima coisa que eu ouvi antes de subir e deitar na minha cama esperando a surra vir.

O CHEFE DO TRÁFICO [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora